A importância de Edenilson para o meio-campo do Inter não é novidade. Quando o volante vai mal, a equipe tem problemas. Foi assim no Rio de Janeiro, quando o camisa 8 sentiu uma lesão muscular no começo do jogo, permaneceu em campo, fez uma de suas piores atuações pelo clube e o Inter foi derrotado por 2 a 1 – levando dois gols até os 48 minutos de partida. Agora, com a possibilidade de preservação de Edenilson diante do Bahia no Beira-Rio, o técnico Odair Hellmann deverá armar o time com Nonato e Patrick no setor.
Como parceiros de meio-campo, Patrick e Nonato não têm grande rodagem juntos. Atuaram lado a lado durante todo o segundo tempo contra o Vasco, quando a equipe teve boa atuação, mas insuficiente para marcar dois gols. Antes disto, conviveram no mesmo meio-campo por poucos minutos. Não raro, a troca de Odair é Nonato por Patrick ou vice-versa. No recente 2 a 2 com o River Plate, no Monumental de Núñez, Nonato começou a partida, enquanto que Patrick foi a campo somente aos 42 minutos da etapa final, substituindo justamente o novato meia.
Na prática, Nonato e Patrick têm apenas 124 minutos atuando juntos no Inter. Como Martín Sarrafiore perdeu espaço para Guilherme Parede, sem Edenilson, Nonato deverá atuar pela direita, tendo Patrick do lado esquerdo diante do Bahia de Roger Machado.
— A configuração deste Inter 2.0 que está sendo preparado para construir o jogo com mais passes, pelo chão, e ficando mais com a bola, não sofrerá prejuízos com a entrada de Patrick no lugar de Edenilson. Patrick é um condutor de bola, mas a chave deste modelo é a participação de Nonato, ligando o time com passes e indo além da linha da bola. O grande ponto fraco do Inter, desde o ano passado, é quando joga sem alguém dando profundidade, sendo a referência, o pivô do time, essa é a chave da estrutura do Inter e que pode fazer muita falta. O time de Odair precisa de um pivô para seguir estruturando o modelo de jogo que está pretendendo evoluir — entende Eduardo Dias, analista de desempenho da iniciativa Footure.
No jogo que marcará a última rodada do Campeonato Brasileiro antes do recesso para a disputa da Copa América, vencer o Bahia é fundamental, sob pena de passar mais de um mês mais distante do G-4 – sem falar no Palmeiras, que surge como inalcançável no momento, ainda mais para um time que tem somado tão poucos pontos fora de casa neste Brasilerão. Assim, se espera um Inter ofensivo contra um Bahia que é uma das sensações da competição e que está à frente dos colorados na classificação.
Caso Odair Hellmann siga o seu protocolo de montagem de time, sem Edenilson, Nonato e Patrick deverão atuar juntos uma vez mais – por enquanto, atuaram ao menos em um tempo de jogo diante de Vasco e de Avenida.
— Edenilson vem sendo, junto com Guerrero, o melhor jogador do time nos últimos meses. Tem se apresentado como um controlador do jogo, capaz de armar de trás, uma característica que ainda não reconhecia nele. Com Nonato vindo de trás ou mesmo com Patrick mais recuado, o Inter perde em controle das ações. Edenilson chama a responsabilidade para si e realmente resolve os problemas de um time que, desde a saída de Aránguiz, se ressentia de um volante-armador — aponta Vinícius Fernandes, analista do Footure.
Com o natural retorno de D'Alessandro para o jogo em casa, mas ainda sem Paolo Guerrero, que serve à seleção peruana, a tendência é que o Inter mantenha Rafael Sobis e Nico López como os jogadores mais ofensivos.
— A opção estratégica de não usar o Gauchão para desenvolver jogadores está cobrando o preço agora, Sarrafiore precisa de minutos, mas o cenário é muito mais hostil, jogará menos, por jogar menos não desenvolverá o seu potencial. Bem, o desafio do Inter em casa é manter o que está dando certo, pode parecer simples, mas a tentação de mudar o modelo sem a presença de Guerrero é a maior armadilha. O jogo é grande, o Bahia de Roger para quem não o viu ainda, vai esperar o Inter no seu campo para sair rápido e de forma vertical, mas como característica do seu técnico, variando o lado, com muito passe e movimentação — alerta Eduardo Dias.
Para Fernandes, a opção de Odair por Nonato e Patrick em vez de Sarrafiore se deve ao fator marcação:
— Diferentemente dos outros times que Roger Machado treinou, o Bahia é uma equipe reativa, que justamente gosta de ser atacada para explorar as costas dos pontas e extremas. Em um jogo de alta velocidade, sempre temo pela pouca intensidade de Sarrafiore para recompor.
O Bahia é a última fronteira entre o Inter e a chance de conquistas relevantes no segundo semestre que se avizinha. Logo, seria bom para os colorados entrar em recesso com uma vitória convincente em casa.