A direção do Inter apresentou à imprensa a manhã desta quarta-feira (19), no Beira-Rio, um resumo do balanço financeiro do primeiro quadrimestre do clube em 2019. Ainda que os números assustem, o quadro é bem menos nebuloso do que parece, segundo os dirigentes. Até abril, o clube contou com um déficit de R$ 33 milhões. Até o final do ano, porém, a esperança é de fechar a temporada com um déficit de R$ 12 milhões. Caso o time vá bem em campo e conquiste a milionária Copa do Brasil (ou até mesmo que fique com o vice-campeonato), por exemplo, o que é prejuízo se tornará superávit.
Se não chega a ser algo animador, ao menos é um número bem melhor do que o déficit acumulado no primeiro ano da gestão Marcelo Medeiros: R$ 62,5 milhões — depois de receber o clube em séria crise institucional e financeira, além de estar na Série B. Em 2018, o déficit foi de R$ 9,5 milhões.
— Desde 2017, sabíamos que não seria fácil, nem que este déficit seria resolvido em curto prazo. Mas estamos melhorando. Continuamos a acreditar. O déficit de R$ 33 milhões foi melhor do que imaginávamos, mas não nos permite descansar. Precisamos encontrar este equilíbrio no médio e longo prazo. Ter um déficit de R$ 33 milhões não nos deixa tranquilos em um quadrimestre, mas sinaliza que para o ano temos a possibilidade de cumprir com o que orçamos. Buscamos o equilíbrio permanentemente. A situação é difícil, mas vemos evolução — disse o diretor-executivo de finanças do Inter, Giovane Zanardo.
O desempenho do time de Odair Hellmann poderá seguir salvando as finanças do clube. Ocorre que as verbas da TV pesam neste resultado final. No passado, o Inter recebia R$ 100 milhões ao ano pelo televisionamento de seus jogos, e este valor era repassado de forma homogênea ao longo do ano. No contrato atual, porém, se prevê 40% fixo, com 60% em variáveis, como vendas de pay-per-view e prêmios em competições, o que tem vinculação direta com os bons resultados e com o interesse que o time desperta dos telespectadores. O Inter trabalha com uma importância na casa dos R$ 140 milhões — sendo que R$ 100 milhões serão recebidos de maio a dezembro.
Um valor fundamental para a saúde financeira do Inter é o da venda de jogadores. O clube tem orçado para 2019 arrecadações de R$ 74 milhões em negociações — sejam vendas de seus atuais atletas ou através do mecanismo de solidariedade, recebendo por jogadores que foram seus e que acabaram sendo negociados por outros clubes, como a saída do goleiro Alisson da Roma para o Liverpool.
O lateral-esquerdo Iago será responsável pelo novo aporte, uma vez que a sua transação para o futebol alemão está em fase final de acordo. Além disso, o Inter conta com os R$ 6,5 milhões mensais relativos ao seu quadro social, e ao número recorde de 120 mil associados — e 14% de inadimplência, o menor, da história do clube.
Sobre a dívida do clube, os dirigentes lembraram que o valor foi contabilizado em R$ 668 milhões. Porém, o clube alega que 47,2% deste passivo diz respeito à parceira BRio.
— O Inter aparece como um dos que mais deve. É verdade? É verdade, mas aí você precisa ver o líquido: R$ 357 milhões. Como pagamos a BRio? Cedemos espaços para explorar no estádio por 20 anos. A receita que ela faz com o espaço paga a dívida que ela mesma fez para remodelar o estádio. Esta dívida pagaremos de braços cruzados. Não há risco. Se a Brio deixar de lucrar, não gera ônus ao Inter. Minha dívida é de R$ 357 milhões — afirmou Giovane Zanardo.