Apesar de estar à frente do Inter há mais de um ano, Odair Hellmann viverá uma noite especial nesta quarta-feira (6). Quando o time entrar no gramado do Estádio San Carlos de Apoquindo, em Santiago, para enfrentar o Palestino, o treinador estará disputando sua primeira Libertadores. Por isso, nada melhor do que ouvir dicas de quem já tem experiência nesta competição.
— O técnico tem suas convicções e tem que trabalhar em cima disso. Se ele foi escolhido como técnico, fez um grande Campeonato Brasileiro, tem que ir em cima de suas convicções. Ele conhece o time muito melhor que a gente e tem que pôr em prática o que ele faz no dia a dia — diz Muricy Ramalho.
E entre as convicções de Odair parece estar a manutenção de uma equipe sem D'Alessandro. Camisa 10 e capitão da equipe na última década, o argentino vem ficando no banco de reservas em inúmeros jogos desde o ano passado. E assim deve acontecer nesta quarta, no Chile.
— É difícil opinar de longe sobre o time. O dia a dia faz a diferença. O D'Alessandro é um jogador diferente e faz falta porque tem experiência, tem toque refinado, mas o treinador está no dia a dia e sabe o que faz — defende Muricy, que logo completa — Até por não ter começado bem o Campeonato Gaúcho, vai sofrer pressão mesmo, mas tem que se reinventar toda hora, buscar alternativas no time.
Aos 63 anos, Muricy atua hoje como comentarista do SporTV. Tricampeão brasileiro com o São Paulo de 2006 a 2008, campeão nacional com o Fluminense em 2010, Muricy sentiu o gostinho de ser campeão da América com o Santos em 2011. Porém, nas vezes em que trabalhou no Beira-Rio, em 2003 e 2005, não teve a oportunidade que Odair terá: de disputar uma Libertadores.
— Era um pouco diferente, porque na minha época o problema era mais de estrutura. O Inter vinha brigando para não cair, teve que fazer uma reestruturação muito difícil. A gente não tinha a parte econômica para reconstruir o time, então tivemos que buscar os jogadores na base e, pouco a pouco, fomos arrumando a estrutura. Agora está um pouco diferente. O Inter vem de uma Segunda Divisão, mas com uma estrutura melhor. Recuperou-se bem no Brasileirão, mas a gente sabe que em time grande como é o Inter, a exigência é sempre enorme — comenta ele.
Integrante do Grupo A, além do Palestino, adversário da estreia no Chile, o Colorado ainda terá pela frente outros dois adversários: Alianza Lima, do Peru, e o atual campeão River Plate, da Argentina. Para Muricy, um grupo difícil mas que deve ser superado pelos comandados de Odair.
— É um grupo complicado, mas os favoritos são Inter e River. Claro que o Palestino surpreendeu, e tem o Alianza, que é peruano e faz tempo que um time peruano não tem boa atuação na Libertadores. O Inter se preparou bem, fez várias contratações, não começou bem o Gauchão, é verdade, mas nas últimas rodadas até teve um bom futebol e tem chances nesta primeira fase — avalia Muricy.