Do jeito que o Gre-Nal se apresentou a partir da expulsão de Nonato, com meia hora do primeiro tempo, o Inter saiu da Arena de certa forma satisfeito. Apesar da derrota no clássico, que nem deve mudar a segunda fase do Gauchão (basta, para isso, vencer o Novo Hamburgo em casa na última rodada), os colorados deixaram a casa gremista com discurso afinado: defesa do jovem jogador que levou cartão vermelho, elogios à atuação do segundo tempo, com um homem a menos, e reafirmação na força do grupo.
Nonato desceu para o vestiário abalado. Do momento em que viu Anderson Daronco abrir o bolso do calção e excluí-lo do jogo, o jogador de 21 anos, que estreou em Gre-Nal no time principal, foi abraçado por Pedro Lucas até a saída do gramado. Teve de ir para o exame antidoping e só encontrou os companheiros depois.
Odair também tratou de isentar Nonato, que recebeu um abraço de seu amigo Matheus Henrique, justamente o jogador envolvido no lance de sua expulsão. Afirmou que vai conversar com o jogador nesta segunda-feira (18). Não haverá uma cobrança mais forte. A ideia é mostrar os lances e avaliar as faltas. A primeira, que gerou o cartão amarelo, até foi contestada. E o treinador criticou Daronco:
— Daronco já foi mais humilde. Está difícil conversar com ele. Alguns personagens, quando chegam na montanha, só tem a ladeira para cair. Sobre a falta, acho que a primeira não precisava ter dado cartão.
Nonato à parte, o Inter avaliou ter feito um bom segundo tempo, quando chegou a assustar o Grêmio.
A chance de Tréllez, que ficou frente a frente com Brenno, mas preferiu passar a bola a um companheiro na área em vez de chutar a gol, foi lamentada. O lance foi a melhor oportunidade colorada para igualar o placar.
— A gente se impôs dentro de campo. Criamos chances de gol com cobranças de falta e escanteio, mas a bola não entrou — comentou o goleiro Daniel.
Camilo concordou:
— Fomos guerreiros. Desde os 30 minutos do segundo tempo com um jogador a menos, não é fácil. Soubemos nos comportar bem, chegamos no gol do Grêmio algumas vezes, mas não tivemos êxito.
Sobre o time reserva do Grêmio, Odair garantiu não ter sido surpreendido. Até brincou com o repórter André Silva, da Rádio Gaúcha, na entrevista coletiva.
— Sabíamos o time que eles colocariam. Tu não tens tuas fontes? Eu também tenho as minhas — disse, rindo.
Para a sequência do Gauchão, o Inter, possivelmente, adotará um rodízio de jogadores. O "protesto" pela punição de Nico limitou-se, mesmo, ao Gre-Nal. Contra o Novo Hamburgo, a tendência é de titulares, ainda mais que precisará vencer para não depender do São Luiz para ficar pelo menos em terceiro lugar – e assim forçar um novo clássico em uma eventual final.
— Não teremos mais folga na semana até a final, se chegarmos lá. Por Gauchão ou Libertadores, teremos jogo quarta e domingo. Até por isso, era importante dar experiência aos jogadores.
O fôlego da Libertadores parece ter resistido à derrota do Gre-Nal. Ao menos no discurso externo.
