O Inter apresentou seu elenco oficialmente nesta quinta-feira (3) e começou seus trabalhos de pré-temporada para 2019, ano em que volta a disputar uma Libertadores. Na apresentação, o presidente Marcelo Medeiros afirmou: "Vamos agora brigar por todas as competições, por todos os títulos".
O discurso é motivacional e assertivo, mas a realidade é que o Inter tem um grupo inchado de 35 jogadores e desequilibrado. Faltam contratações específicas (lateral-direito, centroavante, zagueiro e primeiro volante, por exemplo) e há pouco dinheiro para trazer nomes consagrados.
A questão então é: como Odair Hellmann pode montar um 11 competitivo aproveitando as melhores características dos jogadores? Se 2018 foi uma etapa de afirmação de ideias, conceitos e comportamentos, em 2019 precisará de audácia para dar um passo adiante e disputar títulos.
As plataformas táticas mais usadas pelo Colorado no Brasileirão foram o 4-3-3, o 4-1-4-1 e o 4-1-3-2 (ou 4-4-2 diamante, como é chamado por alguns). Independentemente desses números todos, o que se afirmou foi um modelo de jogo baseado nas transições rápidas, na imposição física e verticalidade ofensiva. Pelas contratações até aqui, a tendência é a manutenção desse modelo.
Variações táticas
Vamos então a um exercício de projeção de prováveis escalações coloradas dentro dessas plataformas e desse modelo de jogo. Montado no 4-1-4-1, com Dourado de "pivote" e uma linha de meio-campo com Nico López, Patrick, D'Alessandro e Pottker. A questão é: quem será o centroavante?
Nesta figura, o Inter precisa ou de um 9 de imposição física que segure zagueiros para gerar aquela "segunda bola" a quem vem pelo meio, ou de alguém que faça o falso 9, com muita mobilidade e abrindo espaços para infiltrações dos jogadores do meio.
Um suposto Inter alternativo, para competições de menor prioridade durante o ano, pode ser um time competitivo jogando no 4-2-3-1. Uma linha com Gabriel Dias e Rithely pode ser um inicio de construção promissor, tendo a Neílton de meia-armador e dois extremos construtores como Wellington Silva e Parede.
O time ideal e o time ousado
Com todos os jogadores disponíveis e em boas condições físicas e técnicas, o time no 4-3-3 teria apenas uma dúvida: quem seria o lateral-direito? Fora isso, uma linha de meias defensivos de bom desarme e condução: Dourado, Patrick e Edenílson. Na frente, Nico e Neílton na criação e infiltração, com Guerrero de referência.
Muito parecido com o Inter de 2018, mas com a qualificação de Neílton e sua polivalência e um centroavante de hierarquia para romper as defesas mais fechadas da América. Não é um time para cravar favoritismo, mas pode, sim, surpreender e ser muito competitivo.
Agora, se Odair quiser ousar e fazer um time mais propositivo e que crie mais chances através da posse, ele pode montar o Inter no 3-4-3. Ano passado, nesta mesma altura, eu fiz um estudo profundo e propus isso para o Colorado. Esta plataforma é a que permite mais conexões entre os jogadores, transformando o time naturalmente em mais propositivo.
Enterrando Rodrigo Dourado entre os zagueiros, tendo a Zeca e Edenílson como alas construtores, permitindo que Patrick e D'Alessandro se associem no ataque com Nico, Neílton e Guerrero. Tudo indica um time forte, equilibrado e que poderia se impor com um bonito futebol. Claro, são especulações no papel. A realidade sempre é mais complicada.
Independentemente das plataformas utilizadas, o Inter começa o ano apontando para o mesmo caminho do ano passado, mas com algumas peças que podem qualificar ainda mais o modelo de jogo. Cabe a Odair Hellmann e sua comissão técnica criarem novas estratégias e situações mais ousadas para surpreender e ocuparem o lugar ao sol que a torcida tanto anseia.