D'Alessandro completou uma década de Inter em 2018. No período, acumulou um título de Copa Libertadores, uma Copa Sul-Americana, uma Recopa Sul-Americana, seis campeonatos estaduais e duas Recopas Gaúchas ao longo de 429 jogos, com 91 gols marcados.
Grandes atuações em clássicos Gre-Nal, aliadas a um espírito extremamente competitivo tornaram o jogador nascido em Buenos Aires, em 15 de abril de 1981, uma das referências, não só do time, mas do clube como um todo. A ligação é forte, e o vínculo com o torcedor foi cultivado a ponto de ele ser considerado um dos maiores ídolos da centenária história colorada.
Neste período, D'Alessandro sempre esteve no centro das atenções do Inter. Jamais foi contestado dentro do clube, e sua idolatria nunca esteve ameaçada, nem quando resolveu deixar Porto Alegre e passar um período na sua Argentina, defendendo as cores do time de coração, o River Plate, em 2016. Coincidentemente, este foi o ano do maior vexame da história colorada, com a queda para a Série B. A ausência do camisa 10 foi apontada como um dos fatores da queda, e seu retorno do pequeno exílio portenho foi saudado como fundamental para a reconstrução do time a partir de 2017.
A projeção para o futuro
Com D'Alessandro, o Inter encerrou a temporada classificado para a disputa da fase de grupos da próxima Copa Libertadores. Em entrevista coletiva, antes do encerramento da temporada, ele falou sobre o que pensa para 2019.
Eu acho que eu mereço fazer parte do ano que vem
D'ALESSANDRO
Sobre utilidade em 2019
– Eu tenho contrato até o fim de 2019. Tenho vontade, tenho contrato. Quando eu falei das eleições, eu me pronunciei, porque a gente tem que saber o que vai acontecer. Eu me preocupo com o clube. Não tem nada com o meu contrato, mas é uma situação que o clube vai viver, que o sócio vai se pronunciar e escolher o novo presidente. Então, a gente tem que estar ligado porque fazemos parte do clube e tem que gostar das coisas que acontecem no clube. O meu plano é fazer parte do grupo. Se não acontecer nada estranho, eu vou estar aqui junto com o grupo o ano que vem e cumprirei o meu contrato até o fim – disse o argentino, antes da reeleição de Marcelo Medeiros, que foi confirmada no último sábado.
No próximo ano, o último de seu contrato com o Inter, D'Ale irá completar 38 anos de idade. Por isso, questiona-se o papel do argentino para a próxima temporada.
– Mesmo perdendo protagonismo no time titular, D'Alessandro foi importante em 2018, sendo o dono da bola parada colorada: bateu 80 escanteios, dos quais 19 viraram finalizações. Damião e Moledo, os mais procurados por essas bolas na área. Ano que vem, há dois aspectos importantes: o físico e o tático. Sabe-se que o argentino não aguenta a intensidade de um calendário completo e não deve ser titular absoluto. E taticamente, que Inter Odair vai querer em 2019? O mesmo das transições rápidas e verticais? Ou um Inter de controle do jogo e criação de chances através da posse? Para se tornar um time com mais controle, será necessário contratar jogadores que gostem de ficar e passar a bola e que saibam se associar ao jogo apoiado que demanda o argentino. Sem atletas com essas características, a tendência é a repetição do modelo de jogo com menos espaço para D'Alessandro no time titular - opina o comentarista Gustavo Fogaça, de GaúchaZH.
Já para Sérgio Xavier Filho, dos canais SporTV, está chegando a hora do argentino pendurar as chuteiras e abrir espaço para o crescimento de outros jogadores:
Na minha opinião, deveria se aposentar. Abrir espaço em campo e no vestiário, sobretudo.
SÉRGIO XAVIER
Comentarista do SporTV
- D'Ale é um dos jogadores e líderes mais importantes de todos os tempos. Como líder, talvez até maior do que Figueroa, já que o chileno tinha Falcão, Carpegiani e outros ao lado. D'Ale foi mais protagonista nisso. Hoje, sem a capacidade física do passado, ele trava a subida de outros. E como é extremamente competitivo, já deixou claro que quer sempre estar em campo, mais ainda. Ele pode mudar e ajudar a criar novas lideranças? Tudo é possível, as pessoas mudam. Mas até hoje ele não mostrou isso no clube. Respondendo objetivamente, digo que papel de D'Ale em 2019 é ir para o banco e ajudar a fazer o Inter seguir no lugar que terminou 2018, entre os três do Brasil.
Para o colunista de GaúchaZH, Luiz Zini Pires, o camisa 10 colorado precisa buscar um novo papel dentro do time de Odair Hellmann.
- Aos 37 anos, 38 em abril de 2019, D'Alessandro, desde 2008 no Inter, não é mais o jogador que foi. Culpa da idade. Não é mais o líder do time, referência, jogador mais importante. Ocupa agora o papel de coadjuvante, o que não é demérito. O portenho precisa procurar um novo papel no time. Não jogará todas as partidas. Será mais um atleta estratégico. Na Libertadores, competição que conhece por dentro e por fora, será um guia para os mais jovens. D'Alessandro ainda será útil. Basta saber usá-lo em outro e novo ritmo – apontou.
O certo é que, independentemente de como Odair pretenda utilizá-lo em 2019, D'Alessandro jamais perderá o protagonismo junto ao torcedor colorado. E isso foi admitido pelo próprio treinador, em outubro, logo depois que o camisa 10 voltou a atuar na equipe titular.
– Ele entendeu naturalmente o processo de consolidação da equipe no momento em que estava fora não por opção técnica, mas por situação de suspensão ou lesão. Seja jogando ou não, neste período, sempre deu sua contribuição no vestiário, no dia a dia de trabalho. D'Ale é o tipo de jogador que acompanha todas as informações referentes ao time ou a seu rendimento – afirmou o treinador, dando a dimensão do camisa 10 dentro do clube.