
A atual temporada chegou ao fim, mas o 2019 do Inter já se avizinha tão complexo como foi a largada de 2018. O sorteio da Libertadores cravou os colorados justamente na chave do campeão River Plate mais os peruanos do Alianza Lima e, se der tudo errado para o Inter, também terá o São Paulo ingressando no Grupo A via pré-Libertadores. Ou seja: problemas cedo demais em um ano que ainda sequer começou.
River Plate, favorito em choque após Mundial
Se o Inter ainda busca se reforçar, seus dois adversários já conhecidos na fase de grupos da Libertadores vivem momentos distintos, mas também verão os seus elencos em mutação até a largada do torneio continental. O River Plate, que prometia embalar depois da histórica conquista do tetra da América sobre o Boca Juniors, voltará para casa na véspera do Natal com a decepção da derrota para o Al Ain na semifinal do Mundial de Clubes. Ou seja: sua preparação para 2019 começará com grande atraso, se comparado aos seus adversários.
Apesar do sucesso do River na América, a imprensa argentina entende que a chave do atual campeão é a mais difícil da Libertadores. Além de Inter e Alianza, o grupo ainda pode ter o São Paulo.
— Defender o título já será um grande desafio para. Em 2015, o River foi campeão da Libertadores e, no ano seguinte, sofreu muito, caindo nas oitavas para o Independiente del Valle-EQU, que saiu vice-campeão da América — recorda Lucas Ajuria, setorista de River Plate na Rádio Zónica, de Buenos Aires. — É certo que o time vai mudar, sofrerá baixas depois do Mundial. A base será mantida e haverá a subida de juniores ao time de Gallardo. Depois do Mundial, o foco será total na Libertadores.
O jornalista destaca também o fato de o River ter pela frente D’Alessandro, criado nas categorias de base de Núñez.
— O Grupo A é muito difícil. É sempre um problema enfrentar um gigante do Brasil. E poderão ser dois, caso o São Paulo entre. E haverá D’Alessandro, que não queria enfrentar o River outra vez (foi rival contra o seu ex-clube atuando pelo San Lorenzo, antes de ser contratado pelo Inter, em 2008). O Inter é visto com muito respeito aqui, é um clube de outra categoria, como o River, e sempre está preparado para o algo a mais. Será um tanto nostálgico para o torcedor do River jogar contra D’Alessandro. Mas é a vida — diz Lucas Ajuria.
Segundo o repórter, o River prefere enfrentar o São Paulo, apesar de toda a tradição dos paulistas, ao Talleres, de Córdoba, o time de Pablo Guiñazú, uma das possibilidades via pré-Libertadores:
— O Talleres conhece muito o River, há rivalidade local envolvida e isso poderia complicar muito o time de Gallardo. Entre uma escolha argentina e outra brasileira, certamente a opção seria pelo São Paulo. A equipe do Morumbi perdeu muita gente e já não ameaça como antigamente. O Grupo A não terá times fracos. O Alianza Lima é uma boa equipe. Será uma chave extremamente difícil — finaliza.
Para o jornalista Alejandro Casar, repórter do La Nación, o Grupo A se tornará dificílimo com o provável ingresso do São Paulo.
— Há um charme todo especial em ver D’Alessandro contra o River Plate nesta chave. Não menos curioso é ver o River já voltando a Porto Alegre, onde acabou de eliminar o Grêmio, mas agora para jogar no Beira-Rio. Há a questão de quem o River perderá. Maidana, Borré e Palacios podem sair. No final, o que definirá a chave serão os pontos obtidos como visitantes.
Inter e River marcará o primeiro encontro oficial entre os dois clubes. Também será a primeira vez que D’Alessandro enfrentará a equipe de Buenos Aires desde o épico 2 a 2 da "Batalla de Núñez", em 2008, quando o meia comandou um San Lorenzo com dois jogadores expulsos diante do River para se classificar às quartas de final daquela Libertadores.
Club Atlético River Plate
Como chegou à Libertadores: Campeão da edição de 2018
Estádio: Monumental de Núñez (66 mil)
Cidade: Buenos Aires
Técnico: Marcelo Gallardo (desde 2014)
Time base: Armani; Montiel, Maidana, Pidonla e Casco; Ponzio, Fernández e Palacios; Martínez; Borré e Pratto.
Destaques: Martínez, Quintero, Armani
Crise na casa de Paolo Guerrero
Zebra do Grupo A, o Alianza Lima está em crise depois de perder o título peruano para o Sporting Cristal. Há um racha na direção do clube, com parte dos dirigentes desejando a demissão do técnico uruguaio Pablo Bengoechea para que possam contratar Miguel Ángel Russo, ex-Boca Juniors.
A imprensa peruana lamentou que o vice-campeão nacional tenha sido sorteado para o Grupo A. Se o São Paulo confirmar a última vaga do grupo, os limenhos serão os únicos da chave a não ostentar um título de Libertadores.
Segundo o diário depor.com, o Alianza caiu no "Grupo da Morte" do torneio. Com apenas duas vagas para as oitavas de final, o clube de Lima dificilmente seguirá adiante.
— O Alianza Lima terá um duro desafio, enfrentando rivais com muita história e vários títulos internacionais — destaca o site.
O histórico encontro entre criador e criatura — do Alianza Lima contra o seu filho mais famoso, o atacante colorado Paolo Guerrero — é a manchete do Diário AS, do Peru. Na capital peruana desde o retorno da sua suspensão por doping, Guerrero se mudou para Lima para ficar ao lado de familiares e treinar para a temporada 2019. O camisa 79 do Inter está suspenso até 23 de abril. Diz o AS:
— Paolo Guerrero, ainda suspenso, espera estar disponível para o seu novo clube, com quem ainda não conseguiu estrear, assim que possível. E, assim, ser importante para o começo da temporada. A sua pena acaba em abril. A exigência será máxima para ele e, sem dúvida, será algo especial jogar contra o Alianza Lima, clube onde cresceu e se formou como jogador.
Franz Tamayo, repórter do Portal Zona Fútbol, de Lima, destaca que a equipe do Alianza deverá perder alguns de seus titulares e que, da Libertadores, o clube espera apenas boas rendas em casa, sobretudo se Guerrero enfrentar pela primeira vez o seu clube de origem.
— Já há grande expectativa sobre o retorno de Guerrero ao futebol, sobretudo caso enfrente o Alianza. Será um jogo de grande emoção para todos, certamente com o estádio lotado — comenta Tamayo. — No mais, o Alianza tenta renovar com Pablo Bengoechea para que comece imediatamente a preparação para 2019. O clube quer manter seus principais jogadores, como Butrón (goleiro), Mauricio Affonso (atacante) e Alejandro Hohberg (meia). Virão poucos reforços — completa o jornalista.
Além da questão técnica, o Alianza Lima tem um péssimo retrospecto diante dos brasileiros em Libertadores. Ainda que jamais tenha enfrentado o Inter, o vice-campeão peruano costuma ir mal contra clubes do País: são 26 jogos pela competição, com 24 derrotas e apenas duas vitórias.
Club Alianza Lima
Como chegou à Libertadores: vice-campeão peruano 2018
Estádio: Alejandro Villanueva (30 mil)
Cidade: Lima
Técnico: Pablo Bengoechea (desde 2017)
Time base: Butrón; Riojas, Fuentes, Godoy e Duclós; Cruzado; Quevedo, Costa, Lemos e Hohberg; Ramírez.
Destaques: Hohberg
Definição na fase preliminar
O terceiro time do Grupo A virá das fases preliminares da Libertadores. O vencedor do confronto entre Palestino-CHI x Independiente Medellín-COL pega o classificado entre Talleres-ARG x São Paulo. Quem superar as duas eliminatórias avança para a chave.
Palestino-CHI X Independiente Medellín-COL
Talleres-ARG x São Paulo