A maior parte do comércio de Rio do Sul, em Santa Catarina, reabriu as portas na manhã de sábado (16) após o feriado de Proclamação da República — com exceção de endereços ligados à família do homem responsável pelo ataque a bomba contra o Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quarta-feira (13).
No prédio onde vive parte dos familiares de Francisco Wanderley Luiz, a orientação era evitar novos contatos com a imprensa.
Segundo a vizinha Solange Kreusch, 61, alguns parentes estariam "envergonhados" pela ação realizada por Luiz, mais conhecido no município como Tiu França.
— Eu disse que não havia motivo para vergonha. Eles não têm qualquer culpa pelo que aconteceu — conta.
Desde quinta-feira (14), a loja recém-alugada para o enteado de Tiu França trabalhar como chaveiro em um bairro próximo ao centro de Rio do Sul segue fechada. O filho adotivo, Guilherme Antônio, é um dos familiares mais abalados pelo episódio em Brasília.
Em sua imagem de perfil no WhatsApp, a foto que aparece é a de França junto a uma mensagem onde se lê "luto eterno". O rapaz não respondeu aos pedidos de entrevista.
A loja de instrumentos musicais de um irmão e a imobiliária de uma sobrinha também mantiveram as portas fechadas. Mas, segundo Solange, era com Guilherme que França (que também vinha atuando como chaveiro) mantinha o relacionamento mais próximo e afetuoso.
— Ele fazia de tudo por aquele rapaz. Cuidava dele desde bebê. Tratava com muito amor e carinho, e o menino era igualmente muito apegado a ele. Só Deus sabe por que foi fazer o que fez — complementa a vizinha da família.
No mês passado, o homem viabilizou o aluguel da sala térrea localizada em um prédio de alvenaria para o filho seguir trabalhando no ramo das chaves. Como o responsável pelo atentado ao STF já havia trocado a cidade por Ceilândia, no Distrito Federal, o contrato de locação foi assinado digitalmente pela internet.
Segundo o amigo da família e ex-inquilino de um imóvel pertencente aos Luiz, Jaison Hilleshein, os irmãos, o enteado e a ex-mulher Daiane Dias aguardam pela liberação do corpo de França em Brasília. A expectativa é de que o velório ocorra nos próximos dias em Rio do Sul, mas seriam os filhos dele que moram em outras cidades que estariam providenciando os trâmites legais.
Daiane se encontrava na companhia de irmãs e da mãe de França na manhã de sábado, mas também preferiu não se manifestar.