Há um paredão na frente da área do Inter. A defesa colorada é a segunda menos vazada do Campeonato Brasileiro (ao lado do Flamengo). Foram 12 gols sofridos em 20 jogos. O desempenho também se reflete individualmente: a dupla de zaga Rodrigo Moledo e Victor Cuesta é a titular da Bola de Prata, a seleção da Revista Placar, que acompanha a competição rodada a rodada. O volante Rodrigo Dourado e o meia Patrick também integram o time ideal da publicação. Neste domingo, às 16h, essa turma toda terá pela frente outro muro: desde que Luiz Felipe Scolari reassumiu o Palmeiras, o time paulista não sofreu gols. São oito partidas consecutivas sem bola na rede. O clássico pode representar a quebra de recorde de público do Beira-Rio pós-Copa de 2014, com 45 mil torcedores.
Somados, Inter e Palmeiras não levam gol há 1363 minutos (506 dos gaúchos, 857 dos paulistas). Para garantir essa solidez do sistema defensivo, o técnico Odair Hellmann encontrou uma formatação que se adequou às características de suas peças. Segundo o analista Renato Rodrigues, coordenador do Data ESPN (o banco de dados do canal esportivo), o mérito do treinador foi montar a equipe de acordo com o que cada atleta pode oferecer individualmente.
— Cuesta é um grande zagueiro, e quando está em um time de defesa posicional, em bloco mais baixo, mais próximo da área, consegue demonstrar suas principais virtudes. Moledo também funciona bem assim, evita percorrer grandes distâncias. É uma marcação de encaixes e algumas perseguições mais longas. A ideal para o time. Contra o Bahia, o Inter deu uma aula de como proteger a própria área. Tanto que nem sofreu muito — pondera.
A dupla Moledo-Cuesta, a que mais atuou no Brasileirão — 13 vezes — tem se notabilizado por ser complementar. Enquanto o brasileiro é um defensor de força, imposição física e simplificação, o argentino é mais técnico e passador. Moledo é o segundo maior rebatedor do campeonato, foram 124 vezes que afastou a bola da área nas 15 vezes que atuou. Em jogos com ele atuando, o time tem 75% de aproveitamento.
— Tínhamos convicção ao trazê-lo da Grécia. Ele vinha fazendo ótimas partidas por lá, ficou duas vezes na seleção do campeonato de lá — comemora o vice de futebol colorado, Roberto Melo.
Cuesta, por outro lado, ajuda também ofensivamente. Ele é responsável por dois gols e uma assistência (que começou com um desarme, um drible e uma arrancada de 30 metros contra o Vitória em Salvador).
— Estou feliz pelo momento que estou vivendo, o momento do time. Procuro fazer o meu melhor no Inter, sou muito feliz nesse clube. Não estava esperando estar na lista (de melhores do campeonato), mas óbvio que trabalho para isso. Não vou mentir. Estou contente com o que estou fazendo aqui e quero manter isso, porque não podemos vacilar, é uma competição muito difícil — comentou o zagueiro, em entrevista coletiva após o treino no CT Parque Gigante.
Além de Moledo e Cuesta, o miolo da defesa colorada contou ainda com outros nomes: Danilo Silva, Klaus e Emerson Santos. O primeiro não jogará mais, trocou o Rio Grande do Sul pela Califórnia, ao assinar contrato com o Los Angeles FC. Os outros dois seguem como reservas.
A eles, porém, somaram-se laterais e volantes que aumentaram a proteção. Do lado direito, Zeca, Fabiano e Dudu reforçaram a defesa. Na esquerda, a missão só não ficou a cargo de Iago no jogo contra o Vitória, que teve a presença de Uendel. Outro pilar do sistema é a presença de Rodrigo Dourado como um primeiro volante clássico, bloqueado à frente da dupla de zaga, desarmando, passando e coordenando o posicionamento dos companheiros. Edenilson e Patrick fecham a parte básica da composição defensiva.
— A nossa marcação e o nosso comprometimento estão fazendo a diferença. É mérito dos jogadores, que não desistem em nenhum lance — resume o técnico Odair Hellmann.