O Inter está levando a sério o projeto de "clube formador e vendedor". Um mantra colorado na Era de Ouro, de 2006 a 2011. Tanto é assim que cada vez mais o torcedor verá caras novas no elenco principal. Até o fim da temporada, é meta do departamento de futebol que o grupo de Odair Hellmann seja composto por no mínimo 40% de atletas das categorias de base.
Atualmente, dos 32 jogadores da equipe que disputa o Campeonato Brasileiro, apenas 10 são oriundos da Morada dos Quero-queros – Leandro Damião, já bem mais rodado, seria um 11º elemento.
Para a intertemporada em Atibaia, três recrutas novatos estão em teste: o atacante Álvaro, o meia Nonato e o zagueiro Gabriel Silva. O quarto deles seria Martín Sarrafiore, mas o meia argentino ficou em Porto Alegre, a fim de aprimorar a parte física e readquirir ritmo de jogo – perdido após ser afastado dos treinamentos pelo Huracán, por causa do pré-contrato assinado com o Inter.
O caso do trio de jovens em Atibaia também é um tanto distinto, e faz parte da nova política de garimpagem do Inter. São jogadores contratados por empréstimo, com os direitos econômicos já fixados, caso o clube se interesse em ficar com os atletas.
O zagueiro Gabriel Silva, o mais velho dos três, com 23 anos, foi contratado ao Barra-SC, e ficará no Inter em avaliação até o final da temporada. O mesmo ocorre com o atacante Álvaro, de 20 anos, que pertence ao Salgueiro-PE. Já o meia Nonato, também com 20 anos, é jogador do São Caetano-SP, e ficará no Beira-Rio até agosto de 2019. Todos estão em fase de estágio. Foram cedidos ao Inter devido ao poder de vitrine do clube. Se aprovados, a direção colorada comprará a maior fatia de seus direitos, e eles permanecerão integrados ao time profissional.
Assim, o Inter pretende voltar com força ao mercado, negociando futuras joias. Pouco tempo atrás, nomes como Pato, Sobis, Oscar, Luiz Adriano, Sandro, Fred, Alisson e Taison renderam (e ainda rendem) bons lucros aos cofres colorados.
- É um rodízio de jogadores, que vem acontecendo constantemente – disse o diretor executivo do Inter, Rodrigo Caetano, ao comentar sobre o processo de garimpagem colorado. - Como princípio, temos de ter um percentual de vagas para os atletas formados no clube. Queremos chegar em dezembro com 40% de jogadores da base no elenco. Isso é o ideal – completou Caetano.
O dirigente pretende, assim, implantar no Inter processo semelhante ao que desenvolveu em seus tempos de Flamengo, que voltou a lançar jovens talentos e, somente no ano passado, revelou Vinicius Júnior e Lucas Paquetá.
Apesar de quase desconhecidos, até mesmo para muitos jogadores do elenco principal do Inter – uma vez que raramente os aspirantes treinam contra os profissionais, até mesmo devido aos quase 20 quilômetros que separam o CT Parque Gigante da Morada dos Quero-queros, em Alvorada -, os três novatos foram bem acolhidos pelos veteranos.
- Já passei por isso. Na primeira pré-temporada ou intertemporada, a gente fica envergonhado. Mas o nosso grupo é muito bom. Eles foram recebidos de braços abertos. É claro que vai ter o trote. Aquele cabelo do Nonato (um mullet um pouco mais comprido) está bom de cortar. Estou brincando. Não vou deixar o meu cabelo nele. Eles têm qualidade para estar aqui – comentou o goleiro Danilo Fernandes.
O Inter trata de se renovar, a partir de Atibaia.