Não existe nada tão ligado à infância como um passeio no parque. Os pais, cheios de orgulho, querendo sair e mostrar seus filhos. Os filhos começando suas vidas e, naquele momento, nem sabem direito o que está acontecendo, mas no álbum da família lá estarão aquelas fotos que comprovarão os momentos especiais. É como uma sala de troféus de um clube. Lá estão conquistas que não vimos acontecer, mas temos orgulho.
Vivemos um momento no futebol gaúcho em que os pais registram seus filhos orgulhosos com a camiseta dos seus times mesmo que ele não esteja atravessando a melhor fase. Não interessa, daqui a algum tempo, estaremos conquistando novos títulos, e eles já crescidos olharão com orgulho as fotografias de tempos passados, de glórias e derrotas, de bons e maus momentos.
Temos que ter a tranquilidade de enxergarmos com otimismo e realismo o hoje e o amanhã. Muitas crianças que estão felizes pelas vitórias do time de seus pais também podem ter ficado tristes em outros momentos. É assim o futebol. Lembro de um amigo, grande percussionista que viajou comigo para tocarmos em Belo Horizonte, ele muito humilde se serviu no almoço: arroz, feijão e uma carne. Daí falei para ele: "Pô, mas com tudo isso a tua disposição neste baita hotel e tu te serve só disso?". Ele me respondeu: "É, mas amanhã a vida volta ao normal, e eu não quero é ficar enganando a minha barriga".
Nossa hora na fila
Isso serve de lição. Às vezes, estamos por cima, às vezes, pode ser que não, precisamos é manter o equilíbrio, como diria o Faustão, "tanto no pessoal como no profissional". Naquele parquinho lá da infância, até tinha gangorra e escorregador, mas escolhi outro brinquedo, que é, e sempre será, o sonho de qualquer criança, estar por vezes lá em cima, por vezes aqui embaixo, mas sem perder a alegria. Temos é que nos preparar para quando a nossa hora na fila chegar. Já está mais que na hora de subirmos mais uma vez nesta Roda Gigante.