Você pode não concordar, mas Leandro Damião é um dos mais importantes jogadores da história contemporânea do Inter. Ao menos em termos financeiros. Afinal, em 2013, ele foi vendido por R$ 42 milhões ao Grupo Doyen, que o repassou ao Santos, um valor abaixo somente que as negociações de Alexandre Pato ao Milan, em 2007 (por cerca de R$ 54 milhões), e a de Oscar para o Chelsea, em 2012 (aproximadamente R$ 65 milhões).
Além das finanças, o centroavante foi peça fundamental para o vice-campeonato do Inter de 2017, que devolveu o clube à Primeira Divisão. Voltou ao Beira-Rio praticamente de graça e já é o 13º goleador da história do Inter, empatado com Christian, ambos com 98 gols.Agora, 68 dias depois de começar a partida contra o Remo, pela Copa do Brasil, Damião venceu as dores nas costas e voltará ao time titular para enfrentar o Cruzeiro, nesse domingo, no Beira-Rio.
Recuperado da lesão no disco intervertebral, o centroavante mostrou boa desenvoltura nos 45 minutos nos quais foi a campo na derrota do Inter para o Palmeiras — substituiu Nico López, no intervalo. Até gol marcou (mal anulado pelo veterano árbitro Marcelo de Lima Henrique, que anotou impedimento). Antes disto, porém, Damião viveu um drama, dores, algo que já seria sofrido para uma pessoa comum, e que se potencializa no corpo de um atleta.
— Estou feliz por voltar a jogar. Foram duas semanas na maca, deitado, sem poder ficar em pé ou sentado. Senta ou em pé doía muito, e a dor irradiava para o braço. Fiz bastante treinos físicos com o Elio Carravetta. Eu estava louco para voltar a jogar, ficar fora é muito complicado. Não adianta só voltar a correr, tem de ter ritmo de jogo. Entrar contra o Palmeiras já me ajudou bastante. Quero dar meu melhor em campo agora — contou Damião, revelando a difícil recuperação da lesão nas costas.
Mesmo de volta ao time, o centroavante será permanentemente monitorado ao longo da temporada. Como Damião utiliza muito o corpo para choques com zagueiros dentro da área ou mesmo para fazer a parede, a fim de assistir aos demais avantes do Inter, a chance de uma nova contusão existe. E, caso ocorra, também voltará o temor de que tal lesão evolua para uma hérnia de disco, o que encerraria a temporada do jogador, devido à necessidade de uma intervenção cirúrgica. Depois de vivenciar este drama, Damião comemora o retorno ao time titular:
— O jogo contra o Cruzeiro será especial, contra um treinador (Mano Menezes) que me comandou (no Cruzeiro e na Seleção), que me levou para a Seleção Brasileira. Eles têm Thiago Neves, Arrascaeta, caras com quem joguei, e que são jogadores fora-de-série. Mas os enfrentaremos de igual para igual, aqui, no Beira-Rio. Teremos respeito, mas temos de vencer.
Com o retorno do centroavante ao time, Odair Hellmann ganhará na bola aérea, nas jogadas de área, na aproximação com William Pottker, e até mesmo na obrigação de ver a defesa dobrando a marcação sobre o camisa 9. Além disto, com a volta de Damião, D'Alessandro voltou a ser centralizado por Odair Hellmann, e não mais pela direita, como estava acontecendo.
— Eu também ajudo a marcar na frente, a saída de bola, o que dá mais chances ao D'Alessandro para criar. Até para respirar mais — brincou o centroavante colorado.
De volta à equipe, Damião também terá a chance de se isolar como o 13º artilheiro do clube, e de se aproximar da marca do 12º colocado, Escurinho — com 106 gols —, contra um de seus ex-times. Depois de deixar o Santos, após uma frustrante temporada em 2014, o atacante foi emprestado ao Cruzeiro justamente com Mano Menezes, em 2015 — passou ainda por Betis e Flamengo, antes de retornar a Porto Alegre. Questionado sobre a chance de marcar até mesmo o centésimo gol com a camisa do Inter, Damião respondeu:
— Tomara que sim, os gols vão saindo pouco a pouco. Mas, se vierem com vitória, será algo muito mais importante.