Fiquei sabendo que o Federico, filho do meu amigo Luciano Potter, chegou há poucos dias e já é sócio do Inter. Achei muito bacana, isso me faz acreditar no futuro do nosso clube do coração. Quando esse guri entender o tamanho do gesto do seu pai, irá agradecer. Bem no dia do aniversário do Inter o seu pai, aproveitando a chegada dele, eternizou sua vontade. Federico não disse nem que sim, nem que não, não reclamou de nada, só dormiu depois de mamar. Mas, como quem cala consente, aceitou o desejo do seu pai.
O sonho do Potter era o mesmo sonho de milhões de colorados espalhados pelo planeta, o de um dia sentar nas cômodas cadeiras do Beira-Rio, assistir a um jogão do Inter e comer uma pipoca com refrigerante com seu filho, os dois vestindo suas camisetas do Colorado.
O mais bonito nisso é que a do guri seria a primeira mesmo. É incrível, mas quando me dei conta de que ainda menino pequeno o meu pai já tinha me presenteado com a 7 do Valdomiro, foi uma emoção. Ali já tinha nascido uma enorme paixão pela camiseta do Inter, me sentia bem com ela. Só não dava para usar no colégio. É que lá no Instituto de Educação Oswaldo Aranha, no meu Alegrete, tinha de usar o uniforme da escola. Quando já era adolescente, ainda não tínhamos tantos tipos e modelos de camiseta de clube.
Agora , o que noto é que, de temporada em temporada, alguns clubes trocam totalmente os fornecedores, e as camisetas ficam antigas, muita gente até nem se importa.
Mas cada um tem aquela sua camiseta mimosa, tem até a que serve de amuleto ou aquela que o cara ganhou de presente da namorada e ela ainda mandou colocar o seu nome nas costas - e ele não pode deixar de usar. O reinício, como o que estamos vendo no Inter agora, não é nem fácil, nem rápido. É como criar um filho, tem de ter dedicação, paciência e amor. Para o Colorado dar realmente a volta por cima, terá de enfrentar muitos desafios pela frente, mas assim é a vida.
Só mesmo com humildade de reconhecermos que tudo tem de mudar, e para melhor, é que chegaremos lá. Para que isso aconteça, temos de aprender a pensar e agir no coletivo, pensar nos outros, assim como pensa um pai com a chegada de um filho.
É a transformação de tudo em um novo momento, em uma nova vida. Esse é o grande aprendizado que tive quando me tornei pai, saí do singular para o plural e sonho que aqueles a quem amamos de verdade torçam ali, sentados ao nosso lado, vestidos, de preferência, com aquela mesma camiseta que seu pai lhe deu , e você gostou. Todas as camisetas de clubes que usarmos durante as nossas vidas terão sempre um lugar especial nas nossas vidas, mas nenhuma como a do nosso clube do coração.
Será eterna como a primeira camiseta que o Potter comprou com a carteirinha de sócio do Inter para o seu filho, ele nem sabe direito de nada, mas seu pai já chora de emoção imaginando o seu guri chegando ao Gigante, com o seu sorriso de criança e a certeza que daqui para a frente ele terá seu lugar cativo ali no Beira-Rio. Estará batendo ali naquele estádio um outro coração apaixonado. Pai e filho, com certeza nunca esquecerão da primeira ida no jogo do Colorado com a sua primeira camiseta do clube.