No primeiro treino do Inter na semana, a atração não estava no gramado principal do CT Parque Gigante. No espaço ao lado do campo número 1, as lentes se voltaram a William Pottker. O atacante de 24 anos iniciava seu trabalho de recondicionamento físico aos cuidados do coordenador de performance Elio Carravetta, exatos 46 dias depois da lesão muscular na coxa direita sofrida na partida contra o Juventude, pelo Gauchão. Ele correu em volta do campo na companhia do lateral-direito Dudu, que fraturou o braço em um treinamento.
O jogador deixou o confronto, naquele dia, aos 33 minutos do segundo tempo. Iniciou tratamento já imediatamente. Mas a lesão mostrou-se mais grave do que a análise inicial. Três dias após a partida, o primeiro comunicado divulgado pela assessoria do clube informava que Pottker ficaria fora dos treinos de três a quatro semanas.
Passadas seis semanas, o único comunicado divulgado pelo Inter é: "Está no processo final do tratamento médico. Será reavaliado na semana que vem com a possibilidade de iniciar os trabalhos de reabilitação física".
O clube não quis detalhar a gravidade do problema do atleta, que o tirou da metade final do Gauchão. Segundo o departamento médico colorado, "o período passado inicialmente era uma estimativa, mas cada caso tem uma recuperaçao diferente. Por ele ser um atleta que tem o jogo muito baseado na parte física, houve a necessidade de ficar em tratamento até o presente período, mas dentro de uma margem aceitável de recuperação".
A literatura médica avalia que uma lesão que demanda tanto tempo de recuperação é de grau 2. Ela "produz um dano ao músculo e dificulta a função, como contração e relaxamento, e normalmente gera um hematoma local", segundo o coordenador geral do Núcleo de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital Sírio Libanês, o médico Arnaldo Hernandez.
Desde a lesão, Pottker iniciou primeiro tratamento e depois fisioterapia com foco preventivo. Fortalecerá a região lesionada. Nos próximos dias, intensificará as atividades de arranque e força, algumas de suas principais virtudes. O objetivo, justamente, é devolver-lhe a confiança nos movimentos de jogo, para que se sinta mais seguro na hora de executar as tarefas.
A parte psicológica de uma lesão dessas ganha importância. Para que o atleta perca o medo de passar pela dor e pelo sacrifício da cura e do recondicionamento, precisa readquirir toda a tranquilidade de realizar ações novamente. A isso tudo, dá-se o nome de reaprendizagem.
Por isso, ainda que haja otimismo do Inter em colocar Pottker em campo na partida contra o Vitória, em 11 de abril, não há garantia de que o atacante esteja plenamente recuperado até lá. A tendência, inclusive, é de que, caso ele esteja liberado clinicamente, fique no banco de reservas no jogo do Beira-Rio. Sua presença mais certa é na partida de volta, no dia 19.
Companheiro de ataque — e de departamento médico —, Leandro Damião tem futuro ainda mais incerto. O centroavante ainda segue em recuperação de uma contratura na região cervical, e nem foi liberado para readquirir condicionamento físico. Deve perder as primeiras rodadas do Brasileirão.