Eu não me lembrava da existência do clube Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Quero dizer, quando eu estava vencendo coisas e celebrando campeonatos, chorava e berrava cantos de amor ao Inter. Ainda incrédulo nas arquibancadas do Gigante em 2006 ou ensandecido pulando pela Goethe em 2010, toda a minha energia era dedicada ao enaltecimento daquele que, para mim, é o clube de futebol mais lindo do planeta Terra.
Não tenho, portanto, nenhuma grande flauta para ensinar aqui. Não saberia contar nenhuma piadinha sobre como o Inter é mais legal do que o Grêmio. Não tenho experiência com esse tema e, de verdade, saber que o Colorado é o lado certo da força já me basta. Tenho muita vivência, por outro lado, em responder flautas.
Aguentar as piadinhas vindas do lado azul é uma constante na minha vida de torcedor. Tendo crescido colorado na década de 1990, convivi por muito tempo com imbecilidades como "nada pode ser maior", "chora, macaco imundo, tu nunca ganhou de ninguém" — só para citar as coisinhas mais leves vindas das bandas da Azenha. Eles não apenas se sentiam maiores, melhores, eles precisavam vomitar isso em toda e qualquer conversa futebolística.
No final das contas, parece que esse é o jeito como os torcedores do Grêmio, no geral, se enxergam. Como absolutamente superiores em absolutamente todos os sentidos. São os pioneiros em tudo e todos os outros clubes no planeta vivem apenas para imitar o Tricolor em suas invenções (no mês passado, cheguei a participar de debates na internet com torcedores do Grêmio que garantiam que "arquibancadas de estádio de futebol sem cadeiras foram inventadas pelo Tricolor").
De 2017 para cá, pouco tempo depois de vencer o seu primeiro campeonato relevante em 15 anos, os gremistas vieram com mais uma bobagem cantada. Antes era o "tu nunca ganhou de ninguém" para nós, "macacos imundos". Hoje, jogadores e torcida se unem para cantar "um minuto de silêncio para o Inter que está morto".
A coisa cresceu de maneira tal, que, nesta semana, foi noticiado certo desconforto do lado vermelho por conta dessa tola, rasa, imbecil provocação. Então, amigo, caso você seja um dos colorados que se sentem verdadeiramente incomodados com essa bobagem, eis aqui a melhor coisa que você pode dizer a um gremista caso escute ou leia essa canção:
"KKKKKKKKKKKKKKKKKK".
Pode ser "hauhauhau" também, caso você prefira essa forma de risada. Quem sabe até um "rsrsrs", mais impessoal, é verdade, porém tão significativo quanto. A ideia é: se o gremista estiver rindo porque acha que o "Inter está morto", dê risada, deboche, faça pouco caso. Afinal de contas, eu e você sabemos que o Colorado segue vivo, gigantesco, de uma grandeza incomensurável.
Rebaixamento não mata ninguém. Estar com um time meio destruído meio em reconstrução não é sinal de óbito. Não há "morte" no que aconteceu com o Inter de 2016 para cá. Essa piadinha deles não possui absolutamente nenhuma relação com o mundo concreto, e está tudo bem.
Flauta só serve para isso, mesmo: dar risada, tirar sarro. Ela não precisa fazer sentido, ela não precisa encontrar nenhum fundamento de realidade para existir. Assim como as ridículas flautas criadas pelos azuis citadas aqui, certamente há uma imensa lista de piadas coloradas para eles que não fazem sentido algum.
E nem precisam fazer.
Flauta só serve para dar risada.
Então, amigo, ou você —sabendo que o Inter segue vivo — se diverte com isso e responde na mesma moeda (com alguma piadinha sem sentido diminuindo o Grêmio), ou você precisa urgentemente de tratamento psicológico. Lamento não poder ensinar nenhuma galhofa bonita por aqui, mas, como disse lá no início, eu sequer lembrava da existência desses caras até 18 meses atrás.
A flauta é livre (o choro também). "KKKKKKKKK" e segue o baile.