A trilogia dos Gre-Nais da temporada 2018, encerrada na noite desta quarta-feira, e que teve em seu epílogo a vitória do Inter com a classificação do Grêmio à semifinal do Gauchão, contou com um terceiro elemento pelo lado dos colorados: a denúncia do fogo amigo.
O primeiro a disparar contra ex-dirigentes de futebol do clube foi D'Alessandro. Depois, o vice de futebol Roberto Melo. Ambos com alvos específicos: Roberto Siegmann e Luciano Davi.
O camisa 10 e o dirigente não disseram abertamente os nomes, mas, nos bastidores, há um incômodo diário com o comportamento do dois em redes sociais e em constantes participações em programas de rádio e de TV. Segundo eles, contra os interesses do Inter. Siegmann foi vice de futebol em 2011. Luciano Davi, vice de futebol em 2012.
Ambos, Siegmann e Davi (ambos ex-Movimento Inter Grande, de Fernando Carvalho, Vitorio Piffero, que se afastou do grupo, Marcelo Medeiros e Giovanni Luigi), estiveram no futebol durante a gestão do presidente Giovanni Luigi. No racha histórico do MIG e da Situação, a eleição para a sucessão de Piffero, ao final de 2010, Giovanni Luigi x Pedro Affatato, Siegmann e Davi foram os articuladores políticos da campanha de Luigi.
- Agora eu vou falar um pouquinho. O ano político, já vivi isso no clube, é muito complicado. Quando a política se envolve muito no futebol, o futebol fica chato e feio. Por quê? Porque começam a aparecer soluções fora. Aparecem no rádio, na TV e dizem que a solução é isso e aquilo. "Este não pode jogar, não presta". Mas muitos que falam hoje, eu trabalhei (junto) aqui. Sentei do lado com alguns conselheiros e não tinham a mínima condição de discutir comigo uma formação tática ou de discutir futebol. Eles não tinham. Então ouço e parece que sabem tudo hoje, e parece que os caras que acordam 6h30min, 7h30min, trabalhando, batalhando, querem derrubar o clube. Fico impressionado. Por que não fez antes? Teve a oportunidade de estar dentro do clube. Falo porque trabalhei com vários deles - disse D'Alessandro, na véspera de vencer o Gre-Nal por 2 a 0.
Roberto Melo, após a vitória no Gre-Nal 415, foi além e sugeriu que há secação ao time, dependendo de quem está no poder.
- Na primeira derrota cai o mundo e, pior que isso, parte de colorados que deveriam estar apoiando e parece que fazem o contrário. Ficam esperando para ir na rede social, programas de TV e acharem que tem que trocar tudo e nada presta. A gente não fez isso. Em 2014, saímos do clube, com o grupo forte que tinha Aránguiz, Nilmar, D'Alessandro. Perdemos a eleição e fui para casa. Marcelo (Medeiros) foi para casa. A gente nunca esperou uma derrota para dizer que tinha que mudar tudo - desabafou Melo.
E o vice de futebol prosseguiu:
- Talvez para alguns o Inter seja tábua de salvação. E pessoas, em vez de apoiar, pensar no futuro do clube, porque podem estar de volta, essas pessoas esperam momento frágil para querer derrubar treinador, dirigente, para incitar manifestação no treino. O clube não pode continuar se digladiando dessa maneira. Se o Inter não mudar neste sentido, vai demorar para sair desta situação de descontinuidade, mudanças, insucessos às vezes. Porque o clube, quando venceu títulos, estava unido. Podemos olhar para o vizinho do lado, não tenho problema nenhum. O Grêmio lambeu suas feridas, passou por 15 anos de dificuldade, e hoje está colhendo os frutos.
Atualmente, Siegmann e Davi integram o movimento I9. Na eleição para o Conselho, no final de 2016, os dois grupos se aproximaram. Todos os três são atuais conselheiros do Inter.
O que eles dizem:
Roberto Siegmann
"Isso não pode ser para mim. Melo também cita "vices que passaram e não mostraram a que vieram". Eu ganhei Gauchão. Melo já perdeu dois seguidos. Não posso ser comparado a ele. Eu era diretor de futebol no bicampeonato da Libertadores, e ele era da base, do Inter B, que depois inclusive eu acabei (com o time B). Sobre o D'Alessandro, não tenho de responder. As nossas relações jurídicas são diferentes. A minha, é voluntária, de dedicação, de trabalho não remunerado. A dele, é contratual, é remunerado para jogar. Só lamento que pela segunda vez na história do clube estejam usando os jogadores como bonecos de ventríloquo. A primeira, foi em 2016, quando mandaram os jogadores falarem à imprensa que a última rodada do Brasileirão deveria ser cancelada, em suposto respeito à tragédia da Chapecoense."
Luciano Davi
"Não vou me pronunciar sobre isso porque não me senti atingido. É um direito da situação querer a reeleição, assim como é um direito da oposição ter uma candidatura."