O Internacional trocou oito técnicos em dois anos. Não é solução mudar de treinador. Teoria certíssima. Só que não para o Inter.
Odair não foi contratado, pensado, planejado, escolhido a dedo pela direção para renovar a equipe, foi um interino efetivado. Caiu Guto, ele subiu para terminar a participação na série B (aliás, em segundo lugar). Odair Hellmann é o nosso Michel Temer. Um vice biônico, sem o carisma do voto.
E não deixou de ser provisório, pois não demonstra autoridade moral para comandar uma revolução no vestiário. É sempre um novato diante de jogadores veteranos. Quando conversa com D'Alessandro na beira do campo não sei quem manda em quem.
Não há nenhuma esperança, nenhuma promessa de vida, nenhum frescor em sua escalação. Não existe até hoje, depois de seis meses, alguma definição de centroavante (o revezamento entre cinco atacantes parece infinito). Não criou uma nova base, não firmou esquema tático, não desponta um processo em andamento com perspectivas melhores.
O que vejo em campo é um Inter perdido, displicente, que entra mole nas divididas e se conforma com as derrotas.O ambiente colorado negativista piora os seus atletas. Bastou Sasha sair do grupo para brilhar no Santos.
Paira no Beira-Rio nuvens de enxofre dos anos 90 — é um Inter retrô da pior década de nossa história. A Salmonella encontra-se na maionese Hellmann. Se agora está difícil imagine daqui por diante. No Brasileirão, as deficiências serão ainda mais gritantes. O início da Copa do Brasil, com adversários inofensivos e amadores, assim como a fase de grupos do campeonato gaúcho, apenas disfarçou a irregularidade.
Odair sozinho já levou dez gols em três Gre-Nais. Seu escore pessoal é de 1 a 10 no clássico gaúcho. Com o histórico de três derrotas e duas goleadas sofridas de 5 a 0 e 3 a 0. Possui extenso e privilegiado caderninho de freguês.
Cair nas quartas do Gauchão para o rival não é um acidente, é absoluto despreparo.