Prestes a completar um ano de Inter, Edenilson é elogiado pela regularidade das atuações e a versatilidade para cumprir várias funções em campo. Agora, ganhou a parceria de Patrick, um jogador que ocupa posições parecidas no campo, equivale-se em força física e o ajuda a "carregar o piano" para D'Alessandro brilhar.
Edenilson completa um ano de Inter no final do mês que vem. Mas garante estar tão adaptado que parece ter nascido e vivido sob as arquibancadas do Beira-Rio. O jogador de 28 anos que saiu praticamente da várzea para o Caxias, com uma breve passagem pelo Guarani, de Venâncio Aires, e não teve tempo de fazer categoria de base se diz completamente à vontade no clube. E, em 2018, conta com uma parceria de posição semelhante, função parecida, força física praticamente idêntica, mas perna invertida. Trata-se de Patrick.
Essa facilidade surpreendente em se fixar no Inter, em suas palavras, teve a ver com a experiência no mais pressionado time de futebol do Brasil.
— Eu joguei no Corinthians, né? Ainda que tenha sido um período bom, de vitórias, quando cheguei estávamos sob desconfiança por maus resultados e a eliminação na Libertadores para o Tolima. Então imagina como era a situação — conta o jogador, em entrevista a Zero Hora.
Foi nesse período de Corinthians que fez amizade com Danilo Fernandes, seu cicerone de Inter. Em Porto Alegre, ganhou novos amigos no clube, principalmente D'Alessandro, Cuesta, Nico, Uendel e outros. Faz parte, assim, do grupo de "líderes".
— D'Alessandro tem uma coisa legal. Ele trata o Inter como se fosse meio que a casa dele. Cuida muito, sabe? Quer tudo certinho — revela.
Fora do Beira-Rio, reencontrou familiares e parceiros dos tempos da infância no bairro Navegantes. Visita-os com frequência, leva o filho para brincar. Praticamente rememora a infância complicada e o início da vida adulta de office-boy de uma clínica médica.
Mas chega de falar de fora do campo. Edenilson gosta mesmo é de conversar sobre futebol. No Inter, recebe um elogio frequente: se D'Alessandro é, há uma década, o craque absoluto, ninguém é mais regular do que Edenilson. Mas é preciso lhe fazer a pergunta: em qual posição joga?
— Sou meio-campo.
Pedimos que seja mais específico.
— Qualquer posição do meio-campo. Gosto de jogar por ali, gosto de correr, pressionar, participar. O futebol moderno exige essa dinâmica, essa movimentação.
Edenilson é lembrado de que essa resposta, "sou meio-campo", foi a mesma dada por Patrick na semana passada, quando ouviu a mesma pergunta. Inclusive a descrição da função acabou sendo semelhante. O novo reforço, destaque do início da temporada, virou uma espécie de espelho de Edenilson, inclusive usando o lado esquerdo como preferencial.
— Patrick é esse tipo de jogador moderno do qual falei. Ataca, defende, marca, chuta, aparece e dá versatilidade — elogia.
Por versatilidade, Edenilson se refere à possibilidade de jogar na lateral. Enquanto sua preferência é o lado direito, a do companheiro é a esquerda. Disse estar pronto para ir para lá sempre que necessário. Em suas palavras, "quer fazer de tudo para ganhar". E brinca:
— Talvez o Odair escolha aquele de nós que faz menos gols para ir para a lateral, quando precisar atacar. Por isso vou treinar mais finalização. Me inspiro no Paulinho, que foi aprender a fazer gol já com 26, 27 anos. Dá tempo. Mas podem ficar tranquilos que, se chegar na frente do goleiro e o Patrick estiver em condição melhor, vou tocar a bola para ele — garante, caindo na risada.
O momento de felicidade, aumentado ainda mais pela liderança no Gauchão, empolga Edenilson. Segundo ele, o time tem condições de ser campeão estadual, título que escapou nos pênaltis no ano passado. Nos voos mais altos, pede atenção para a Copa do Brasil, onde, segundo ele, "qualquer descuido é letal". Lembra do tombo do Botafogo, eliminado pela Aparecidense, e reforça os perigos de enfrentar o Remo, em partida marcada para quarta-feira que vem, no Mangueirão. Para o Brasileirão, prevê mais dificuldades, principalmente pelo nível mais alto, e prefere evitar projeções muito antecipadas.
— Vamos objetivo por objetivo. Primeiro tentamos fazer os pontos que evitem o rebaixamento. Quanto mais cedo eles vierem, mais rápido poderemos pensar em planos maiores. Isso acontece naturalmente — reforça.
Seu contrato com o Inter vai até o meio do ano, mas já há acordo encaminhado para estender o período. Pelo bem da regularidade colorada, sabe-se que, para D'Alessandro reger, alguém tem de carregar o piano. Agora, Edenilson ganhou a companhia de Patrick.