Há 355 dias, Inter e Veranópolis se enfrentavam na abertura do Gauchão 2017. Numa tarde nublada, a equipe de Antônio Carlos Zago saiu na frente – com um dos sete gols que Rodrigo Dourado marcou em toda a sua trajetória colorada –, mas logo cedeu o empate. Nesta quinta-feira, às 21h, Inter e Veranópolis voltarão a se enfrentar na abertura do estadual para ambas as equipes. O cenário agora, porém, é o Beira-Rio.
De lá para cá o Inter trocou de técnico duas vezes, mandou Antônio Carlos Zago embora depois de perder o Campeonato Gaúcho para o Novo Hamburgo e de tropeçar contra os modestos ABC e Paysandu na Série B, contratou e demitiu Guto Ferreira, concedeu o internato a Odair Hellmann e, após o acesso, o efetivou treinador. Dezenas de jogadores deixaram o clube, alguns outros foram contratados, e o clube tenta voltar aos bons tempos a partir da temporada 2018.
A partida desta quinta-feira é emblemática em vários sentidos. De volta ao convívio dos grandes clubes, o Inter tentará começar o ano com o pé direito. Odair Hellmann é uma aposta e sabe que essa talvez seja a grande chance de sua carreira. Uma boa campanha, a condução do Inter ao título estadual e, sobretudo, um bom desempenho em Gre-Nais dará consistência ao treinador.
Conhecedor do elenco, com quem trabalhou todo o 2017, tendo assumido como interino em três jogos (as vitórias sobre Palmeiras, na Copa do Brasil, além do empate com Oeste mais vitórias contra Goiás e Guarani, todos eles pela Série B), Odair de cara definiu um time. Dos titulares do ano passado, apenas uma posição foi mexida: a lateral direita. Com a chegada do recém-contratado Dudu na vaga de Cláudio Winck. Nas demais posições, o técnico manteve toda a base, algo que pode ser útil para a largada do ano.
— O Inter deste ano é muito melhor do que o de 2016. Mas aquele time vinha do rebaixamento, em transformações e dispensas. A questão é que, apesar de não ter conquistado a Série B, foi mantida uma base na zaga, no meio. Inicia o ano com chance de uma oportunidade ao Camilo, por exemplo — entende o narrador do SporTV, Luiz Augusto Alano.
O principal desafio de Odair é provar que Camilo e D'Alessandro podem atuar juntos no meio-campo, sem fragilizar o setor na marcação. Para isso, ele quer que todos os seus comandados tenham condições de defender. No jogo-treino diante do Lajeadense, até mesmo o capitão colorado foi visto ora como lateral-esquerdo, ora como volante _ dando o exemplo aos demais.
— Estamos treinando a evolução como time. O time todo tem que baixar a linha da bola. O Pottker, o Marcinho, o Camilo, o D'Alessandro — afirmou Odair Hellmann.
O Veranópolis, agora com Julinho Camargo, também passou por reformulações. O time atual conta com quatro jogadores conhecidos da dupla Gre-Nal. Bertotto, que chegou a surgir como promessa da base colorada em 2014, é um dos volantes. O outro é o seu colega dos tempos de Beira-Rio Jair. No ataque, outro ex-Inter: Talles Cunha. Na lateral direita, Felipe Mattioni, nome que também rugiu com força na base gremista, mas que nunca conseguiu confirmar a fama dos tempos de categorias menores.
Mesmo estreando em casa, o Inter espera um primeiro jogo bem complicado. Uma vez que o adversário treina desde o ano passado, já tem um condicionamento físico mais apurado do que o Inter em pré-temporada. O comandante da equipe da Serra, porém, discorda:
— Tenho ouvido muito falarem que a gente iniciou o treino antes, que temos uma base. Mas quem tem mesmo é o Inter. Esse time que nos enfrentará está jogando junto há um ano. Nós começamos a temporada em novembro, e ficamos com apenas três jogadores do grupo do Gauchão passado (goleiro Reinaldo, zagueiro Leo Dagostini e o meia Eduardinho) — rebate Julinho Camargo, para emendar: — Esse Inter é muito mais forte do que o do ano passado. Mas enfrentar a dupla Gre-Nal em qualquer momento, é sempre muito difícil — finalizou.
O que aconteceu com eles desde o último Inter e Veranópolis
Danilo Fernandes – Quebrou o dedo do pés esquerdo em abril, jogou a final do Gauchão em condições mínimas, mas segue titular do Inter até hoje.
Ceará – Mais um ídolo colorado pulverizado pelo próprio clube. Teve o seu contrato rescindido após criticar o técnico Guto Ferreira, em meio a resultados ruins da Série B. Foi para o América-MG onde se sagrou campeão da Série B.
Eduardo – De promessa da base a jogador dispensável, o zagueiro nunca mais teve chances no Inter após o empate em Veranópolis, quando falhou no gol de empate. Foi emprestado ao Atlético-GO e, agora, ao Figueirense.
Ernando – Marcado pela torcida, devido ao rebaixamento, acabou na reserva de Klaus. Porém, quando o ex-Juventude quebrou a mão, voltou a ser titular e só deixou o time por lesão.
Uendel – Segue titular e o mais confiável dos laterais colorados.
Rodrigo Dourado – Titular desde os tempos de Diego Aguirre.
Fernando Bob – Outro remanescente do descenso de 2016, ele acabou dispensado e emprestado à Ponte Preta. Caiu de novo. treina em Alvorada, com Anderson, Seijas e companhia, enquanto aguarda um novo clube. Chance zero de ser aproveitado pelo Inter outra vez.
D'Alessandro – Capitão e pilar desse Inter ainda em reconstrução.
Diego – Após um início promissor, acabou perdendo espaço no clube. Jogará 2018 emprestado ao Paraná.
Aylon – Outro que largou bem, até mesmo fazendo gols, mas foi ficando para trás na final. Foi cedido ao Goiás e, agora, ao América-MG, onde formará dupla com Rafael Moura.
Roberson – A diferença para o ataque atual do Inter é enorme. De Aylon e Roberson (emprestado para os sul-coreanos do Jeju United) para Damião e Roger. Nico segue na reserva.
Antônio Carlos Zago – Demitido após a derrota para o Paysandu, logo na terceira rodada Série B, Zago acabou contratado pelo Fortaleza, em agosto. Fez boa campanha e levou o time ao acesso para a Série B. Mas, de novo, perdeu a final. Agora para o CSA. Em 26 de outubro, teve o seu retorno ao Juventude oficializado para a temporada 2018.