Por Amanda Munhoz e Rafael Diverio
O primeiro reforço colorado para 2018 tem respaldo de alguns de seus ex-comandantes. O centroavante Roger, a quem o Inter está buscando do Botafogo para assinar um contrato de dois anos, foi elogiado por técnicos ouvidos por Zero Hora e que trabalharam com o jogador de 32 anos ao longo da carreira.
Eles foram unânimes: apesar de ser um centroavante, Roger não tem como característica principal ficar encravado entre os zagueiros, ir para a trombada e marcar gols. É um atacante de outro estilo, prefere buscar a bola, trocar passes e aparecer para o jogo.
— É um goleador, presente na área. Joga rápido, tem intuição e antecipação e sabe fazer gol, sua principal função — comenta Paulo César Carpegiani, que trabalhou com Roger no Vitória, em 2009.
Quando não faz gols, tenta compensar dando opção para tabelas ou recompondo e cumprindo funções táticas, como lembra Vinícius Eutrópio, que foi técnico do centroavante na Chapecoense, em 2015:
Roger é um cara que precisa de confiança, que o treinador chegue e diga: "preciso de você, acredito em você".
SÉRGIO GUEDES
Treinou Roger no Sport em 2013
— Ele é referência, mas também sabe sair na área. Na Chape, foi o vice-artilheiro daquele ano, adquiriu uma consciência de jogo, maturidade. Era uma pessoa bem comprometida taticamente, voltava para marcar.
A eventual falta de gols lhe incomoda, garante Sérgio Guedes, seu comandante em 2013, no Sport. Mas é outra faceta de Roger, a do comportamento, que desperta comentários do treinador:
— Comigo, o Roger já chegou mais amadurecido do que no início da carreira, então não tivemos qualquer problema extracampo. É um jogador que, pode me cobrar, vai viver uma relação de amor e ódio com a torcida. Porque não é um atleta de intensidade, por isso pode parecer meio desligado. É um cara que precisa de confiança, que o treinador chegue e diga: "preciso de você, acredito em você".
O aspecto "humano" de Roger é motivo de elogios. Recentemente, o jogador passou por dois momentos particulares distintos. O primeiro foi uma reportagem da Rede Globo em que reproduzia um gol seu em 3D para que a filha, cega, pudesse entender como tinha sido. Pouco depois, o atleta teve diagnosticado (e removido) um tumor benigno em um rim.
É um excepcional profissional, tanto fora quanto dentro de campo. É um goleador em campo e uma liderança fora.
PAULO CÉSAR CARPEGIANI
Treinou Roger no Vitória em 2009
— O Roger é descontraído, uma liderança natural do grupo, até pela sua experiência. Tem vivências boas e ruins, o que é bom para um atleta — recorda Eutrópio, que completa: Tem características um pouco diferentes na comparação com Damião, que me parece mais centralizado, de mais força. Roger é mais habilidoso, recompõe mais. Com os dois, Inter está bem servido.
O atual técnico do Bahia e um dos maiores jogadores da história colorada, que define o centroavante como "uma pessoa espetacular, uma liderança", concorda:
— Acredito que foi uma ótima contratação do Inter — finaliza Carpegiani.