A noite especial do Inter, que pode alcançar os mágicos 64 pontos que o devolvem à Série A, também tem um significado especial para Eduardo Sasha. Aos 25 anos de idade — e 16 de Inter —, ele completará 150 partidas com a camisa colorada às 19h15min desta sexta-feira, contra o CRB, em partida válida pela 33ª rodada da Segunda Divisão. Até agora, marcou 32 gols nas 149 vezes em que esteve em campo. Há 11 jogos, porém, não balança as redes dos adversários. Desta vez, voltará a ter Pottker e Leandro Damião como companheiros no setor ofensivo. Eles treinaram normalmente quinta-feira, no Beira-Rio com mais de 2,5 mil torcedores nas arquibancadas, e estão liberados para a partida.
Neste bate-papo, Sasha falou sobre seu começo no Inter, quando tinha nove anos, a marca de 150 jogos, o momento do time na Série B, as críticas ao seu desempenho recente e até sobre as polêmicas em que se envolveu recentemente. Veja os principais trechos.
Qual é a sensação de chegar a 150 jogos pelo Inter?
É uma marca inesquecível para mim. Se pensar em todos os meus colegas de base que chegaram ao profissional, não deve ter dois ou três. Na verdade, daquela turma, só me lembro de ter dado certo o Alisson (goleiro da Roma). Naquele tempo, falávamos só em jogar uma vez, imagina 150.
Em que posição começou?
Sempre fui mais atacante, mas também joguei de meia. E no juvenil, algumas vezes fui lateral. Tive várias funções nesse tempo, acho que por isso tenho facilidade para me adaptar ao que os técnicos me pedem.
Hoje, ainda se considera atacante?
Acho que sou mais um meia. Venho mais de trás, não estou tão presente como um atacante deveria estar. Temos Damião e Pottker, que ficam mais na área. Sou um meia e chego por trás, menos do que eles.
Nas últimas cinco partidas, você deu cinco chutes, não fez gol ou deu assistência. Não é pouco para um atacante?
É pouco, sim. Mas é o que falei: tenho feito uma função diferente, de ajudar na marcação, de fazer transição da defesa para o ataque, jogo mais afastado da área e isso dificulta na questão de finalizações.
É pouco (presença ofensiva), sim. Tenho feito uma função diferente, de ajudar na marcação, de fazer transição da defesa para o ataque, jogo mais afastado da área e isso dificulta na questão de finalizações.
Eduardo Sasha
Meia-atacante do Inter
E já deve ter ouvido críticas a seu trabalho, por ser um "atacante tático", de recomposição, mas pouca presença na área.
Faço o que é passado para mim. Muitas vezes, quem está de fora não entende o que faço em campo. Se tiver que marcar lateral, ajudar na marcação, vou fazer. Não vejo problema. Isso é uma questão de circunstância de jogo, de esquema, dificulta para chegar na frente, mas fico feliz de ajudar em outras formas, mesmo que sejam outras pessoas a fazer os gols.
Essa polivalência veio pelos 16 anos de base no Inter? Porque você é constantemente elogiado pelos treinadores, lembro do Abel Braga e do Guto Ferreira, principalmente.
Sem dúvida. Na base do Inter, peguei o jeito de fazer outras funções. Isso facilita para fazer o que pediram todos os treinadores que trabalhei. E sei que eles gostariam de trabalhar comigo de novo. Fico feliz de poder fazer meu trabalho e seria ótimo trabalhar com eles de novo.
Mas não sente falta de fazer uns golzinhos?
Sinto, claro. Por mim, gostaria de ficar só dentro da área, parado, esperando sobrar bola e fazer gols. Mas tem outras coisas para fazer e temos que fazer o que é nos pedido e ajudar.
Está adaptado a essa função?
Não é nenhuma novidade fazer isso. Estou adaptado há tempos.
Você falou que foi lateral-direito no juvenil. O Inter teve um problema nessa temporada, sete jogadores passaram por lá. Aceitaria fazer essa posição?
Se o treinador chegar em mim e perguntar se eu faria para ajudar, aceitaria sem problema algum.
Se o treinador perguntar se eu faria (a lateral direita) para ajudar, aceitaria sem problema algum.Iria treinar, ver como seria a adaptação. Meu negócio é jogar.
Eduardo Sasha
Meia-atacante do Inter
Mas não digo como improvisação. Se fosse uma mudança de posição mesmo.
Sem problema. Iria treinar, ver como seria a adaptação. Meu negócio é jogar.
Seu começo no profissional foi em 2010, na lista para o Mundial de Clubes. Agora está na Série B, ainda que em fase final. Como está sua cabeça?
A cabeça tá tranquila. Ao longo desse período, tive algumas dificuldades. Lesões que atrapalharam a carreira. Várias vezes, perdi metade do ano. O momento de hoje é bom se pensar que comecei o ano fazendo cirurgia. Queria apenas voltar para recuperar o tempo, os quatro ou cinco meses que fiquei fora. Mas ano está sendo maravilhoso, mesmo sem estar fazendo tantos gols como queria. É que a questão de voltar a jogar me deixa mais tranquilo.
Está curado?
Quando se faz uma cirurgia, a parte afetada nunca mais vai ser a mesma. Tenho algumas limitações, mas me adaptei a elas. Vou levar essas dores até o fim da carreira. Essa última cirurgia resolveu o problema do meu tornozelo, está se recuperando aos poucos, logo vai estar 100%.
O final do ano passado foi complicado, alguns jogadores disseram que nem saíam para a rua. Como foi para você?
Nesse aspecto não mudou muito. Sou um cara caseiro, gosto de ficar com a família, fazer um churrasco na folga.
Em sua volta, contra o Oeste, foi vaiado já no aquecimento. O que sentiu?
Foi um momento difícil. Pouca gente sabe o que passei para terminar o ano e voltar depois de cinco meses de tratamento. Ficar parado tanto tempo não é fácil. Voltar sem apoio é difícil, mas sabia que estava fazendo bem o meu trabalho. Agora passou.
O que passou em 2016 que muita gente não sabe?
Deveria ter feito a cirurgia no ano passado, mas abri mão para terminar o ano, tentar ajudar. Talvez esses torcedores não tenham tido a paciência. Mas as coisas sempre foram difíceis aqui no Inter, e consegui superar.
Outra polêmica de 2016 foi a final do Gauchão (Sasha dançou valsa com uma bandeirinha de escanteio, em alusão aos 15 anos sem títulos do Grêmio) e depois a polêmica com o Luan (o atacante do Grêmio xingou o colorado após a conquista da Copa do Brasil). Como está isso?
Futebol é momento. Cada um tem seu momento de fazer uma brincadeira sadia. Cada um aproveitou seu momento.
Já falou com o Luan depois disso?
Não falei.
Vai falar?
Não.
Mas ficou alguma mágoa, alguma situação aberta?
Não tem nada. Já passou.
Aos 25 anos, elogiado pelos treinadores, o que pensa para sua carreira?
Meu sonho é devolver o Inter à Série A. Depois, vou ver o que a direção vai optar. Quero ficar, mas não depende só de mim. Só que só vou pensar nisso depois do acesso. A prioridade é subir.
Tem alguma preferência por país para atuar fora do Brasil?
Qualquer lugar fora do país da gente é difícil, precisa se adaptar. Mas tudo precisa ter calma, ter um tempo para se acostumar.
Pensou em alguma meta de gols até o fim do ano?
Se fizer mais dois ou três gols nos últimos seis jogos, vai ajudar muito.
E pensou em alguma meta de jogos nesses 150?
Quero jogar o máximo que conseguir. Agora imagina se não tivesse sofrido as lesões. Teria muito mais jogos.
D'Alessandro, por exemplo, tem 387. Tem como alcançar?
D'Alessandro é o ícone do Inter, um ídolo para todos. Vamos jogo a jogo, quem sabe chego lá? Por que não?