Torcedor Colorado ZH reproduz na íntegra uma carta que, ao que parece, recebemos aqui por engano. Era para o Leandro Damião, mas caiu aqui. "Diabinho do Areião" é o remetente.
Leandrão, faz tempo que a gente não conversa.
Tanta coisa mudou desde os nossos últimos papos que eu já nem lembro mais quando foi que nos perdemos, quando foi que você deixou de me ouvir. Eu sempre estive aqui, esperando por essa chance de conversar com você. Escrevo em forma de súplica, Leandrão, porque essa será a nossa última chance. A sua última chance.
Lembra de quando eu estava no comando? Quando você obedecia aos meus comandos. Quando éramos um. Começamos a fazer sucesso já bem tarde. Quando ninguém mais achava que tínhamos chance. Mas, de bico em bico, de testada em testada, construímos nosso caminho rumo à felicidade.
E foram tantas alegrias! Juntos, marcamos em final de Libertadores. Juntos, fomos para a Seleção Brasileira. Mais do que isso: fomos artilheiros em uma olimpíada, Leandrão! Esses não são motivos suficientes para que você se convença a me ouvir de novo? Eu, o diabinho varzeano que reside em você, te pergunto.
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Afinal, desde que você começou a escutar esse anjinho do "futebol de alto rendimento", tudo só piorou para nós. "Jogador tático", "passe de qualidade", "treino de fundamento", ora, que ultraje! Ele te levou para grandes clubes, é verdade, mas a que preço? Nunca mais marcamos aqueles gols, nunca mais tivemos o nosso nome gritado com entusiasmo por nenhuma massa ensandecida.
Não somos mais quem éramos, Leandrão. Lembra daquele teste em que nos escalaram de volante? Lembra que fomos mal e que imploramos por uma segunda chance, na nossa posição, jogando de centro avante? Lembra dos gols que a gente fez lá? Ah, que saudades do Atlético de Ibirama! Que saudades de quem éramos até 2012!
Esquece esse anjinho, Leandrão. Esquece o "Damião". Volta a ser quem você era. Quem nós sempre fomos. Não precisamos do "futebol de alto rendimento" não precisamos nem do "futebol", Leandrão, esse nunca foi o nosso esporte.
Nosso negócio é a areia, o bico, a testada. Nosso negócio é meter a bola no gol deles do jeito que for. Nosso negócio não é drible, domínio, passe de letra. Nosso negócio não é lambreta (a menos que seja só por deboche, como aquela vez contra a Argentina, aí tudo bem).
Nosso negócio não é "gol bonito".
Nosso negócio é gol.
Feio, horroroso, torto, do jeito que for. Não nascemos para Puskás, Leandrão. Nascemos para a chiripa, para a várzea. Para vivermos embriagados pela cachaça que é meter gol. Gol é cachaça, Leandrão, lembra? Não é espumante nem champagne.
E vamos empilhar gols, Leandrão, eu te prometo, agora que o vermelho que nos alçou às maiores de nossas glórias está na nossa vida de novo (e eu sempre tive uma predileção pelo rubro, mesmo).
Esquece esse anjinho, Leandrão.
Esquece o futebol.
Volta pro areião.
Dá de bico.
Vai dar certo, eu te garanto.
*ZHESPORTES