Pode um jogador apenas mudar um time? No caso do Inter de 2017, pode. A amostragem ainda é pequena, apenas dois jogos, mas o aporte de Edenílson encheu o meio-campo colorado de esperança. As duas vitórias sobre o Cruzeiro (5 a 1, no placar agregado), no mata-mata das quartas de final do Campeonato Gaúcho, foram obtidas com chegada de Edenílson.
Ainda desentrosado, ele já provocou uma pequena revolução na mecânica do time de Antônio Carlos Zago. Dias antes de eliminar o Cruzeiro, ainda sem o volante repatriado da Itália (e também sem Carlinhos), o Inter havia sido derrotado pelo time de Cachoeirinha.
- Com a chegada do Edenílson, o Inter ficou mais equilibrado no meio-campo. Consegue fazer um forte triângulo de marcação no setor, com Dourado centralizado, Edenílson pela direita e Uendel pela esquerda. Além disso, Edenílson é da família do Elias (Atlético-MG) e do Ramiro (Grêmio): volantes que marcam com qualidade e que chegam à frente - avalia Ben-Hur Pereira, treinador do Cruzeiro.
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Comparando os dois "Inter", com e sem Edenílson, Ben-Hur viu um adversário com maior qualidade a partir da chegada do volante do Genoa à equipe de Zago:
- Antes, o Inter jogava com dois volantes parados, Dourado e Anselmo. Agora, Edenílson deu ao Inter uma passagem pelo lado, um fator surpresa. Quando D'Alessandro voltar ao time, o Inter terá um losango poderoso no meio-campo.
Para o comentarista da Espn Leonardo Bertozzi, Edenílson, atuando com D'Alessandro, poderá ser o diferencial do Inter no confronto com o Corinthians, pela Copa do Brasil.
- Edenílson sempre foi um jogador muito versátil, jogando por dentro ou pela lateral, no Corinthians. Ele pode ser o Uendel espelhado, realizando a mesma função no meio-campo, pelo lado direito. Ambos têm grande facilidade para atacar e para cruzar. E, com eles, Rodrigo Dourado por fazer o que sabe de melhor: proteger a zaga. Tudo isso, somada à criatividade que o setor ganhará com a volta de D'Alessandro para enfrentar o Corinthians, deixará o meio-campo do Inter bem mais perigoso - entende Bertozzi.
Após o jogo em Gravataí, nesse domingo, o treinador colorado foi questionado sobre se Edenílson era o novo "mortorzinho" do time, como Tinga foi anos atrás. E, sobre o herdeiro da camisa 8 de Anderson, respondeu assim:
- O ritmo do Edenílson é bem diferente dos outros, pois ele já estava acostumado a isso (estava em fim de temporada na Itália). E é o que espero de todos os outros jogadores. O William é um motorzaço daquele lado (direito), fico contente do entendimento dele com o Edenílson. Ele (Edenílson) é um jogador de movimentação, que procura a profundidade, e que tem características diferentes das que nós tínhamos no elenco.
Repórter da Gazzetta dello Sport, o italiano Adriano Seu acredita que Edenílson aprimorou qualidades inatas, como a velocidade do jogo e os passes certos, após a sua passagem por Udinese e Genoa.
- A diferença de ritmo de jogo entre o futebol sul-americano e o europeu é incontestável. Na Itália, Edenílson se acostumou a essa nova velocidade da bola, do jogo, e contou ainda com treinadores que gostavam de um futebol ofensivo. Acho que é isso que Zago está percebendo agora - comenta Seu, que também foi correspondente do jornal italiano em São Paulo.
Tão importante como o advento de Edenílson foi o retorno de Carlinhos à lateral-esquerda. Para o analista de desempenho da Rádio Gaúcha, Gustavo Fogaça, o retorno do lateral ao time reconfigurou o Inter - Carlinhos havia ficado um mês fora de ação, depois de sentir uma lesão muscular no Gre-Nal. Daí, a busca do Inter por Sander, lateral-esquerdo do Cruzeiro, a fim de evitar problemas na disputa da Série B, caso Carlinhos sofra nova contusão.
- Edenílson devolveu o equilíbrio ao meio-campo do Inter, fixou Dourado como o primeiro volante e fez William jogar muito bem outra vez. Mas não foi apenas isso. Vale para Carlinhos também, pois ele permite que Uendel ficou no meio-campo. E Uendel é tão importante para essa mecânica de jogo como D'Alessandro.
Formado no Caxias, graduado no Corinthians de Tite e pós-graduado no futebol italiano, Edenílson foi uma contratação pontual do Inter e que chegou ao time (em meio ao Gauchão) como titular.
- Edenílson deu ao Inter uma solidez pelo lado direito que até então o time não tinha. Fez William crescer e deu segurança ao lateral. Entrou na equipe como se já jogasse há três anos no Beira-Rio. E tudo o que o Inter precisava era de um cara que chegasse ao time e que não se impressionasse - analisa o comentarista da RBS TV e da Rádio Gaúcha Maurício Saraiva. - Além disso, com Edenílson pela direita e com Uendel, na esquerda, o Inter também tem dois jogadores versáteis, que podem se transformar em laterais, em caso de necessidade - completa Saraiva.
O Inter de Edenílson parece se reenergizar para a fase final do Gauchão e para a etapa de clássicos na Copa do Brasil.
*ZHESPORTES