Com a vaga à quarta fase da Copa do Brasil virtualmente encaminhada, após golear o Sampaio Corrêa em São Luís por 4 a 1, o Inter deverá preservar alguns de seus titulares na partida de volta, na noite desta quarta-feira, às 21h45min, no Beira-Rio. Afinal, a má situação da equipe no Campeonato Gaúcho necessita medidas bem mais urgentes. Assim, é possível que um antigo titular volte aos planos de Antônio Carlos Zago diante dos maranhenses: Valdívia.
Em 2015, o cabeludo camisa 29 se tornou um dos principais jogadores do Inter. Primeiro com Diego Aguirre, na Libertadores e no Gauchão, depois sob o comando de Argel, nos campeonatos nacionais. Aos 20 anos de idade, fez a melhor temporada da sua vida, jogando 53 partidas e marcando 19 gols. Despertou o interesse de clubes da Europa, renovou contrato com o Inter até 2019 e, em novembro, viu a alegria fugir do seu rosto – e até as postagens nas redes sociais, um de seus grandes passatempos, minguaram. Jogando um amistoso em Belém, contra os Estados Unidos, defendendo a seleção olímpica, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Foi submetido a uma cirurgia, voltou aos gramados sete meses depois, e, desde então, nunca mais foi o mesmo jogador. Hoje, é a quinta opção para o ataque, atrás de Brenner, de Carlos, de Roberson e de Nico López.
– Valdívia tem se dedicado aos treinamentos com o grupo e está orientado a manter uma rotina de cuidados especiais, como fisioterapia e reforço muscular. Ele perdeu muitas adaptações, físicas, técnicas, táticas, relacionais, cognitivas, perceptivas e emocionais, em virtude da cirurgia e recuperação – comenta o coordenador de preparação física do Inter, Élio Carravetta. – Para um jogador como ele, que tem um diferencial criativo, confiança é fundamental para a tomada de decisão em um jogo. E 2016 não foi um ano favorável para isso – acrescenta Carravetta.
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Ainda que Valdívia tenha jogado bastante na temporada passada, após o seu retorno de uma cirurgia delicada – ele fez 32 partidas –, os seus números individuais sofreram uma sensível queda. Os 19 gols marcados em 2015, por exemplo, se transformaram em apenas quatro em 2016.
Em outubro, Valdívia amadureceu. Se tornou pai. Nascido Wanderson, e apelidado Valdívia, o atacante colorado batizou o filho com o nome de Valdívia. Pouco mais de um mês depois do nascimento do herdeiro, Valdívia pai teve a sua última grande atuação. Foi em 27 de novembro – na penúltima rodada do Brasileirão –, ao marcar o gol da vitória sobre o Cruzeiro, no Beira-Rio, semanas antes do rebaixamento. Ele substituiu Dourado aos 15 minutos do segundo tempo e, cinco minutos depois, desarmou um adversário na intermediária de defesa, correu o campo todo e, ao chegar na entrada da área, ajeitou a bola para o pé direito e marcou um golaço, vencendo o goleiro Rafael.
– Valdívia é um menino novo, que precisa de carinho – conta Lisca, técnico do Inter nas últimas três partidas do ano passado.
– Conversamos depois do jogo contra Corinthians (derrota por 1 a 0, em São Paulo). Cobrei ele, pois tivemos uma falta no último minuto, até Danilo foi para a área, e ele bateu na mão do goleiro do Corinthians. Estava meio desligado e com pouca intensidade nos treinos. Conversamos bastante, falamos sobre a vida. Me disse que confiava muito no chute de média distância, que se sentia muito cobrado, e que até havia maneirado nas postagens nas redes sociais. Depois daquilo, ele treinou muito bem a semana toda, se esforçando, sendo o melhor jogador do elenco na semana. Culminou com o gol contra o Cruzeiro. Depois, diante do Fluminense, em Mesquita (o jogo que sacramentou o descenso), se machucou no começo e acabou saindo – recorda o treinador.
Argel Fucks comandou Valdívia durante 11 meses. Justamente quando o atacante retornou aos gramados. Atual técnico do Vitória, ele entende que o jogador ainda está no prazo de recuperação da cirurgia.
– O Valdívia é um garoto fantástico, que você quer ter como filho. E teve uma lesão seríssima. Você demora oito meses para voltar ao mesmo nível e mais um ano para jogar como você jogava. Tive essa lesão duas vezes. E tem mais: Valdívia precisa de carinho, de conversa. É o típico jogador que, se você bate na mesa e grita, você perde ele – declara Argel.
Além disso, Argel entende que, por característica, Valdívia sempre jogou mais solto, sem ter a obrigação de recompor o meio-campo.
– Não vejo ele como meia, vejo como atacante, de beirada. O Valdívia não consegue ter essa recomposição. Diferente do Sasha, que ao mesmo tempo que é competitivo, é técnico. O Sasha consegue marcar e jogar. O Valdívia, não. Ele quer jogar, que fazer gol, jogada bonita – avalia.
Com Zago, Valdívia já disputou oito partidas e marcou um gol. Justamente na Copa do Brasil, o torneio que pode marcar a retomada de Valdívia.
* ZHESPORTES