Depois de desenterrar o time dos confins do Z-4 e direcioná-lo para longe do rebaixamento, Fernando Carvalho se impôs outro desafio: fazer Anderson jogar no Inter. Conheço Carvalho como dirigente há 20 anos. Trata-se de um sujeito inquieto, movido a metas, obcecado pelas vitória. Conhece futebol como poucos. Foi usando todos esses predicados que resgatou o Inter de um buraco sem luz no início dos anos 2000 e o tornou outra vez multicampeão e respeitado. Mas fazer Anderson produzir em campo algo proporcional ao seu salário e ao seu status me parece um desafio ainda maior para Carvalho. Ainda maior, não. Bem maior.
Anderson fechará em dezembro a segunda temporada no Beira-Rio. Dá para contar nos dedos suas boas atuações. Rapidamente, me vem à cabeça o jogo contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil, e o Cruzeiro, pelo Gauchão. É pouco em um universo de 80 jogos – 53 deles como titular, tendo sido substituído em 37 deles. Assim como são poucos os gols, apenas cinco, sendo três pelo Gauchão, um pelo Brasileirão e um pela Copa do Brasil. Em janeiro de 2015, desembarcou no Beira-Rio com grife de quem jogou no Manchester United, recebeu ordens de Sior Alex Ferguson e dividiu campo e vestiário com estrelas mundias como Cristiano Ronaldo, Rooney e Giggs, para citar alguns.
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Carvalho foi um dos consultados que endossaram sua contratação. Afinal, se tratava de um jogador de apenas 27 anos e com currículo invejável à mercê no mercado. Negócio de ocasião. Só que faltou ao Inter, na época, perceber um detalhe: a disposição de Anderson em voltar a ser protagonista. Desde que chegou, parece enfastiado com o futebol. Ao vê-lo jogando percebe-se a ausência de algo fundamental em um jogador, a sede pela vitória. Corre sempre no mesmo ritmo e passa a ideia de que pouco altera seu humor ganhar, perder ou empatar.
Anderson tinha potencial para estar, hoje, entre os 23 de Tite. E também para fazer parte do grupo nas duas últimas Copas do Mundo. Mas algo se perdeu nessa sua caminhada na Europa. Talvez encontrar esse brilho nele seja o mais novo desafio de Carvalho. Nesta quarta-feira, o meia (ou seria volante?) ganha nova chance. Será titular contra o Atlético-MG. Talvez seja seu recomeço. Do que ainda duvido muito.