Após enfrentar o Sport, Luis Manuel Seijas deveria correr para o aeroporto de Recife e embarcar para a Colômbia. Lá, se juntaria à seleção venezuelana para disputar dois jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo. Mas, no domingo, por volta de 22h, o meia estará no avião fretado pelo Inter voltando para Porto Alegre visando o confronto da Copa do Brasil contra o Fortaleza na semana que vem. E foi ele mesmo quem escolheu isso.
Nesta semana, informado pelo técnico da seleção de seu país, Rafael Dudamel, que seria convocado, pediu dispensa. Ainda está incomodado com as ameaças sofridas depois de perder um pênalti contra a Argentina pela Copa América Centenário. Mas a má situação do Inter no Brasileirão também pesou na decisão: Seijas conversou com o vice de futebol Fernando Carvalho e disse que queria jogar para ajudar o Inter. Mesmo que isso lhe causasse risco de não ser lembrado eventualmente em novas convocações.
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É até curioso que seja um venezuelano, o primeiro a jogar pelo Inter, quem primeiro tenha entendido o delicado momento que vive o clube. Contra o Cruzeiro, quando o time havia completado o 10º jogo sem vitória, pediu desculpas à torcida e reconheceu que a disputa no Brasileirão, daquele momento em diante, seria contra o rebaixamento.
O perfil de liderança do jogador é uma das características mais marcantes nesses dois meses de Beira-Rio. A ascendência sobre os companheiros, a postura em campo e a coragem na hora de se manifestar são alguns desses aspectos.
– É uma liderança que começa a despontar no momento. Sempre tem uma palavra para ajudar um colega no treino e no vestiário. É uma boa surpresa – aponta Fernando Carvalho.
Um exemplo foi ao final de Inter x São Paulo. Ao passar pela zona mista, antes de qualquer entrevista, alertava que Valdívia não poderia ser o culpado pelo resultado e que só desperdiçava pênalti quem tinha coragem para cobrar – o meia havia errado a penalidade aos 45 minutos do segundo tempo.
Mas ainda que surpreenda no Inter essa ascensão tão rápida, quem acompanhava sua vida em outros lugares já previa esse crescimento.
– Seijas tem esse perfil. No Santa Fe teve a liderança escancarada. Era ele quem punha a cara a bater nos maus momentos. Têm temperamento, não se rende – lembra o repórter Pablo Romero, do jornal El Tiempo, da Colômbia.
Em determinado momento, Seijas virou capitão do time. E isso não deve tardar a ocorrer também em Porto Alegre, como aponta o ex-atacante Iarley, coordenador técnico das categorias de base do Inter.
– É questão de tempo para ser o capitão. A importância de um jogador com esse perfil é muito grande, porque o grupo é jovem, precisa de pessoas que tomam decisões em campo, fale. É importante de ter alguém que dê conselhos – lembra o ídolo colorado, cujo perfil é semelhante ao de Seijas: apesar de não ter sido o capitão permanente – Fernandão e Clemer eram os donos da braçadeira –, tinha liderança no grupo campeão mundial de 2006.
Outra semelhança entre eles é a capacidade de entender também o momento em campo, não só de vestiário. Sua consciência tática também deveria ajudar no desempenho do time. Prova disso é que já exerceu três funções diferentes – segundo volante, meia centralizado e aberto pela esquerda – e em nenhuma delas teve más atuações.
– É um jogador experiente, tem 30 anos, sabe o que precisa. Cumpre sempre o que é pedido e tem lucidez – argumenta Carvalho.
Iarley vai na mesma linha:
– Um jogador assim tem que saber bem o comportamento tático, para orientar os companheiros, saber motivar, saber orientar.
O que falta a Seijas é conseguir, enfim, sair de campo vitorioso. Porque apesar de sua entrega em campo e das características positivas, o venezuelano, o primeiro a vestir a camisa do Inter, ainda não soube o que é comemorar três pontos após 90 minutos. Sua nova chance é às 18h30min deste domingo.
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