Dois momentos do primeiro treino de Paulo Roberto Falcão em seu retorno ao Inter ilustram a principal mudança que o novo técnico quer para seu time. Vamos a eles.
Situação 1: bola do lado esquerdo, Raphinha recua para Alan Costa, que entrega a Paulão. O zagueiro percebe William marcado e vê Rodrigo Dourado apertado. Sem alternativas próximas arma a perna para jogar a bola para o ataque. Quando fazia o movimento clássico para dar o balão, o apito é soprado. Para tudo.
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Situação 2: lateral pelo lado direito. William olha para o meio, mas os jogadores não estão livres. À frente, Sasha tem Geferson em seu encalço. Após quatro passos para trás e um gesto típico de quem vai arremessar a bola para um atacante, o apito é soprado. Para tudo.
Ao fundo, ouve-se a voz de Falcão:
– Olha pra trás, o Paulão tá livre!
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Se não está proibido, o balão (chutão, bico para cima, sorteio, chame como quiser) será, ao menos, evitado. Falcão quer a a bola no chão, com aproximação entre os jogadores e triangulações.
– O chutão é uma ilusão de 10 segundos – comentou o novo técnico, naquela que foi a mais marcante frase de sua terceira apresentação no Inter, agora com contrato até julho do ano que vem.
Até o goleiro deve participar da saída de bola, se necessário. Ontem mesmo, Muriel acabou acionado algumas vezes, mesmo que a habilidade com os pés não seja sua virtude.
Afora as tentativas de jogar pelo chão, houve uma pequena alteração no sistema tático do trabalho de terça, comandado por Odair Hellmann, que será o principal auxiliar de Falcão – até o momento, o técnico não indicou ninguém para aumentar a comissão técnica. Em vez do 4-2-3-1, o time foi desenhado no 4-4-2. O pivô desta alteração é Andrigo. O jovem foi deslocado da função central de meia para o ataque, fazendo os movimentos ofensivos ao lado de Vitinho. Os quatro jogadores do meio-campo ficaram praticamente em linha: Sasha pela direita, Dourado e Bob no meio, Ferrareis na esquerda. A defesa teve William, Paulão, Alan Costa (Ernando apenas acompanhou o treino em razão de um desgaste muscular) e Raphinha. Seijas ficou com o coordenador de preparação física Elio Carravetta, recuperando-se de lesão no tornozelo. Pode aparecer no treino de hoje.
O trabalho de uma hora e meia foi todo dedicado à questão tática. Antes de ficar com os 11 em um time, o treinador trabalhou oito jogadores do sistema defensivo – titulares e reservas. O objetivo era mostrá-los como deseja ter a marcação e a cobertura.
Assim deverão ser os próximos dias. O foco de Falcão será na parte tática. Prometeu "aproveitar o que de bom foi feito por Argel" e "tirar algo a mais do time":
– Não gosto de trabalhar em cima de motivação só. Gosto de ter qualidade de jogo.
De preferência, sem balão (chutão, bico para cima, sorteio, chame como quiser).
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