Foi depois de 17 minutos em campo, no primeiro jogo de 2016, que Andrigo despontou. O gol contra o Bayer Leverkusen, pela Florida Cup, deu ao guri de 21 anos a confiança necessária para mostrar que, sim, tinha deixado de ser "o cara da base que o Manchester United quer" para virar uma realidade no time profissional do Inter. Daquele jogo em Fort Lauderdale a este domingo, no Beira-Rio, quase cinco meses depois, o meia nascido em Estrela virou titular de Argel, base da movimentação ofensiva e protagonista da decisão do Gauchão. Passa por ele a tentativa colorada de conquistar o hexa estadual, às 16h, contra o Juventude.
Andrigo foi decisivo em Caxias do Sul. Além do gol, em que demonstrou inteligência para se livrar da marcação, habilidade para receber o passe de Vitinho, deixando a bola à feição para concluir, e perícia para chutar longe do goleiro Elias, o jogador foi o destaque em outros aspectos. Seus 18 passes certos e as apenas sete bolas entregues para o adversário garantiram o controle da partida. Seus três arremates a gol e duas assistências deram contundência ofensiva. E até sua substituição, por cansaço, nos últimos minutos, foi necessária para paralisar o jogo e diminuir o ímpeto do Juventude.
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É essa maturidade para encarar a aposta de Argel para a decisão. O técnico, na entrevista de sexta-feira, contestou informações de que teria sido forçado a escalá-lo pela direção. Para ele, Andrigo mereceu a vaga.
– É um jogador que vem crescendo a cada partida, é a confiança. Procuramos dar oportunidade para todos e a performance mantém no time. Andrigo tem aproveitado a oportunidade – comentou o técnico.
Para chegar a esta oportunidade, Andrigo precisou superar algumas dificuldades. Aos 15 anos, a cobiça de Manchester United e Barcelona deu um status de estrela a um adolescente. Pouco depois, teve uma lesão grave, rompeu o ligamento cruzado anterior. Ficou quase um ano parado.
– Foi aí que ele se mostrou um obstinado. Venceu as dificuldades e voltou a ser destaque na base até chegar ao profissional. Te digo: a gente pode sempre se enganar com algum talento da base, mas com ele não teve engano nenhum. E ele está se soltando, não é egoísta com a bola. Vai melhorar ainda mais – aponta Bernardo Stein, o Marabá, coordenador técnico da categoria de base que descobriu Andrigo.
A melhora do meia levou-o à titularidade justamente contra o Juventude, ainda na fase inicial do Gauchão. No Alfredo Jaconi, 28 de fevereiro, Andrigo começou jogando e ficou 82 minutos. Só foi reserva em mais jogo, contra o Lajeadense. Nunca mais saiu. Há uma curiosidade: apenas contra o Brasil-Pel o meia começou e terminou a partida. Em todas as suas outras 14 participações no Estadual, viu do banco o apito inicial ou final dos árbitros.
– Ele evoluiu em todos os aspectos desde a pré-temporada. Está mais maduro física e mentalmente. Recebeu as oportunidades do Argel e teve personalidade para aproveitar – diz o auxiliar técnico Odair Hellmann, que elogia a habilidade do meia em chutar com os dois pés e a capacidade de finalização.
A evolução de Andrigo pode chegar ao seu auge neste domingo. Se for protagonista da decisão – como foi em Caxias – dará dor de cabeça a Argel também no Brasileirão, quando o Inter terá reforços para a posição, como Seijas. E poderá repetir a frase da pré-temporada, depois do gol contra o Bayer Leverkusen:
– Sei reconhecer as pessoas que me ajudaram. Fiquei um tempão na base e sei agradecer.
Talvez Argel nem precise de outro abraço. Só de mais um gol.
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