Com base em uma auditoria externa, o Conselho Fiscal fez ressalva ao controle interno da gestão Vitorio Piffero em seu primeiro ano na presidência do Inter. O documento, assinado pela Baker Tilly Brasil, aponta problemas na apresentação de documentos fiscais e em comprovações de despesas.
Segundo o texto, há notas fiscais com data de emissão inexistente, falta de assinaturas para determinados custos e de aprovação das vice-presidências responsáveis e até mesmo a invalidade de um CNPJ junto à Receita Federal. ZH teve acesso com exclusividade ao documento (leia a íntegra aqui), que não havia sido enviado aos conselheiros até a tarde desta quarta. O presidente do Conselho Fiscal, Geraldo da Camino, preferiu não se manifestar a respeito.
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A reunião do Conselho Deliberativo de segunda-feira promete ser de ânimos acirrados devido à análise da Baker Tilly Brasil. Segundo os auditores , "há pendências de regularização mediante devolução ou prestações de contas" para adiantamentos a prestadores de serviço, ao gabinete da presidência e à vice-presidência de futebol. Um saldo de R$ 621.330,13 encontra-se pendente de regularização. Neste ponto, o texto destacou um valor aproximado de R$ 400 mil que teria sido repassado para a empresa SC Turismo – que organiza as viagens do Inter. Outra quantia, sem a devida regularização segundo a auditoria, é de cerca de R$ 135 mil, depositada na conta da empresa Filafil Comércio Eirelli, uma empresa de confecção de roupas sob medida, segundo o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica.
"A concessão destes adiantamentos foi realizada anteriormente ao mês de setembro de 2015; portanto, já decorreram mais de 120 dias, sem a devida prestação de contas", descreve o parecer da Baker Tilly.
Há, também, questões contraditórias em recibos, concessões em adiantamentos, bem como informalidades na prestação de contas ou devoluções de quantias.
"Observamos também que junto à documentação comprobatória da despesa, não foram apresentados orçamentos ou tomada de preço para fins comparativos do valor da despesa contraída pela entidade", consta na página 12 do documento.
– Temos informações de que estes números de adiantamento que precisam de comprovação já ultrapassam a casa do R$ 1 milhão – afirma um conselheiro que pediu para não ser identificado.
O vice de finanças do Inter, Pedro Affatato, afirma que alguns processos do clube serão revistos a partir do parecer da Baker Tilly. Segundo Affatato, alguns prestadores de serviço e fornecedores demoram a oferecer a nota fiscal para o clube, impactando no balanço e nas demais questões contábeis do clube. Quanto à aprovação com ressalvas por parte do presidente do Conselho Fiscal do Inter, Affatato definiu:
– É questão de ponto de vista. Não é questão de documento, é questão de processos para controle. Eles (Baker Tilly) solicitaram novos processos e cuidados e já tomamos providências para a melhoria disso. O melhor balanço da história do Inter será apresentado para o Conselho no próximo dia 11. Tudo é transparente dentro do clube, estou muito tranquilo a respeito disso – afirmou Affatato.
Quando fala em "melhor balanço da história do Inter", o vice-presidente menciona outra auditoria externa, feita a pedido da direção do clube pela Saweryn e Associados Auditores Independentes. Os auditores da Saweryn recomendaram aos conselheiros a aprovação fiscal sem ressalvas. Entre os pontos em destaque, o aumento da receita do clube em todas as áreas, uma receita bruta de R$ 297 milhões e um faturamento bruto de R$ 366 milhões, além da redução de R$ 30 milhões no custo operacional do departamento de futebol, incluindo remuneração de atletas – atualmente, a folha salarial do grupo profissional está em R$ 5,5 milhões. Neste documento, a direção revela, inclusive, a venda do goleiro Alisson para a Roma por R$ 21,5 milhões – um dos motivos para o superávit de R$ 27,5 milhões.