Ao driblar o lateral Edílson e cruzar para o gol de Valdívia no Corinthians, Paulão não contribuiu apenas com a vitória de virada do Inter sobre o líder do Brasileirão. O zagueiro levou o torcedor a uma viagem de volta ao passado, quando os ponteiros dominavam o futebol. O técnico Argel Fucks, com algum exagero, comparou o lance do zagueiro com as jogadas de Garrincha. Tanto que, em uma sacada de marketing, o Inter convocou a torcida para o jogo deste sábado, contra o Figueirense, às 18h30min, no Beira-Rio, da seguinte maneira:
- Não viu Garrincha jogar? Venha ver Paulão.
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Garrincha nunca correu em frente à antiga social do Beira-Rio. Valdomiro, sim. Foi rei naquele pedaço de terra, vestindo a camisa 7 do Inter. No mesmo chão pisado por Paulão, que construiu o gol que deixou o Inter a dois pontos da zona garante vaga na Libertadores de 2016.
- Sabe por que a torcida ficou encantada com o lance do Paulão? Porque ela não consegue mais ver esse tipo de jogada. Hoje, os caras cruzam do meio-campo. Por favor. Essa jogada, no Inter, consagrou goleadores como Claudiomiro, Flávio, Dario e Bira - afirma Valdomiro. - Trata-se de um lance genial porque é simples: Paulão teve coragem de ir para cima do lateral, tocou a bola na linha de fundo, completou a meia-lua e cruzou a bola para trás. Fazíamos isso três, quatro vezes a cada partida - recorda o ex-ponta.
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Dono de uma marca imbatível pelo Inter - 707 jogos pelo clube, de 1968 a 1980 -, Valdomiro torce para que Paulão invista outra vez sobre os defensores adversários. Porém, ele entende que por trás do lance do zagueiro contra o Corinthians há um alerta aos laterais e atacantes colorados:
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- Paulão tem personalidade. Tomara que repita o drible. Mas essa jogada deve servir como puxão de orelhas para os laterais e atacantes do Inter. São eles que devem ir à linha de fundo de cabeça erguida e cruzar. Se fizerem isso, garanto que 90% das jogadas acabarão em gols, pois os zagueiros estão todos de costas para esse lance e os atacantes, chegando de frente para a goleira.
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Valdomiro quer dar um presente para Paulão: um arquivo com todas as suas jogadas de linha de fundo. Mais: o camisa 7 do Inter na vitoriosa década de 70 também se coloca à disposição para um workshop de cruzamentos na linha de fundo para laterais e atacantes.
- No meu tempo de Inter, jogávamos na quarta-feira e, na quinta, o Seu Gentil (o roupeiro Gentil Passos, no clube até hoje) deixava o meu material separado com quatro estacas. Eu as colocava no suplementar e treinava dribles em ziguezague e cruzamentos. Eram 40 por treino. O Wianey Carlet muitas vezes queria me entrevistar após os treinos e cansava de esperar - conta Valdomiro.
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Na noite deste sábado, diante de um adversário matreiro, que bateu o Inter nos dois últimos encontros no Beira-Rio (no ano passado, inclusive com Paulão fazendo um gol e abrindo vantagem de 2 a 0, o Inter acabou derrotado por 3 a 2), a torcida autoriza que Paulão seja apenas Paulão e que impeça os gols do Figueirense. Uma vitória pode colocar o time de Argel no G-4.
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