Há colorados que se sentem tranquilos em dia de Gre-Nal, ou ficam até contentes e brincalhões como um boleiro em roda de samba. Eu, não. É um dia tenso desde o momento em que o sol nasce até o apito final, com períodos de euforia intercalados por outros de angústia - uma turbulência psicológica que faz o Fabrício parecer um monge budista.
E, como no creo en brujas, pero que las hay, las hay, para aliviar o nervosismo busco sinais místicos que indiquem o que ocorrerá a seguir. Não chego a estripar animais para ler o destino desenhado nas vísceras, como faziam os antigos romanos, mas interpreto cada acontecimento como uma possível mensagem dos deuses do futebol (aqueles mesmos que tiraram férias nos anos 80 e 90 e voltaram com tudo depois).
Se paro em um sinal vermelho, ótimo, sinal inequívoco de vitória da camisa encarnada. Se passar por uma vitrine e avistar o bonequinho de um banana de pijama todo sorridente, bem, aí é mau sinal. Sou capaz de atravessar para o outro lado da rua.
A História também serve como presságio. Por isso, talvez interesse aos demais colorados um fato que eu desconhecia até pouco tempo atrás. Há exatos 84 anos, em 26 de abril de 1931, o Inter venceu não um, mas TRÊS Gre-Nais. Sim, todos no mesmo dia. No primeiro embate, em que os terceiros times de cada clube se enfrentaram no mítico Estádio dos Eucaliptos, os vermelhos venceram os azuis por 2 a 1. Em seguida, estava programada uma partida dos chamados aspirantes de cada lado. Mais uma vez, o Inter deu de relho: 2 a 0.
No último e mais importante confronto, entre as equipes principais, os colorados não deram chance e impuseram mais uma derrota aos coirmãos pelo campeonato citadino - 1 a 0. Era muita supremacia para um dia só, e o clima esquentou. Ross, que havia marcado o gol da vitória, foi chutado quando estava caído, teve início uma tremenda barafunda. Briga generalizada, polícia dentro do gramado, um escarcéu. Em razão da fumaceira, o jogo teve de ser interrompido quatro minutos antes do final.
Se oito décadas atrás conseguimos vencer três clássicos em um único dia, não seria demais pedir aos atletas colorados que vençam unzinho só hoje. Que a história se repita - sem as lamentáveis cenas de briga - e o apito final na Arena marque não só o fim do nervosismo, mas o começo de mais uma celebração vermelha.
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