Para Marcelo Flores, é emblemático o fato de que Roberto Carlos, um dos principais nomes da música no país, seja o primeiro grande show do reformado Beira-Rio. O evento aponta para uma realidade que o CEO da Brio, empresa criada para gerir o estádio após a reformulação, acredita ser o ponto inicial da nova fase da casa colorada.
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Flores admite que a crise econômica atrasou seus planos para o estádio, mas mantém o otimismo. As primeiras lojas do Street Mall, mix de lojas ao redor do complexo, devem ser inauguradas até o final de abril.
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Em junho, a estrutura do anfiteatro estará finalizada e poderá até receber bandas antes do já confirmado show do Los Hermanos. O Sunset Beira-Rio, área no terraço do edifício-garagem com vista para o Guaíba, também é realidade para até 90 dias.
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A tarefa de Flores é consolidar a venda dos camarotes e aumentar a presença de público nas áreas VIP do estádio. Na tarde de sexta-feira, Marcelo Flores conversou com ZH enquanto a produção de Roberto Carlos encerrava os detalhes para a apresentação do Rei. Confira:
Havia muita expectativa sobre o que viria a ser o Beira-Rio após a reforma. A avaliação é positiva neste primeiro ano?
As coisas não estão indo na velocidade com que eu esperava. Tem trâmites legais a ser cumpridos, trâmites comerciais...A economia do país prejudicou muito. Tínhamos casos praticamente fechados em que o cliente disse: "Vou ter de segurar, não posso assinar esse contrato agora". O mercado imobiliário está congelado. Porto Alegre tem 12 mil imóveis encalhados. Quando o mercado está em ebulição, você não se mexe.
A alta do dólar pode ser prejudicial para mais shows no Beira-Rio?
Show internacional hoje você fecha um ano, um ano e meio antes. Para quem fechou um show em junho do ano passado tinha o dólar a R$ 2,20. Hoje você tem a mesma moeda a R$ 3,40. Isso impacta porque a margem que o produtor tinha se esvaiu com o dólar. Tem de renegociar, mas é difícil para o artista entender isso. Neste ano, a cidade, o Beira-Rio e as grandes arenas sofrerão muito com shows internacionais.
Mesmo com a crise, é possível dizer que o Street Mall será realidade ainda este ano?
Como é um shopping atípico, uma vez que o público já vem ao Beira-Rio justamente por conta do estádio, não temos a necessidade de uma inauguração. Mas em abril as lojas já estarão em funcionamento. Até o final do ano, 75% das lojas estarão locadas. Hoje tenho 50%, apenas. Quando as lojas abrirem, o entorno começa a chamar a atenção. O empresário que não está seguro repensa sua estratégia. A vacância é natural, está prevista. Mas se o mercado permitir, podemos chegar à vacância zero.
Se percebe um aumento no público dos camarotes e áreas VIP.
Hoje, dos 66 camarotes, temos 50 locados. Nós triplicamos o número de clientes da área VIP. Eu acho que está melhorando, mas não está de acordo com minha expectativa. Hoje estou jogando minhas previsões um ano e meio para a frente. Mal ou bem, a Copa do Mundo prejudicou um pouco. Depois, a Fifa só deu quitação nos últimos dias de dezembro. Isso complicou um pouco o planejamento que havíamos pensado.
O Sunset Beira-Rio segue em pauta?
Estaremos com uma estrutura um pouco menor, mas que estará voltada para o bem-estar. Teremos foodtrucks, quiosques, mesas para a família aproveitar a orla e a margem do Guaíba. Será o local em que você, dentro de uma estrutura privada, que é o Beira-Rio, terá conforto, segurança, lazer, alimentação, uma área para estacionar seu carro.
O torcedor do Inter entendeu o que recebeu?
Em 2012, tivemos trabalho. Eu sou colorado, sou sócio do Inter há quase 30 anos. O torcedor é passional, acha que é seu. Me viam como um cara que estava entrando de gaiato na história. Natural. Hoje, o torcedor percebeu que tem um edifício-garagem, um estádio em alto nível, com conforto, próximo ao gramado, não tem mais fosso, divisórias. D'Alessandro, hoje, faz um gol e corre, literalmente, para a torcida. O torcedor está mais próximo. Não apenas do clube, mas da parceira.
E o retorno financeiro?
Você faz previsões. Como disse, o problema é a crise. Minha curva hoje está baixa. Há dividendos que eu esperava para 2014, 2015, que já estou esperando para 2016, 2017. A maturação do negócio foi jogada mais para a frente.
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Alexandre Ernst
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