O clássico de sábado, no Mineirão, entre Cruzeiro e Inter, teve o seu auge nos anos 70. Mineiros e gaúchos viraram referência de rivalidade e de bom, futebol. Em um prazo de três meses, de dezembro de 1975 a março de 1976, os clubes fizeram dois dos jogos eternos da história do futebol brasileiro.
Se em 14 de dezembro, o Inter de Elias Figueroa se sagrava campeão nacional, com o gol do zagueiro chileno que cabeceou dentro de um feixe de luz do pôr do sol do Guaíba, em 7 março de 76 o Mineirão presenciava a forra do Cruzeiro, com um inacreditável 5 a 4 sobre os gaúchos.
O Cruzeiro, treinado por Zezé Moreira, contava com virtuoses como Raul, Nelinho, Zé Carlos, Palhinha, Joãozinho, mais o tricampeão Wilson Piazza. O Inter de Rubens Minelli tinha o fenômeno Manga com seus dedos quebrados, Figueroa, Falcão, Carpegiani, Caçapava, Valdomiro, Flávio, Lula e companhia.
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Quatro passos para o Inter vencer o Cruzeiro no Mineirão
Em 1975, o "Gol Iluminado", como ficou conhecido, marcou uma época. Pela primeira vez um clube do sul conquistava o Brasil.
- Naquele dia, as grandes conquistas se abriram para Inter e Grêmio. Isto foi parte do meu discurso aos jogadores antes de entrar em campo. Quando vi o Beira-Rio lotado, disse: "É a nossa casa, ela está cheia, e nós seremos campeões essa tarde" - conta o camisa 3.
Ídolo do Cruzeiro, o atacante Palhinha lembra com dor da final de 75. Física e sentimental. Aos 64 anos, ele lembra da "monstruosa" atuação de Manga, não aceita a falta que gerou o gol e recorda do cotovelo de Figueroa.
- Não houve falta no gol do Figueroa. Mas, enfim, é passado. Jogamos muito naquele dia, mas o Manga fez de tudo. Foi uma das maiores atuações de um goleiro que vi na vida. Ele parecia um polvo, parecia ter oito braços - diz Palhinha. - E saí de campo com o nariz fraturado. Fiquei muito magoado com o Figueroa, pois me agrediu de propósito - acrescenta.
No ano seguinte, Palhinha teria a sua vingança. O ótimo ataque do Cruzeiro passou a contar com Jairzinho, o Furacão da Copa de 70. Com a nova parceria, Palhinha foi um dos destaques do 5 a 4, no Mineirão, pela Libertadores. Marcou dois gols no começo da partida.
Quando o Cruzeiro vencia por 3 a 1, o atacante decidiu que era a hora de retribuir "o carinho" recebido do chileno em Porto Alegre.
- Tentei revidar o cotovelaço do Beira-Rio. Mas Figueroa era um expert nesta arte. Eu, não. Dei e acabei expulso - diverte-se Palhinha. - Figueroa foi o maior zagueiro do mundo. Ele disse que era mais fácil parar o Pelé do que parar o Palhinha. Ficamos amigos depois daquilo tudo - relata.
"O Inter tem um bom time. Acho que falo com o coração, mas podemos vencer, sim. Aposto em um 2 a 1, para o Inter, ainda que não espero que se repita um jogo do tamanho daquele de 75 ou de 76 dessa vez".
ELIAS FIGUEROA, ex-zagueiro do Inter
"Torcerei para o Cruzeiro, é claro. Mas se trata de um jogo sem prognóstico. São dois times iguais. O Cruzeiro é mais homogêneo, mas não será surpresa alguma se o Inter vencer".
PALHINHA, ex-atacante do Cruzeiro
As escalações
INTER
Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga; Caçapava, Falcão e Carpegiani; Valdomiro (Jair), Flávio e Lula.
Técnico: Rubens Minelli.
CRUZEIRO
Raul; Nelinho, Darci Menezes, Morais e Isidoro; Piazza, Zé Carlos e Eduardo Amorim (Souza); Roberto Batata (Eli Mendes), Palhinha e Joãozinho.
Técnico: Zezé Moreira.
O Gol Iluminado
Em 1975, Inter venceu o Cruzeiro e conquistou o primeiro título brasileiro
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