A área de marketing e de novos negócios do Grêmio tem um novo responsável. Anunciado na semana passada, Leandro Figueiredo chegou a Porto Alegre nesta semana para liderar o projeto de captação de novas receitas e negócios do clube.
— Nós vamos fazer muito barulho, a gente vai realmente manter o Grêmio, colocar o clube cada vez mais em destaque. Nada acontece se o torcedor não estiver conosco, não adianta. Então criar esse processo de confiança é um grande desafio, acho que tanto dos mineiros quanto dos gaúchos.
Aos 43 anos, o executivo teve, principalmente, passagens como head de patrocínios da Estrela Bet, site de apostas que estampa sua marca em diversos clubes do Brasil, e como diretor de Negócios e marketing do Atlético-MG.
Mineiro, Leandro tem familiaridade com o Rio Grande do Sul. Ele era um dos responsáveis pela relação da casa de aposta com o Inter, uma das equipes patrocinadas pela empresa.
— Acho que independente se eu sou mineiro, se eu sou gaúcho, se eu sou carioca, se eu sou paulista, eu venho com muita vontade de fazer as coisas acontecerem. É realmente sacudir o ambiente, sacudir os projetos, as estruturas. Eu estou me sentindo em casa, só faltou o pão de queijo — respondeu, aos risos.
O futebol brasileiro vive uma fase de grandes aportes financeiros em clubes como Flamengo, Palmeiras, Atlético-MG e Botafogo. O Grêmio frente a essas equipes tem o desafio de captar novas receitas e negócios para se tornar minimamente competitivo em busca de títulos.
— O Grêmio já é competitivo, o que a gente tem que fazer agora é unificar todas as nossas plataformas e conseguir trazer uma unicidade às marcas. Branding por branding não causa mais diferenciação no mercado, a exposição é importante é óbvio que é, mas o que a gente faz por trás disso é o que traz diferencia. Eu quero encher o uniforme, quero trazer muito dinheiro, como eu fiz no Atlético-MG. A gente pegou o clube em 2020 e em quatro anos nós chegamos a mais de 250% de crescimento de receitas publicitárias — ressaltou Figueiredo.
Os namings rights da Arena do Grêmio sempre foram um tema citado em conversas, desde a construção do novo estádio gremista. Questionado, o novo executivo gremista disse ser favorável à negociação, ainda que envolva também a gestora do local.
— Eu acho que tem que ter. Se me perguntarem, tem que ter naming rights de tudo, do estádio, do setor, do espaço "x". Você tem que vender tudo. Você vai nos Estados Unidos, você tem a Pepsi patrocinando o Norte e a Coca-Cola patrocinando o Sul. Você tem que trazer isso e isso é uma grande sacada de posicionamento de marca — completou.
Confira a entrevista completa
Porto Alegre e Belo Horizonte têm um cenário parecido em questão de clubes. O que você traz de aprendizado do Atlético-MG?
A área de marketing de negócios precisa ter sua própria identidade. Nós temos que respeitar a cultura local, isso vai ser sempre feito, porque futebol é religião, futebol é fé. Mas nós também temos que romper alguns status quo que existem no esporte de uma forma geral.
Quando eu olho para a estrutura do Grêmio hoje, eu me vejo como lá no Atlético em 2020, quando eu tive que usar a minha ambidestria profissional. Quero o quê? Olhar os processos existentes, que já funcionam bem, buscar processos de melhoria para eles, trazer inovação para o processo, mas com um olhar no futuro.
Quando eu olho para a estrutura do Grêmio hoje, eu me vejo como lá no Atlético em 2020
Nós vamos fazer muito barulho, a gente vai realmente manter o Grêmio, colocar o clube cada vez mais em destaque. Nada acontece se o torcedor não estiver conosco, não adianta. Então criar esse processo de confiança é um grande desafio, acho que tanto dos mineiros quanto dos gaúchos. As pessoas chegam, o torcedor observa, o torcedor vive da esperança, vive da fé do próximo ano.
Como já está o planejamento para 2025?
Nós já estamos discutindo orçamentos, mas eu já tenho várias ideias de implementação desde a parte nossa de patrocínios, de readequação dos nossos patrocínios, captar novos patrocinadores com urgência para colocar no nosso uniforme, não somente no uniforme, mas também nas outras frentes de contato que nós temos com os torcedores.
Eu tenho que entender quais são os meus pontos de contato e como nessa linha de comunicação eu consigo trabalhar o tripé: promoção, paixão e resultado para o clube. Quando eu consigo equilibrar esses três pontos, os meus patrocinadores entendem que o investimento no Grêmio é um dos mais assertivos para serem feitos. Se você analisar o investimento no futebol, é um dos menores custos por mil do mercado, porque um lance que eterniza, isso vai para o digital, isso tem uma perenidade monstruosa.
A torcida comanda o negócio. Então o olhar vai ser 100% para ela
A torcida comanda o negócio. Então o olhar vai ser 100% para ela. Eu vou estar na arquibancada junto com eles, cada dia eu vou estar num lugar diferente, porque eu quero entender no detalhe o que eles precisam.
Eu estava vendo os números vendo a participação, a gente já continua ainda em um patamar de sócios torcedores como um dos maiores do Brasil e o grande desafio dos clubes realmente no futebol é como que se mantém uma base de sócios mesmo quando as vezes o resultado não vem dentro de campo.
O grande desafio dos clubes realmente no futebol é como que se mantém uma base de sócios
A gente vai trazer cada vez mais benefícios para que o torcedor perceba que não é no momento de alta que ele tem que pagar o plano, o interessante é que ele fique o ano inteiro conosco, para que a gente consiga até ter também planejamento orçamentário até para conseguir contratar ídolos e novas estrelas.
O maior desafio do Grêmio frente a outros clubes talvez seja a captação de novas receitas e negócios. Como tornar o Tricolor competitivo?
O Grêmio já é competitivo, o que a gente tem de fazer agora é unificar todas as nossas plataformas e conseguir trazer uma unicidade às marcas. Branding por branding não causa mais diferenciação no mercado, a exposição é importante é óbvio que é, mas o que a gente faz por trás disso é o que traz diferencial. Eu quero encher o uniforme, quero trazer muito dinheiro, como eu fiz no Atlético-MG. A gente pegou o clube em 2020 e em quatro anos nós chegamos a mais de 250% de crescimento de receitas publicitárias.
A gente precisa posicionar muito bem o Grêmio no Rio de Janeiro, em São Paulo
O que a gente tem que fazer é aumentar a nossa força comercial, melhorar o nosso relacionamento fora do eixo do sul. A gente precisa posicionar muito bem o Grêmio no Rio de Janeiro, em São Paulo, onde você tem as grandes marcas com poder de decisão muito grande. Para o mercado o sul como um todo é um mercado prioritário. Nós somos influenciadores e consumidores também. Preciso sair daquela teoria de que eu anuncio em um e não posso anunciar no outro. Em Minas Gerais, nós conseguimos quebrar isso demonstrando que não existe esse boicote de marcas. Quem tiver maior competência, maior torcida e maior entrega, terá condições de ter uma marca e outra não.
O clube precisa captar novos sócios, mas também fidelizar os que já estão no programa. Como fazer essas duas coisas ao mesmo tempo?
Acho que o nosso maior desafio hoje é a retenção. Se analisar os nossos números de sócios são bons. Podem melhorar? É claro que podem, que isso já foi demonstrado, essa força e essa paixão da torcida, lá atrás e querendo ou não, a nossa régua eleva. Ela sobe, mas meu maior desafio hoje é retenção. Eu só vou conseguir reter isso tendo o que? Muito benefício, muito marketing de escassez e muita prioridade de acordo com o plano.
A gente sabe da situação financeira da torcida, eu também não posso deixar de desprestigiar esse torcedor, porque todos são importantes, mas obviamente o que a gente mais quer é que o Grêmio esteja cada vez mais presente no dia a dia dele. Vamos ser muito sinceros, futebol é caro.
A gente sabe que o campo interfere muito no marketing de um clube. Como é lidar com essas duas áreas e fazer com que elas trabalhem juntas?
Vendas, no final do dia é venda. Se eu para bater uma meta, preciso visitar 10 clientes e se está difícil bater essa meta, eu tenho que começar a visitar 20, 30 e 40 não posso diminuir o ritmo porque o time não está performando. Isso que eu aprendi no futebol, a minha velocidade tem que ser a mesma, porque se perdeu, o torcedor não vai deixar de ser gremista. Pode ficar chateado conosco, pode, mas ele não vai deixar de ser apaixonado a gente sabe disso.
Estive muitos anos no Atlético-MG. Mesmo não ganhando, a gente não parou em nenhum momento, e aqui vai ser da mesma forma. Espero que obviamente a gente ganhe muitos títulos. Mas, se não estiver performando, vamos trabalhar com a mesma velocidade e com o mesmo posicionamento de mercado.
Muito se cobra sobre a oferta de serviços de padrão europeu nos jogos. Como fazer isso na Arena?
Realmente a operação da Arena não é nossa. Ainda não tive nenhuma oportunidade de conversar com eles. Vou citar alguns exemplos da experiência que eu tive à frente da Arena (do Galo) mesmo por pouco tempo.
Primeiro, na questão tecnológica, um super app integrado em que você consiga antecipar até o seu consumo, já pague tudo em casa, um "WazeTorcedor" que, por exemplo, te dá os melhores caminhos ao estádio. Isso facilita a experiência.
Vou ter a oportunidade de conversar com eles (Arena do Grêmio) pra gente pensar no match day. Como é que eu trago, por exemplo, o torcedor mais cedo pra cá, quais são os benefícios que consigo fazer para pais, mães, crianças, adolescentes.
O futebol não concorre só com os outros jogos, é com o Circo de Soleil na cidade, é com o lançamento do Netflix de uma série nova, é uma apresentação de um show internacional na cidade. Tudo isso concorre com o seu ecossistema.
O Grêmio possui uma equipe de e-sports. Como fazer para potencializar também essa modalidade?
Acho que não falamos só de trazer grandes jogadores, mas também os influenciadores. E-sports é um caminho sem volta então nós temos que entendê-lo, dentro do Pro Evolution Soccer, do FIFA do League Of Legends, do Counter Strike, quem são essas referências. Nós já temos alguns parceiros aqui de e-sports. Eu venho com o desafio de trazer um processo de governança que os projetos sejam altamente sustentáveis, porque eu não posso depender de um investimento do clube para que eu possa fazer determinados projetos.
E-sports é um caminho sem volta então nós temos que entendê-lo
Tenho que ter muito pé no chão, mas nós já vamos construir, dentro da nossa plataforma multicanal de venda tanto entregas de experiência de esportes, de uniforme de centros de treinamentos, de programa de sócio torcedor, de NFTs, de tokens de realidade aumentada. É um arcabouço que eu tenho de entregas.
Qual o seu maior desafio no Grêmio?
É posicionar o Grêmio realmente no cenário nacional principalmente para o mercado de São Paulo, onde estão os maiores compradores. Meu desafio é demonstrar que é possível através dessa potência, que nós temos de comunicação, trazer muito resultado às marcas que se associarem ao clube. Isso é uma construção, isso não é uma corrida de 100m, é uma maratona que a gente vai seguir.
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