No Grêmio desde os 13 anos, Everaldo Marques da Silva estreou pelos profissionais quando tinha 18, em novembro de 1962, num jogo contra a Seleção Gaúcha. Teve uma passagem por empréstimo ao Juventude, em 1964 e 1965, onde chegou a atuar como volante e meia. Ao retornar ao clube, assumiu o posto que era de Ortunho, outro ícone da lateral esquerda tricolor.
— Era um jogador clássico, marcava e saía jogando. Jogava simples, mas tinha muita categoria, tanto que antes de ser lateral foi centromédio (volante) — contou o ex-jogador João Severiano, o Joãozinho, em entrevista para Zero Hora em 2020.
Em 1967, aos 23 anos, o gremista foi chamado pela primeira vez para defender a Seleção Brasileira. Conquistou a Copa Rio Branco, no Uruguai. Depois, participou das Eliminatórias para a Copa e assegurou vaga entre os relacionados para o Mundial do México, onde conquistou o Tri com uma das melhores equipes de todos os tempos.
Dias depois de conquistar a Copa de 1970, Everaldo foi imortalizado na memória do Grêmio. Em decisão aprovada pelo Conselho Deliberativo, a bandeira do clube ganhou uma estrela dourada para homenagear o lateral.
Dois anos após a glória no México, o time de Zagallo enfrentaria a Seleção do Rio Grande do Sul no amistoso que teve o maior público da história do Beira-Rio. O treinador não convocou Everaldo, o que inflamou a torcida gaúcha contra a equipe nacional. Anos depois, o meia Rivellino disse que o jogo parecia ser na Argentina, tamanha a animosidade enfrentada. A partida terminou 3 a 3, com o lateral representando seu Estado.
Ainda em 1972, Everaldo se envolveu em um lance que marcou negativamente sua carreira e praticamente encerrou sua trajetória no Grêmio. Ao perceber que o árbitro José Faville Neto marcaria um pênalti contra o time, o jogador desferiu-lhe um soco. Resultado: um ano de suspensão. A atitude surpreendeu a todos, já que o atleta não tinha histórico de conduta violenta e indisciplina.
No Tricolor, jogou nove temporadas e conquistou três títulos gaúchos (1966, 1967 e 1968). Foram 374 jogos pelo clube, com 212 vitórias, 108 empates e 54 derrotas. Marcou dois gols, ambos diante do Esportivo, um em 1970 e outro em 1972. Também fez dois gols contra. Seu último jogo com a camisa gremista ocorreu em 8 de setembro de 1974, menos de dois meses antes de sua morte. Pela Seleção, disputou 29 partidas. Everaldo morreu aos 30 anos, em um acidente de trânsito no dia 27 de outubro de 1974, na BR-290. A tragédia vitimou ainda a esposa dele, uma irmã e a filha mais nova.
Vida pessoal
Everaldo era apaixonado pelas músicas do seu amigo Lupicínio Rodrigues. Na vitrola do jogador, tocava ainda o cantor Paulo Diniz e muito samba. Certa vez, quando a família já morava na Vila Assunção, os convidados para o jantar foram Jamelão, Sargentelli e suas mulatas. No Carnaval, o lateral era Bambas da Orgia fanático, tanto que desfilou por vários anos pela escola.
Na vida familiar, um programas dos Silva era frequentar a chácara D e D (Daisy e Denise, nomes das filhas), que tinham em Viamão. Everaldo gostava de estar sempre bem arrumado. Por ter sido campeão do mundo, era cortejado em todos os locais que frequentava. No auge da carreira, ganhava 15 salários mínimos (hoje, cerca de R$ 21 mil). O que acabou não rendendo grande patrimônio.
PELO GRÊMIO
- 374 jogos
- 212 vitórias
- 108 empates
- 54 derrotas
- 2 gols marcados
PELA SELEÇÃO
- 29 jogos
- 17 vitórias
- 10 empates
- 2 derrotas