Depois de duas derrotas, o Grêmio conseguiu sua primeira vitória na Libertadores ao bater o Estudiantes por 1 a 0, em La Plata, na noite desta terça-feira (23), em jogo no qual Renato Portaluppi conseguiu conter as principais armas do time argentino. O Desenho Tático de GZH mostra como foi a estratégia do treinador gremista para superar seu rival Eduardo Domínguez.
Escalações
Renato apostou na escalação de um time experiente no Estádio Uno, deixando os garotos Gustavo Nunes, Nathan Fernandes e Gustavo Martins no banco. A dupla de zaga foi formada por Geromel e Kannemann, enquanto Fabio fechou o lado esquerdo como lateral. Pepê retornou para formar a dupla de volantes com Villasanti e Galdino foi o substituto de Pavon no lado direito do ataque.
O sistema 4-2-3-1 foi mantido, mas com um ajuste no posicionamento de Pepê determinante para o Grêmio encaixar sua marcação. O Estudiantes também iniciou no 4-2-3-1, mas variando o posicionamento de seus homens de meio-campo. Em muitos momentos, Jose Sosa recuava pelo lado esquerdo para dar maior liberdade para Ascacibar pela direita.
Como Renato marcou
A primeira estratégia defensiva do Grêmio consistiu em adiantar o time e marcar o Estudiantes já no campo de ataque. No meio-campo houve encaixe nas peças. O meia Cristaldo ficou responsável por Enzo Fernández, o primeiro volante argentino, Villasanti marcou Sosa, enquanto Pepê colou em Ascacibar.
Mas Pepê teve outro papel determinante. Quando o Grêmio tinha a posse, ele caía pelo lado esquerdo se juntando a Soteldo e sobrecarregando o lateral Mancuso. A forma de atacar do time argentino depende muito das subidas de Mancuso. Assim, Renato compensou o fato de não ter um lateral-esquerdo para avançar - Fabio teve posicionamento mais defensivo – e ainda matou uma das jogadas fortes do Estudiantes.
A estratégia de Renato funcionou e tirou tanto o volume ofensivo quanto de posse de bola do Estudiantes. O time argentino teve 49% de posse na primeira etapa, seu menor percentual nos primeiros 45 minutos de um jogo no Estádio Uno nesta temporada. A equipe argentina até finalizou cinco vezes, mas nenhuma no gol de MarchesÍn. Foi do Grêmio a chance mais clara do primeiro tempo, com Soteldo, que acabou travado pelo zagueiro Romero quando estava cara a cara com o goleiro Mansilla.
Expulsão e trocas
O segundo tempo começou com o Grêmio conseguindo empurrar o Estudiantes para trás. Cristaldo acertou o travessão logo no início. A superioridade do Tricolor, porém, correu risco quando Villasanti foi expulso aos 20 minutos, após levar o segundo cartão amarelo.
Com um a mais, Eduardo Domínguez, que já tinha feito uma troca de centroavantes com Guido Carrillo no lugar de Javier Correa, optou por sacar um dos seus zagueiros. Lollo saiu para a entrada do atacante Mauro Méndez. Com isso, Enzo Pérez foi recuado para a zaga.
Antes da expulsão, Renato já conversava com Nathan Fernandes e Gustavo Nunes e seguiu com a ideia de mandar a dupla a campo mesmo com a perda de um jogador. Eles entraram pelos lados do campo nos lugares de Galdino e Soteldo. Dodi foi chamado para a vaga de Cristaldo. O Grêmio, então, postou-se em duas linhas de quatro, tendo JP Galvão adiantado.
Não demorou muito para a velocidade da dupla Gustavo Nunes e Nathan Fernandes aproveitar os espaços da alterada e cansada defesa do Estudiantes. Aos 29, Nathan lançou Gustavo, que passou por Romero. O mesmo Nathan apareceu na área para completar o cruzamento do companheiro e anotar o gol da vitória.
— A minha estratégia era soltar os garotos no segundo tempo porque iríamos encontrar esses espaços. Não foi só por causa da expulsão que eles vieram para frente, eu tinha certeza de que eles iriam se abrir no segundo tempo. Aconteceu mais cedo pela expulsão e foi uma estratégia pensada. O Galdino começou porque era um jogo de choque contra um adversário alto. No segundo tempo, com espaços seria hora dos garotos — explicou Renato após o jogo sobre a ideia de deixar Nathan Fernandes e Gustavo Nunes no banco.
O técnico ainda fez uma última troca: Gustavo Martins no lugar de JP Galvão para ter uma linha de cinco defensores quando o Estudiantes já colocava seis jogadores adiantados no seu ataque. Mas o Tricolor correu poucos riscos além do gol bem anulado de Carrillo. O Grêmio colocou fim à sequência de cinco vitórias do Estudiantes da temporada e renasceu na Libertadores muito pela estratégia de Renato, que desde o início não abriu mão de atacar o adversário mesmo fora de casa.