O primeiro jogo da final do Gauchão terminou sem vencedor. O duelo entre Juventude e Grêmio, no Alfredo Jaconi, neste sábado (30), foi marcado pela intensidade nos duelos e de pouco trabalho no meio-campo. Os dois times optaram por saltar linhas com bolas longas e as disputas físicas foram a marca de uma partida de poucas chances de gol. O Desenho Tático de GZH mostra como foram os movimentos de Roger Machado e Renato Portaluppi ao longo dos 90 minutos.
Escalações
Sem Mayk, suspenso, e com Reinaldo ainda no departamento médico, Renato optou pela escalação do lateral-direito Fábio na esquerda. Com um lateral improvisado no setor, o treinador gremista fez uma inversão no posicionamento de seus volantes. Mais marcador, Villasanti jogou pelo lado esquerdo para auxiliar Fabio e Pepe pelo lado direito. No Juventude, Roger Machado contou com o retorno do lateral-direito João Lucas, ausente no Beira-Rio por lesão, para marcar o promissor Gustavo Nunes.
Como Juventude e Grêmio iniciaram o jogo:
Os dois times iniciaram pressionando a saída de bola. O Grêmio quase teve sucesso logo no início em lance que Villasanti acabou fazendo falta em Caíque, mas esteve perto do desarme. O Juventude também complicou a saída gremista.
Grêmio subia jogadores para marcar a saída do Juventude:
Com pouco espaço para jogar pelo chão, Juventude e Grêmio optaram por não correr riscos. Os dois times passaram a saltar a primeira pressão com chutões. Assim, os duelos passaram a ser diretos por primeira e segunda bola. O cenário foi favorável aos zagueiros. De um lado, Zé Marcos e Rodrigo Sam levaram a melhor sobre Diego Costa. Do outro, Kannemann, principalmente, e Rodrigo Ely, superaram Gilberto.
Em alguns momentos, Roger Machado até recuou um pouco sua marcação permitindo aos zagueiros gremistas saírem jogando. Rodrigo Ely e Kannemann tinham liberdade com a bola, mas as opções de passe seguiam marcadas.
Não foi por acaso que Renato Portaluppi mostrou muita irritação quando aos 44 minutos Caíque tentou dar uma passe para Rodrigo Ely, que não esperava, e a bola sobrou para Rildo, que avançou e chutou cruzado para uma defesa de recuperação do goleiro no que foi a chance mais clara do Juventude na primeira etapa. Não era um jogo para o Tricolor correr risco na saída de bola, pela visão do treinador.
Ofensivamente, o Juventude foi superior ao Grêmio nos primeiros 45 minutos. O Tricolor foi para o intervalo com quatro finalizações, mas nenhuma delas no gol. O Juventude teve seis, três no alvo.
Mudanças no segundo tempo
O Juventude voltou mais ativo para o segundo tempo e com o volante Caíque um pouco mais adiantado conseguiu levar perigo com roubadas rápidas. Assim, o time de casa teve três chegadas logo no começo da etapa final.
O Grêmio até conseguiu controlar esse ímpeto inicial, mas Renato não demorou para mexer. Vendo a incapacidade da equipe de executar um jogo de troca de passes, o treinador gremista sacou Pepê e Cristaldo para as entradas de Du Queiroz e Dodi. O sistema tático gremista mudou do 4-2-3-1 para o 4-1-4-1 .
Grêmio passou a ter um tripé de volantes no meio-campo:
O time mais físico proposto por Renato Portaluppi serviu para o Grêmio ter um maior controle defensivo do jogo. É verdade, porém, que o Tricolor pouco conseguiu atacar com a entrada de Soteldo e uma inversão de posicionamento de Gustavo Nunes sendo medidas nada efetivas.
No total, o Grêmio finalizou seis vezes ao longo do jogo, mas apenas duas no alvo sendo que nenhuma delas foi de dentro da área. O Tricolor igualou seus jogos com menor número de finalizações no gol neste Gauchão, muito por mérito da boa marcação do Juventude.
Ao final da partida, Roger explicou que sua estratégia passou por atacar já projetando o posicionamento correto na perda da bola para evitar o contra-ataque, o que poderia ser a arma do Grêmio diante da dificuldade de propor jogo.
— A ideia era quando a gente tivesse terminando a jogada por um lado já estivesse atento para interromper. Era importante em um primeiro momento compactar ofensivamente quando a gente tivesse a bola. Se fala muito de compactação defensiva, mas era importante compactar ofensivamente para um segundo momento. Isso interrompeu as ações do Grêmio — observou.
Por outro lado, Renato Portaluppi citou o gramado do Alfredo Jaconi como um fator que influenciou para o Grêmio ter dificuldade de impor seu jogo dando a entender que na Arena o Tricolor deverá tentar trocar mais passes mesmo que seja pressionado pelo adversário.
— O nosso jogo é mais técnico, de mais passes. O Juventude levou um pouco de vantagem porque estão mais acostumados a fazer isso. O campo favoreceu mais o time do Juventude do que a gente. Lá na Arena será diferente —projetou.
Com o placar zerado, os números mostraram uma leve superioridade do Juventude, que teve mais a bola (54%) e também finalizou mais. O time da Serra teve um total de 11 finalizações, sendo seis no gol. Já o Grêmio chutou seis bolas, mas apenas duas no alvo. Ou seja, o Juventude teve o triplo de chutes no gol que o Tricolor.
Os dados de passe também mostram como o jogo foi de pouca construção. As duas equipes juntas não chegaram a somar 500 passes. Foram 427 passes certos na partida, 241 do Juventude e 186 do Grêmio. Os dados são do Footstats, que refletiram bolas mais longas e menor construção.
Renato prometeu que na Arena o gramado facilitará para o Grêmio melhorar esses índices. Já Roger Machado tentará repetir contra o Tricolor o que fez no Beira-Rio na semifinal, quando foi certeiro na marcação e conseguiu cortar o jogo ofensivo do Inter.
Números do jogo
- Posse de bola: Juventude 54% x 46% Grêmio
- Finalizações: Juventude 11 x 6 Grêmio
- Finalizações no alvo: Juventude 6 x 2 Grêmio
- Jogador com mais finalizações: Rildo, do Juventude, com três
- Passes certos: Juventude 241 (86,7% de efetividade) x 186 Grêmio (81,6% de efetividade)