Como o próprio presidente Alberto Guerra gosta de frisar, o Grêmio saiu de um momento de reconstrução, em 2023, para uma temporada de continuidade, em 2024. E um dos tijolos do alicerce de time que permaneceu de um ano para outro é o volante Pepê.
O jogador de 26 anos reencontrou a sequência como titular que lhe foi roubada por uma lesão ainda do Gauchão do ano passado. Neste campeonato, já são sete jogos em sete rodadas. Ele estabeleceu uma dupla dinâmica com o paraguaio Villasanti, em que os dois precisam se alternar entre ataque e defesa, em uma balança que tem a missão de contribuir no setor ofensivo sem desguarnecer os zagueiros.
Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (12), Pepê avaliou o empate amargo com o São Luiz na última partida e falou sobre uma das novidades da semana: a chegada do centroavante Diego Costa. Além disso, o atleta contratado a pedido de Renato Portaluppi se rende ao trabalho do treinador, o melhor com quem já trabalhou na carreira, garante. O meia já foi comandado por nomes como Jorge Jesus e Rogério Ceni, no Flamengo, Jorginho e António Oliveira, no Cuiabá. Leia, a seguir, os principais trechos da conversa.
O que aconteceu para o jogo contra o São Luiz não ter dado certo para o Grêmio? E a conversa pós-jogo de vocês no vestiário, o sentimento de que ficaram devendo, de fato, e como estão para o próximo jogo do Gauchão?
De fato, a gente tem consciência de que não fez um grande jogo. Acho que o São Luiz ofereceu dificuldade para a gente. Não conseguimos lidar com isso da melhor forma. A gente sabe da cobrança, da responsabilidade que temos. A gente queria a vitória. O São Luiz veio bastante recuado, conseguiu sair algumas vezes rápido. A gente não teve armas para combater da melhor forma. Acho que a gente teve mais finalizações do que eles, mais controle do jogo. A gente não conseguiu concluir em gol. Mas sabemos que tem mais um jogo agora quarta-feira. A gente vai para a vitória.
No ano passado, o Grêmio conseguiu compensar a quantidade de gols sofridos com gols feitos no ataque. A impressão que o torcedor tem hoje é que o Tricolor ainda tem algumas dificuldades defensivas na parte da marcação. Por que o torcedor tem essa impressão de que alguns times têm essa facilidade para trabalhar a bola especialmente no setor de meio-campo do Grêmio?
Acho que a gente é uma equipe muito ofensiva. Normalmente, uma equipe que é bastante ofensiva, que faz muitos gols, muitas vezes ela toma gols. É lógico que a gente precisa melhorar essa parte. Desde o ano passado, a gente sabe que precisa melhorar. E esse ano, com certeza, a gente quer isso. Mas como eu falei no princípio, a gente é uma equipe que ataca muito. A gente sempre quer pressionar, criar bastante chances. Às vezes, a gente sofre um pouco atrás com isso. Tem um ano todo para a gente melhorar. A gente sabe dessa cobrança, e o Renato tem pensado nisso. Tem passado as informações, as estratégias que ele pensa. De fato, esse ano a gente vai melhorar, sim.
É inegável o grande jogador que ele é, a quantidade de clubes que ele jogou, a quantidade de gols que ele fez. A gente está muito feliz de ele estar aqui.
PEPÊ SOBRE DIEGO COSTA
Nova contratação do Grêmio
Tu fostes um jogador que se destacou desde o início. Teve, inclusive, uma comparação feita pelo Renato com o Maicon. Depois, tu tivestes alguns problemas físicos e, quando tu ficastes fora, era notável que o Grêmio sentia falta. Como está a tua questão física para esse ano?
No ano passado, aquele jogo lá contra o Ypiranga, eu tive uma lesão muito complicada. A relação com o campo contribuiu muito com isso. Eu acabo caindo num buraco e acabo machucando. Aquela lesão me afeta praticamente a temporada inteira. Eu vou e volto daquela lesão e machuco no segundo jogo. Realmente, era uma lesão complicada. Isso me complicou bastante. Eu nunca tive um ano de lesões. Eu nunca tive lesões na minha carreira e, no ano passado, tive que lidar com isso. Mas eu tenho que fazer disso um aprendizado e esse ano eu tenho tudo para ser diferente. Consegui fazer sete jogos agora, seguidos. Minha ideia é sempre jogar todo jogo. Já falei isso no ano passado e falo agora de novo que sempre quero jogar. Jogador quer jogar, e eu sou fominha. Mas isso tudo é com cautela.
Como você tem visto a parceria com o Villasanti no meio-campo?
Eu gosto muito de jogar com o Villa. Acho que a gente já tem um entrosamento bem alto porque o ano passado a gente jogou junto e neste ano tem muito a melhorar. De fato, às vezes ele sai mais, às vezes eu saio mais. Depende do jogo, do momento, por onde o adversário está atacando, por onde a gente está atacando. É importante a gente saber que, quando um vai, o outro fica. Eu sou muito feliz de jogar com o Villa. Ele é um grande companheiro de equipe. E este ano tem tudo para melhorar.
O quanto o Diego Costa pode agregar no time, não só na questão técnica, mas na questão de experiência, em um grupo de muitos jogadores jovens? Como está a expectativa para recebê-lo?
Vamos abraçar. É inegável o grande jogador que ele é, a quantidade de clubes que ele jogou, a quantidade de gols que ele fez. A gente está muito feliz de ele estar aqui. Com relação ao Suárez, eu já havia dito: passou, ele foi um excelente companheiro de equipe para nós. A gente foi muito feliz. Ele, de fato, é sensacional. Ajudou muito no ano passado, e agora a gente deseja as melhores coisas para ele. Agora, o Diego Costa é um grande jogador. Isso é indiscutível. Acredito que ele vai ajudar muito nesse ano, se Deus quiser.
Eu acho que o Gre-Nal tem um aspecto técnico, tático, mas eu acho que quem estiver mais preparado mentalmente vence o jogo.
PEPÊ SOBRE O GRE-NAL
Clássico será em 25 de fevereiro
O Grêmio também teve bons números no Brasileirão muito em função do Suárez. Do teu ponto de vista, como um meia, quais são as características que um centroavante precisa ter para jogar com vocês?
O Luis, no ano passado, a gente procurava ele, porque ele era muito diferente. Eu não sou centroavante, mas eu acho que um meio-campo, um “beirada”, ele gosta de um centroavante que gosta de um jogo curto, que sai da área, que sabe a hora de sair da área, de pisar na área, que consegue ganhar a primeira bola para que a gente consiga ficar com a segunda bola. Eu acho que varia de centroavante para centroavante. O Luis é de um jeito. O Diego é de outro. A gente sabe da parte da entrega, que eu, o lateral, o zagueiro, o meio-campo precisam ter e com o centroavante não é diferente. O centroavante que sai da área, que faz bastante gols, logicamente, acho que essas são características importantes.
Como que são as conversas de vocês com o Renato sobre a questão do estilo de jogo, marcação? Esses debates são de quem está do lado de fora, de dizer que o time precisa ser mais marcador?
O que vem de fora a gente não pode deixar atrapalhar a nossa parte interna. Isso é um assunto mais do Renato, depende do jogo. Essa pergunta teria que ser mais para o Renato. Ele que monta mais a estratégia, dependendo do jogo. É lógico que, por exemplo, o ano passado a gente foi o time com mais vitórias no Brasileirão. A gente não foi campeão. Acho que é um time que ataca muito, mas eu acho que o estilo de jogo o Renato impõe. A gente obedece a ele. É o que ele tem na mente dele. Ele não vai abrir mão.
Aquele pênalti contra o Corinthians, em São Paulo, pelo Brasileirão, que não foi marcado para o Grêmio, foi um lance que ficou marcado para vocês?
A gente fica triste porque foi claríssimo o pênalti. Estava no final do jogo. O Reinaldo ia bater. E o aproveitamento do Reinaldo era muito grande. Provavelmente, a gente ganharia aquele jogo. Seriam dois pontos a mais. A gente, teoricamente, seria campeão. Mas, no futebol, não existe o “se”. A gente fica triste por não terem marcado o pênalti, mas eu acho que passou. A gente precisa olhar para o copo cheio e não para o copo vazio. A gente fez uma campanha que a gente veio da Série B. A gente ouviu muita gente falar que o nosso grupo não era tão qualificado assim. O nosso grupo era muito qualificado, e a gente fez uma grande campanha. Eu acho que o nosso time era muito bom, tanto que a gente conseguiu ser o segundo colocado. Esse ano é melhorar. A gente não vai ficar acomodado com a condição do ano passado.
Baseado no que aconteceu no ano passado, o Grêmio tem condições de repetir o que foi feito no Brasileirão ou nas outras principais competições desta temporada?
Eu acho que sim. Com muito pé no chão, igual a gente fez no ano passado. A gente trabalhava quietinho. Esse ano precisa ser igual, com muito pé no chão, muita humildade. É com essa intenção, com esse desejo, que a gente vai. É importante frisar que, com muita humildade e pé no chão, a gente consegue ir longe.
Ele sabe gerir muito bem o grupo. Ele sabe os atalhos. Ele jogou bola. Ele sabe muito mais do que a gente em muitas coisas.
PEPÊ SOBRE RENATO
Volante foi pedido do técnico
O que representa o primeiro Gre-Nal do ano, na fase de classificação? Já é assunto no vestiário?
Internamente, isso não é discutido porque o jogo é só daqui a duas semanas. Acho que a gente tem que focar no Ypiranga, no Santa Cruz, depois a gente pensa neles. Mas é um clássico. A gente tem consciência disso, e a gente vai para conquistar a vitória.
Quais foram as características do Gre-Nal que mais te chamaram a atenção?
Eu acho que o Gre-Nal tem um aspecto técnico, tático, mas eu acho que quem estiver mais preparado mentalmente vence o jogo. Quem for mais capaz de entender os atalhos, o que o jogo está pedindo, quem tem mais personalidade, disposição, vence o jogo. Acho que, às vezes, muito mais do que a parte técnica e tática, o Gre-Nal se decide mentalmente.
Nesse aspecto mental, o Renato é um treinador que faz a diferença?
Sim, o Renato é o melhor treinador que eu já trabalhei até hoje. Ele sabe gerir muito bem o grupo. Ele sabe os atalhos. Ele jogou bola. Ele sabe muito mais do que a gente em muitas coisas. A gente escuta ele. Essa parte mental do Renato, ele sabe lidar com isso. Ele passa isso para a gente, e ajuda muito.
Quais foram as instruções que o Renato te deu e como foi a conversa com ele para estabelecer que tu serias essa figura tão importante no sistema do Grêmio?
O Renato já me via jogar no Cuiabá. Ele que, praticamente, pediu a minha contratação. Ele já sabia das minhas funções no Cuiabá. Ele me trouxe para cá sabendo que eu seria um segundo volante. Eu tento escutar o que ele quer me passar e obedecer. Eu, de fato, na base, jogava de meia. Joguei de ponta-esquerda. Hoje, estou mais como primeiro e segundo volante. Acho que, nas funções do meio campo, eu, graças a Deus, consigo me adaptar bem.
A experiência de jogar em outras posições te ajuda a desempenhar a tua função hoje?
Com certeza, o jogador versátil consegue se adaptar mais nas funções dentro do campo. Por eu ter jogado em muitas posições, eu consigo me adaptar mais fácil. Eu fico feliz, porque em quanto mais posições eu puder ajudar o professor, eu estou à disposição.
Para ti, qual é a importância de ter duas figuras como Kannemann e Geromel, quando tu tens a bola, e quando não tem a bola, sabendo que os dois estão atrás de ti?
A segurança que eles passam é um absurdo. O Geromel tem a parte mais técnica do jogo. Eu não tinha jogado com o Geromel no ano passado e, quando eu joguei, eu fiquei espantando com a facilidade que ele tem de lidar com a bola, com a leitura de jogo. Por ter 38 anos, é uma parada bizarra. O Kannemann, aquela intensidade que ele tem. Eles se completam muito. Eu fico muito feliz em participar dessa parceria que eles tem na saída de bola. É uma honra para a gente.