Sinônimo de segurança nos melhores momentos do clube nos últimos anos, a defesa do Grêmio virou uma dor de cabeça para Renato Portaluppi. Enquanto o ataque apresenta bom rendimento, o sistema defensivo está com dificuldades. O time tem a sexta pior defesa do Brasileirão. São 31 gols sofridos em 23 jogos. O Tricolor está na frente no quesito apenas de Santos, América-MG, Coritiba, Vasco (times do Z-4) e Bahia.
Na Arena, são 10 gols sofridos em 12 rodadas. Fora de Porto Alegre, o número dispara para 21 gols em 11 partidas. O empate com o Corinthians escancarou as dificuldades do Grêmio em se defender. Após abrir dois de vantagem no primeiro tempo, o time sofreu um apagão e cedeu três gols ao adversário em apenas seis minutos. Também faltou competência na segunda etapa ao ceder o empate depois de conseguir a virada.
— Vacilamos. Acordei alguns no vestiário. A minha conversa foi mais sobre aqueles minutos. Meu time jogou muito bem. Meu time joga para frente, independentemente do adversário. Eles tiveram intensidade. Eles se desligaram (nos minutos finais do primeiro tempo). Não estiveram focados, e o Corinthians se aproveitou. Tirando aqueles minutos, eles jogaram bem — disse Renato após a partida.
Se os números defensivos seguirem neste mesmo patamar, o Grêmio repetirá o rendimento de 2021. Naquele ano, em média, o time sofreu 1,3 gol por partida. Extrapolando essa estatística para as 15 partidas restantes, a projeção final seria 51 gols. Foi exatamente o número de gols sofridos em 2021, ano do último rebaixamento da equipe. Também marcará o segundo pior desempenho do clube desde que o Brasileirão passou a ter 38 rodadas. Em 2011, o Tricolor levou 57 gols.
A principal justificativa para o rendimento ruim é a dificuldade de proteger a própria área. Uma missão que vai além apenas dos zagueiros. O Grêmio é o time que mais sofre finalizações no Brasileirão. No total, são 368 oportunidades para os adversários. Os números são um pouco melhores em termos de chutes certos. Com “apenas” 118 finalizações no gol do Tricolor.
Um problema que não se observa só com a bola no chão. O time de Renato é o segundo que tem mais bolas cruzadas na sua área. São 138 oportunidades de cabeceio para o adversário, contra 140 do Santos. Dos 31 gols sofridos, 12 ocorreram em lances de bolas áreas.
— Vejo que o Grêmio sofre do mesmo mal desde o início da temporada. É uma equipe que ataca muito bem, mas suas transições defensivas não são consistentes, a proteção da entrada da área acaba sendo mais complicada e gera espaços importantes. Pegando o recorte do jogo passado, ter Pepê e Villasanti apenas com essas características também pesou. Por isso, o Renato também tem mudado a estrutura para tentar encaixar melhor o sistema defensivo — opinou Gabriel Correa, analista do projeto Footure.
Uma das explicações para os problemas do setor é a falta de entrosamento. Em 23 rodadas, foram 10 combinações de miolo defensivo. E é possível que o jogo desta quarta-feira (21) tenha uma outra dupla inédita.
Pedro Geromel participou normalmente da atividade com bola no CT Luiz Carvalho da última terça-feira (19). O zagueiro passou os últimos dias em recuperação de uma lesão muscular. Caso o experiente defensor esteja em condições, é possível que ele forme dupla com Rodrigo Ely. Caso Renato opte por uma opção com melhor ritmo de jogo, Bruno Alves deve ser o escolhido.