Desembarcou na manhã desta terça-feira (4) o primeiro reforço do Grêmio após abertura da janela de transferências. Juan Manuel Iturbe chega para ser mais uma peça para o setor ofensivo de Renato Portaluppi. O argentino naturalizado paraguaio é opção para atuar como extrema pelos dois lados do campo, mas também joga pela faixa central do campo, próximo do centroavante.
Filho de paraguaios, mas nascido em Buenos Aires, Iturbe foi ainda criança para o país de sua família. Lá iniciou a trajetória no futebol no Cerro Porteño, onde estreou como profissional com apenas 16 anos. A aparição precoce no time principal chamou atenção na Argentina. O então presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA) Julio Grondona entrou na jogada e convenceu o jovem a atuar nas seleções de base da Albiceleste.
Naquele momento Lionel Messi despontava no Barcelona como principal estrela do futebol. Também de baixa estatura para o futebol atual — tem 1m70cm –, canhoto e com as características de habilidade e de iniciar pelo lado direito levando a bola para seu pé bom, não demorou muito para que Iturbe fosse apontado como novo Messi.
Ele até teve bons momentos na base da Argentina. Jogou um Mundial Sub-20 e dois Sul-Americanos. Em um deles, marcou um golaço que garantiu uma vitória sobre o Brasil de nomes como Neymar, Casemiro, Lucas Moura e Oscar, em 2011.
No mesmo ano, Iturbe foi vendido pelo Cerro para o Porto por 4 milhões de euros. Sem espaço em Portugal, porém, acabou emprestado para o River Plate em 2013 para defender pela única vez na carreira um clube do seu país. A trajetória no Monumental de Núñez não pode ser definida como um fracasso, mas ficou longe do brilho que se esperava de quem outrora havia sido comparado a Lionel Messi.
— Ele atuou por um ano no River Plate sem um grande desempenho. Não digo que tenha ido mal, mas também não empolgou. Esteve com Ramón Díaz (que antecedeu a chegada de Marcelo Gallardo) e atuou como extrema e também como segundo atacante — recorda Sebastián Srur, da Radio Continental, de Buenos Aires.
Volta à Europa com brilho
Depois da passagem sem tanto sucesso pelo River, Iturbe viveu na Itália o melhor momento da carreira. Entre 2013 e 2014 defendeu o Hellas Verona, quando marcou oito gols (todos eles no Campeonato Italiano) e deu cinco assistências, quando teve sua temporada mais goleadora.
O bom desempenho despertou interesse de um dos grandes da Itália. Em julho de 2014, a Roma pagou 35 milhões de euros para contar com Juan Manuel Iturbe. O desempenho na capital italiana esteve longe do esperado pelo investimento. Com apenas cinco gols em 68 jogos, ele acabou emprestado inicialmente para Bournemouth e Torino, na Europa. Depois foi para o futebol mexicano defender o Tijuana. Também defendeu Pachuca e Pumas no México antes da ida à Grécia para defender o Aris, seu último clube.
Seleção paraguaia
A chegada de Ramón Díaz para comandar o Paraguai teve impacto na carreira de Iturbe. Seu técnico no River Plate, o argentino convenceu o atacante a aceitar defender a seleção paraguaia. Em 2016, veio sua primeira convocação para a Albiroja. Assim como nos clubes, porém, Iturbe não conseguiu render o esperado. Ele não chegou a marcar nenhum gol pelo Paraguai e não joga pela seleção desde 2019.
— Iturbe gerou uma grande esperança porque era conhecido do Ramón Diaz, que foi seu treinador no River Plate. Ele estreou contra o Brasil em um jogo que ficou marcado por não ter corrido para marcar o Daniel Alves quando o Paraguai cedeu o empate após ter aberto 2 a 0 no placar. Iturbe até teve uma partida destacada contra a Bolívia, em La Paz, na sequência, mas não deslanchou com a Albiroja — conta Jorge Saucedo, da Rádio Uno, do Paraguai.
Encaixe no Grêmio
Os altos e baixos da carreira de Iturbe se deram muito pela dificuldade de competitividade. Em razão disso, chegou a sair da ponta para atuar como um segundo atacante por dentro para ter uma menor obrigação defensiva. Foi assim, por exemplo, que atuou no Pumas com o técnico José Miguel González, conhecido como Míchel.
Dentro da forma de jogar do Grêmio, Iturbe teria que ter uma participação maior defensiva caso seja escalado como extrema no 4-2-3-1, o sistema tático preferido de Renato Portaluppi. Na formação com três zagueiros, quando o Tricolor passa para o 3-4-2-1, haveria um facilitador por ter os alas ocupando os lados de forma mais adiantado lhe permitindo um papel menor na volta por fora. Foi assim, por exemplo, que Renato conseguiu equilibrar o time para ter Bitello e Cristaldo mais próximos de Suárez sem contar com extremas na equipe.
Mapa de calor de Iturbe na última temporada mostra maior participação nos lados do campo:
Temporadas com mais gols de Iturbe: 8
- Verona, 2013/14, em 33 jogos
- Pumas, 2018/19, em 38 jogos