De promessa da base à estátua, Renato Portaluppi construiu uma história no Grêmio dividida em quatro capítulos. Em sua quarta passagem pelo comando da equipe, o técnico tem nesta quarta-feira (31) a decisão por uma vaga às quartas de final da Copa do Brasil pela frente. Justamente na noite em que o gaúcho de Guaporé completará 450 jogos como treinador do seu clube do coração. Uma competição conquistada em 2016, seu primeiro título pelo Tricolor, e que ainda guarda um lugar especial na lembrança de Renato.
Técnico que mais vezes comandou o Grêmio na história, Portaluppi tem no jogo desta quarta contra o Cruzeiro mais uma oportunidade de acrescentar feitos na sua passagem pelo clube. Basta olhar para trás, em seus 13 anos de experiência desde que aceitou o convite para dirigir o Tricolor pela primeira vez, para encontrar motivação para o jogo das 20h, no Mineirão. Antes da decisão, Renato respondeu GZH com exclusividade
Quais os jogos de mais lembranças positivas?
Os jogos que mais tenho lembranças são aqueles em que conquistamos os títulos. Uma lembrança com alegria melhor. Mas não que os outros não tenham importância. Mas títulos sempre serão títulos.
Quais foram os jogadores que mais te agradaram em comandar nessas passagens?
Todos os jogadores. Na minha posição é difícil falar de A, B ou C. Sempre valorizo muito meu grupo. Mesmo os jogadores que saem do clube. Procuro trabalhar da mesma forma com todos, dar atenção a todos. É lógico que todo técnico tem seus jogadores preferidos, mas prefiro destacar o grupo. É importante isso. Mas sem dúvidas, nesse tempo todo que estou no clube, o jogador de maior destaque é o Suárez. Isso ninguém pode negar em termos de contratação e grande ídolo para o torcedor.
Qual viagem que você mais gostou de fazer pelo Grêmio?
Difícil, né. Gosto de viajar, estar junto do grupo. Sempre conversamos bastante, conhecemos muitos lugares. Apesar de sempre ser a trabalho e não conseguirmos ver tanto do lugar. Mas destacar uma viagem é complicado. Cada uma delas é importante
Um jogador que saiu e gostaria de ter trabalhado mais tempo com ele?
Tenho um carinho grande por todos os jogadores. Procuro aconselhar a todos, desejar sorte a eles. Quando são liberados, é por um negócio bom para alguém. Nunca vamos prender ninguém. O clube precisa negociar um ou outro.
Quem mais precisou levar uns puxões de orelha para dar resposta?
Sobre os puxões de orelhas, eu dou, mas não posso dizer em quem. Procuro aconselhar, mostrar os caminhos e os lapidar dentro das quatro linhas. Mas tem um ou outro que a gente precisa dar um puxão para acordar para a realidade. Só que vou ficar com os nomes só para mim.
Quais os títulos que mais aproveitou? E qual ainda sente falta?
Os títulos que mais aproveitei aconteceram na minha volta. A Copa do Brasil de 2016 e depois a Libertadores em 2017. O Grêmio estava em uma espera de 15 anos por um título de expressão. Realmente foi um êxtase para o clube e para o nosso torcedor. Comemoramos bastante. O título que gostaria de conquistar ainda é o Brasileirão. Não tenho ele ainda como treinador e dou muita importância para a competição. Estamos no início ainda. Quem sabe com alguns reforços na abertura da janela possamos ficar com o grupo mais forte para brigarmos por ele. Ainda estou correndo atrás dele. Gostaria muito de ganhar.
Um estádio com atmosfera mais difícil de enfrentar?
Todos os estádios são complicados. Alguns clubes tem torcidas maiores que os outros É difícil jogar na casa do adversário. Enfrentar o Flamengo no Maracanã, o São Paulo no Morumbi e o Corinthians em Itaquera... São grandes clubes. O Estádio do Athletico é fechado, um barulho muito grande, parece um ginásio. Mesmo que tenha 20 mil pessoas lá dentro, é ensurdecedor. É complicado jogar na casa dos adversários.
Qual foi o momento mais complicado?
Talvez tenha sido na pandemia. Perdemos muitos jogadores por causa da covid. Os resultados não apareciam. Estava difícil, eu saí. Acredito que tenha sido o momento mais difícil, considerando esse tempo todo. Foi difícil, mas estamos nos recuperando. Agora é pensar em voos maios altos e em outros títulos.