A vitória na Arena da Baixada colocou uma nova aposta de Renato Portaluppi em evidência. Lateral de origem na base, Cuiabano, 20 anos, foi um dos destaques da vitória do último sábado (27) jogando improvisado como atacante. Uma experiência que também ocorria em seus jogos no CFT Hélio Dourado, mas que agora pode ajudar a sanar uma carência apontada no grupo do Grêmio. Pronto para jogar como ponta, Luis Eduardo Soares da Silva leva no apelido uma homenagem a sua cidade natal, a capital do Mato Grosso. Uma lembrança de casa para quem precisou viajar o Brasil na busca do sonho de ser jogador.
A força de Cuiabano chamava a atenção desde jovem. Uma característica que a nova aposta gremista traz do berço. Uma combinação de traços do pai, Luís Soares, que era lateral-esquerdo no futebol amador, e da mãe, Silvana Gonçalves, que tem medalhas de conquistas de corridas em provas de 5km. A genética privilegiada o favorece, mas a determinação nos treinos é um outro ponto citado por quem trabalhou com o jovem. Primeiro técnico de Cuiabano na categoria sub-17 do Grêmio, Douglas Rodrigues afirmou que o lateral/ponta era exemplo nas atividades.
— É um guri muito bom de trabalhar. Concentrado, sabe o que quer para a carreira. Ele defende bem, mas é mais produtivo chegando ao ataque. Tem força física, qualidade técnica e finalização muito boa — comentou o técnico, hoje nos profissionais do São Gabriel.
A história do atleta era para ter iniciado no São Paulo. Destaque na Escolinha do Profeta, referência na captação de novos talentos em Cuiabá, o lateral do Grêmio chamou a atenção desde cedo.
—Fiz muito trabalho para ele bater com o pé direito. Jogou como lateral, como volante e no meio de campo. É um menino muito técnico — comenta Carlos Roberto Cabral da Silva, que recebeu o apelido de Profeta pelo trabalho social com crianças carentes da região.
Apesar do jogador ter sido aprovado no teste no São Paulo, a distância de casa deixou a família receosa. Depois, quando veio o convite do Grêmio, a decisão foi novamente debatida. Seu Luis não queria repetir dentro da própria casa a história do irmão mais velho. Pedro, tio de Cuiabano, conhecido na região como Pelé, teve um convite do São Paulo para integrar as categorias de base. Porém, não teve autorização do pai.
Para não ver novamente o fim de um sonho, Luis permitiu que o filho tentasse a sorte no Rio Grande do Sul. Por conta do clube não abrigar meninos antes dos 14 anos, Cuiabano se mudou para uma pensão em Porto Alegre. E passou a perseguir o objetivo de ser jogador, a 2 mil quilômetros de distância dos pais, amigos e de casa.
— Tem sido uma honra e um sonho, não vou negar que estou muito feliz. Mas eu mantenho os pés no chão, busco a cada dia trabalhar mais forte e escutar muito o professor Renato, os conselhos e dicas. Sei que é só um começo, mas já agradeço a confiança de todos, da comissão, meus companheiros e aos meus familiares. A gente sabe que as chances sempre chegam, e eu não vou deixar ela passar. E seja como lateral ou mais avançado na ala, eu fico à disposição para poder ajudar o Grêmio — disse Cuiabano à GZH.
Aprovado como ponta, o Cuiabano deve seguir como opção nesta função. Apesar da experiência como lateral, seguirá treinando mais avançado nos próximos dias. Com contrato até dezembro de 2024, o jogador teve a saída vetada pelo Grêmio nas últimas janelas de transferências. No início deste ano, Vitória e o Guarani tentaram sua contratação. No meio do ano passado, o Houston Dynamo-EUA encaminhou oferta formal. A proposta de empréstimo, com opção de compra fixada em 3 milhões de dólares, não agradou, ao contrário do seu futebol.