Três anos depois de uma decisão de Gauchão que colocou o Caxias no caminho do Grêmio, o confronto se repete neste sábado (8), na Arena. Será a reedição da final que marcou o retorno do Estadual após a parada por causa da pandemia. O canto dos 50 mil torcedores ansiosos pelo hexa estará em contraste com o silêncio das arquibancadas de 2020, na comemoração do tricampeonato, e com a repetição de poucos dos personagens envolvidos na última decisão entre os clubes.
De volta para 2023, o Grêmio passou por uma profunda reformulação em seu grupo de jogadores. Dos 32 atletas inscritos em 2020, apenas seis seguem no clube. Brenno, Kannemann, Pedro Geromel, Darlan, Lucas Silva e Ferreira são os remanescentes. Jhonata Robert, em recuperação de uma cirurgia para corrigir uma lesão ligamentar no joelho, fez parte da lista de jogadores da base utilizados no campeonato. O meia-atacante segue com contrato, mas não esteve à disposição durante o Gauchão. No Caxias, apenas o goleiro André estava no grupo de 2020.
Do sexteto gremista, somente Kannemann segue como titular incontestável. Geromel foi ausência durante toda a competição por conta de uma lesão no joelho. Brenno e Ferreira perderam suas posições em campo para Adriel e Vina. O camisa 10 ainda acabou sofrendo uma lesão muscular e só deve voltar aos treinos em algumas semenas.
Em 2020, e como algo que se repete três anos depois, as lesões alteraram os planos de Renato para as finais. Para o jogo do Centenário, Diego Souza e Kannemann foram desfalques. O centroavante estava lesionado e o argentino cumpriu suspensão. Foi dos pés do substituto no comando do ataque que nasceu o primeiro gol da decisão. Isaque encontrou Pepê na área, e o atual jogador do Porto acertou o chute para abrir o placar em Caxias do Sul.
A pressão do Caxias transforou Vanderlei em personagem importante na partida. Apesar das chances do adversário, foi o Grêmio quem marcou. E foi em um golaço de Everton Cardoso. O meia-atacante acertou um chute de fora da área para ampliar o placar. Após o 2 a 0 na Serra, o Grêmio largou em vantagem novamente em Porto Alegre, com Diego Souza. O Caxias virou, com Bruninho e Laércio, e por pouco não levou a disputa para os pênaltis.
Técnico do Caxias na época, e hoje no Amazonas, Lacerda lembra que a estratégia adotada para o jogo na Arena foi traçada para reverter a desvantagem.
— Era um time que gostava de ter a bola. Antes do primeiro jogo, ficamos muito tempo sem jogar por causa da pandemia. Foram 30 dias sem jogos ou amistosos. Sentimos isso no Centenário. E para a volta, montamos a estratégia de tentar segurar o Grêmio no primeiro e ganhar o jogo no segundo tempo. Era tudo ou nada. Deu certo. Ganhamos, mas faltou um gol — disse.
Admirador do estilo de jogo e do trabalho de Renato no Grêmio, principalmente pela aposta nos volantes construtores, Lacerda entende que a partida deste sábado será ainda mais difícil para o Tricolor.
— Acho que o time atual tem mais chances. Acompanho o Gauchão, e o time do Caxias de hoje gosta ainda mais de ter a bola do que o meu. Ele mostrou ser forte fora de casa, está invicto. Não esperem o Caxias recuado. É uma baita final — projeta.
Comentarista da RBS TV, Maurício Saraiva aponta que as lições de três anos atrás precisam estar frescas na cabeça de Renato. Após o empate em 1 a 1 no Centenário, o Grêmio precisa estar em seu melhor para não ter riscos de uma zebra.
— O contexto é muito diferente. O Grêmio não teve 50 mil pessoas na Arena em 2020, e o time atual é melhor. Na condição de um jogo sem torcida (de 2020), e provavelmente uma certa desconcentração pela vitória em Caxias, imagino que o Grêmio e o Renato aprenderam que não está jogado. Precisa jogar os 90 minutos na máxima intensidade ou pode dar Caxias — projetou Saraiva.
Da última decisão, a tendência é de que apenas Kannemann comece o jogo deste sábado entre os titulares. Brenno, Lucas Silva e Darlan serão opções no banco de reserva.