Na última sexta-feira (16), a gestão de Alberto Guerra no Grêmio completou seu primeiro mês. E, apesar do pouco tempo, muitas mudanças ganharam forma no clube. Alterações que passam pela troca de profissionais a uma nova composição do grupo de jogadores. Mas nada apresentou um desafio maior para a implementação de uma nova direção ao clube do que a péssima situação financeira do Tricolor.
A falta de caixa para o pagamento da folha salarial do clube em novembro, dezembro e 13º, além da surpresa com o pagamento do bicho a jogadores e comissão técnica pelo acesso à Série A, tornaram os primeiros dias de Guerra na Arena uma corrida para viabilizar recursos. Apesar das dificuldades, Renato Portaluppi renovou contrato e um novo CEO foi contratado para ajudar na gestão do clube.
Entre empréstimos tomados para equacionar as dívidas, e a viabilização de investidores, a situação financeira ainda exige cuidados. Mas a ação da nova direção no mercado permitiu que o Grêmio anunciasse cinco reforços em 30 dias, e também mantém vivo o sonho de ter Luis Suárez como o camisa 9 da equipe em 2023.
Confira a entrevista para GZH :
Qual foi o Grêmio que a sua gestão encontrou?
A grande questão é que foi um clube em um momento financeiramente muito delicado. Sem muito o que fazer. Existem contratos em andamento. No meio do mês de novembro não tem vendas. E os contratos não acabam até dezembro. Foi bem pior do que imaginávamos.
Qual a maior dificuldade deste primeiro mês?
O problema do futebol, principalmente. Sabíamos que teríamos de reapresentar com jogadores (contratados). Fomos muito consumidos pelo futebol. Tínhamos de pagar a folha de novembro, o mês de dezembro e 13º e não tínhamos nada. Aí saímos atrás do dinheiro, empréstimo e idas ao banco. Isso é pesado. Primeira reunião do Conselho de Administração (CA) foi assim. Tínhamos um déficit de R$ 45 milhões e precisávamos de mais R$40 milhões até o final do ano.
A Arena pode mesmo ser leiloada. Qual o impacto da decisão?
Pela decisão, do que li, a Arena poderia ser leiloada. Mas não acredito que alguém compre. Estaria se metendo em uma confusão. A Arena sem o Grêmio não é nada. Se sairmos daqui, vai virar um lugar para fazer o que? É muito caro para fazer apenas shows e eventos. Não vejo alguém comprando como investimento imobiliário para derrubar tudo e construir prédios. É uma decisão do juiz, mas cabe recurso. É uma decisão que tumultua um pouco mais o ambiente. Já recebemos vários participantes desta situação. bancos, a Arena Porto-Alegrente, a Karagounis e possíveis investidores e interessados em comprar a área do Olímpico. É uma situação bastante delicada.
Como é a sua rotina desde a posse?
Grêmio e cama, cama e Grêmio. Essas quatro semanas foram assim. Precisa atender muita demanda. Ainda não cheguei a alguns deles. Peço calma. É uma bomba que desarmo por dia. Logo que assumi, o que me tirava o sono era a questão financeira. Sabia que tínhamos um time fraco para a Série A e que precisávamos de reforços. Muito do meu tempo gastei falando com investidores e ajudando ao Paulo e o Antonio nas contrafações. O que fizemos de coisas em uma semana.
Uma das mudanças que ouvimos no mercado é que o Grêmio voltou a ter interlocução com o mercado.
Sou o presidente do Grêmio, não me permito não receber alguém. Meu dever é receber a todos e escutar. Tenho recebido a todos e digo que as portas estão abertas para bons negócios para o clube. Escutei sobre essa questão de estar fechado a alguns empresário. A maioria não vai sair negócio, mas só o fato de ter conversado já os colocou a nos trazer investidores e patrocínios. Precisamos arrecadar.
O Grêmio precisa negociar jogadores?
precisamos vender. O ideal do ponto de vista de preparação. Mas contratar em janeiro reduz os custos, é metade do salário do mês e sem ter 13º. É uma economia muito grande. O mercado brasileiro vai aquecer no início de janeiro e vamos conseguir negociar alguns jogadores que não iremos utilizar.
Mas qual a razão de já ter feito cinco contratações?
Fizemos agora por necessidade. Tínhamos um time insuficiente tecnicamente para a Série A, inclusive os próprios jogadores falavam. Precisávamos iniciar estre processo. Virão outros reforços no ano que vem. Sou o que menos busca sentir essa pressão, mas reconheço que era importante mostrar trabalho ao torcedor. O mercado vai aquecer mesmo em janeiro. Especialmente negociações de saídas. Agora os jogadores, mesmo os de nível mais baixo, tentam se encaixar em times que disputarão a Libertadores. Quando essa primeira onda passar, muda o patamar. Até financeiro.
Confira a entrevista de Alberto Guerra ao Paredão do Guerrinha:
Renato é parte importante desta reestruturação do Grêmio?
O Renato ajuda muito. Muitos jogadores querem trabalhar com ele. E de várias formas. Ajuda a escolher. Repassamos vários nomes a ele para avaliar. Nunca vi o Renato tão à vontade. O Paulo (Caleffi) e o Antonio (Brum) estão se dando muito bem com ele. Renato é convicção. Conheço o trabalho dele, nos dá uma segurança. Mas se não fosse ele, não teríamos outro nome no mercado. Renato neste momento de reconstrução está ajudando muito. Se o início for difícil, ele é capaz de garantir um ambiente mais leve. Os jogadores e os funcionários adoram ele.
É possível acontecer a venda do naming rights da Arena?
É. É uma conversa que temos com a Arena. Pela minha experiência, essa não é uma negociação que você oferece para as empresas. Precisamos ter profissionais de referência, e as grandes empresas querem se associar ao projeto. É um trabalho interno primeiro. Recebi muitas mensagens pela contratação do CEO Márcio Ramos. É isso que o mercado lê. Desta forma, fica mais fácil de começarmos a comercializar.
O que falta para o Grêmio estar pronto para 2023?
Nunca podemos dizer que estamos prontos. O Grêmio é um ente vivo, que sempre estaremos de olho e em busca de melhorar. Falta bastante ainda, mas já temos uma espinha dorsal. Precisamos ainda de mais quatro jogadores. Temos uma zaga pronta, um lateral-esquerdo. Temos Ferreira, mas ainda precisamos de um lateral, de um centroavante e de mais um jogador de beirada.