Principal contratação do Grêmio para 2022, Lucas Leiva corre contra o tempo para mostrar o mesmo futebol que o transformou em ídolo do torcedor. Com mais sete jogos até o final da Série B, e a briga pelo acesso próxima de um final feliz, o volante de 35 anos ainda tenta encontrar seu lugar na equipe.
Após retornar ao clube em julho, depois de passar os últimos 15 anos no futebol europeu, Lucas agradeceu aos torcedores pela paciência e prometeu evolução. Improvisado como meia contra o Sport, marcou o seu primeiro gol desde a volta ao Brasil e deu mostras de estar mais próximo de voltar a atuar no nível esperado pelo torcedor.
— Me cobro muito e tenho noção que preciso melhorar. Poderia encontrar desculpas, mas prefiro buscar soluções. Mesmo não tendo atuações que todos esperavam no início, tenho certeza que as coisas irão acontecer. Essa paciência do torcedor ajuda. Desde minha chegada, só recebi energia boa — afirmou nesta quinta (22), em sua primeira entrevista coletiva desde o retorno ao clube.
Lucas Leiva também falou sobre sua readaptação ao Brasil. O volante reconheceu que ainda não conseguiu atuar em seu melhor nível, mas que não gosta de citar as dificuldades enfrentadas. O jogador explicou que além de todas as questões que ocorrem dentro de campo, o fato de retornar ao país após 15 anos de Europa também interfere na rotina. Sobre as questões técnicas, o meio-campista de 35 anos comentou que o encaixe ao ritmo do futebol brasileiro é a dificuldade a ser superada.
— O estilo de jogo é diferente. Venho de um período de cinco anos na Itália, onde o sistema de marcação e a forma como o time joga eram diferentes. Voltei de férias quando o time já estava na metade de temporada. Ritmo de jogo também me afeta. Preciso me encontrar no entrosamento com os companheiros — comentou.
Outro ponto ressaltado por Lucas é que ele ainda não atuou em sua função mais natural. Após se firmar como um volante de características mais defensivas em suas passagens por Liverpool e pela Lazio, tem jogado na segunda função no Grêmio. Ou ainda como meia central desde a chegada de Renato Portaluppi.
Foi mais adiantado, no entanto, que o jogador entende que teve a melhor atuação. Sem Thaciano e Campaz, o técnico apostou na improvisação do volante como o articular na partida contra o Sport.
— Me senti bem. É uma função nova, mas com a experiência e o estilo de jogo que propusemos, consegui encontrar espaços e ficar próximo da área para ajudar na construção das jogadas. Fazia isso muito como primeiro homem lá fora. Requer adaptação, ritmo, mas, além do gol, tive a sensação que tive mais oportunidades de criar jogadas. Me ajudou bastante — comentou.
Renato explicou que a opção por utilizar Lucas Leiva como meia, com Thiago Santos e Bitello como volantes, foi para combater o estilo dos pernambucanos de pressão forte na saída de bola gremista.
— As características aparecem normalmente. Qualquer jogador que joga muito tempo lá fora precisa se readaptar. Lucas está fazendo isso. Lá fora, jogam de um jeito muito diferente, aqui tem um calendário muito apertado. Ele não desaprendeu a jogar. Ele está sofrendo pelos jogos em sequência. Foi bem melhor, já fez um gol. É um jogador que nos ajuda bastante — afirmou o técnico depois da partida.
A avaliação da comissão técnica é de que Lucas está fisiologicamente pronto para suportar os 90 minutos. Mas a posição em que ele for escalado terá influência no rendimento físico. Como volante, com mais responsabilidades defensivas, o desgaste é maior. Além das funções de marcação, também existe a orientação de aparecer no campo de ataque. Por isso que ao ser escalado como meia, sem tantas exigência de recuar para marcar, o impacto físico não é tão sentido.
Parte da justificativa para que Lucas fosse um dos jogadores a forçar o terceiro cartão amarelo contra o Sport é a possibilidade de ampliar o período de treinos sem jogos. Como estará ausente da viagem para enfrentar o Sampaio Corrêa no dia 30, o volante terá duas semanas dedicadas apenas a evoluir fisicamente.
Com contrato até dezembro do ano que vem, a atual direção entende que o jogador será peça importante na reta final da Série B pela experiência. A aposta é de que o retorno técnico do investimento será entregue em 2023, após uma pré-temporada, e com um estilo de jogo na Primeira Divisão que permita ao volante atuar nas suas melhores condições.