Mesmo que o Grêmio não tenha força máxima nesta sexta-feira à noite, contra o Sampaio Corrêa, a partida em São Luís será especial para um dos maiores ídolos da torcida. Walter Kannemann, enfim, está de volta ao time, depois de 109 dias de ausência. Nos sete jogos que há pela frente até o fim da Série B, o argentino tem a expectativa de ajudar o clube a confirmar o retorno à Série A — e, também, de definir seu próprio futuro. Com vínculo até o fim de dezembro, livre desde junho para assinar pré-contrato com outros clubes, ele terá mais dois meses para escolher, junto a seus empresários, qual camisa vestirá a partir de 2023.
Recuperado da lesão muscular sofrida em 18 de junho, agravada em um acidente doméstico nove dias depois, Kannemann fará apenas o seu quinto jogo nesta temporada. Além de participar da conquista da Recopa Gaúcha, contra o Glória, também foi utilizado contra Vasco, Novorizontino e Sport. É a repetição de um roteiro que se estende desde a renovação deo seu contrato, assinada no final de 2018. O argentina enfrentou dificuldades para jogar regularmente nos últimos anos. Em 2021, por exemplo, esteve em campo em 28 das 72 partidas, e no ano anterior fez 34 dos 74 jogos. Sua melhor marca nesta sequência foi em 2019, quando participou em 41 dos 73 jogos tricolores.
Apesar das dificuldades físicas, a avaliação do Grêmio é de que o zagueiro de 31 anos ainda tem vida longa como profissional. Plenamente recuperado da sua lesão mais grave, no quadril, ele não sofre mais com as dores que o prejudicaram em 2021, resultado da cirurgia feita em dezembro. O problema muscular também está curado, e o cuidado adotado nos mais de três meses de tratamento até seu retorno aos jogos deve prevenir a reincidência de novas lesões.
— Ele joga e estará à disposição para o restante do ano. É um jogador que se cuida muito na parte física — disse o presidente Romildo Bolzan.
Onde será a sequência da carreira é a grande dúvida sobre Kannemann. A decisão de renovar, ou não, seu contrato ficará a cargo do novo presidente do clube, que será eleito em novembro. Por conta do alto salário do argentino — ele e Geromel têm os maiores vencimentos do grupo —, a atual gestão pretende deixar que os próximos dirigentes eleitos façam a escolha nesta negociação, que tem impacto maciço no orçamento.
Os principais candidatos na disputa presidencial, Alberto Guerra e Odorico Roman, procuraram informações e manifestaram interesse em conversar sobre os cenários para o próximo ano. Segundo fontes consultadas por GZH, os dois zagueiros recebem aproximadamente R$ 1 milhão por mês, entre salários e outros valores. Por conta de uma cláusula contratual, Geromel teve sua renovação automática ativada para 2023 por participar de 60% dos jogos desta temporada.
Na última janela de transferências, em julho, os representantes de Kannemann foram procurados por um clube do Catar. Os valores oferecidos, muito acima da realidade do futebol brasileiro, não seduziram o argentino, mas as sondagens não pararam nos últimos meses, mesmo com ele no departamento médico.
Da parte do zagueiro, a tendência é de que não se descarte nenhuma oferta interessante durante a negociação. Mas a relação construída com o Grêmio também tem peso. São seis anos desde a sua chegada, com a conquista de Libertadores, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana e quatro vezes o Gauchão. O futuro de Kannemann começa a ser decidido hoje, no Maranhão.