Em dois dias, Renato Portaluppi voltará a comandar o Grêmio. A partir das 16h deste domingo (11), o técnico estará novamente na casamata da Arena. Irá dirigir o Tricolor na partida contra o Vasco, em um jogo decisivo para confirmação da classificação à Série A.
Pela história do treinador, o torcedor não deve esperar mudanças bruscas na escalação. Em seu retrospecto nas três passagens anteriores, Renato, no máximo, promoveu alterações pontuais no inicio do trabalho.
Mas o que pode se esperar do aniversariante do dia, Portaluppi completa 60 anos nesta sexta (9), é a capacidade de elevar o nível rapidamente de suas equipes. Foi por essa habilidade que o autor dos dois gols do título mundial em 1983 foi buscado no Rio de Janeiro pelo presidente Romildo Bolzan para assumir o clube na reta final da Série B. A mudança, e justificativa de Bolzan para fazer a troca de Roger Machado, é exatamente a tentativa de melhorar o ambiente dos jogadores com a torcida com apenas dois meses de competição pela frente.
O primeiro contato do Grêmio com a versão técnico de Renato Portaluppi ocorreu em 2010. Pela péssima campanha da equipe no Brasileirão, a ameaça do rebaixamento aumentava a cada novo resultado negativo, e o ídolo foi buscado no Bahia para assumir o lugar de Silas. Presidente do clube na época, Duda Kroeff citou o impacto imediato que Renato teve no ambiente do vestiário.
— É muita ênfase no otimismo para os jogadores — resumiu.
O volante Willian Magrão lembra que a forma de conduzir o vestiário foi fundamental para o Grêmio escapar do risco de rebaixamento em 2010. A capacidade da comissão técnica de preparar o grupo de jogadores para as partidas é citada como ponto forte da rotina de trabalho de Renato.
— Ele tira toda a pressão de cima dos jogadores. Deixa o vestiário leve. Estávamos para entrar na zona do rebaixamento. Ele chegou e deu total liberdade e confiança. A torcida tentou nos vaiar, mas ele não deixou e pediu para nos apoiar. Isso ajuda muito — comentou Willian Magrão.
O ex-volante do Grêmio, no entanto, ressalta que o impacto do trabalho do técnico não focava apenas em questões motivacionais. As preleções e treinos de ajuste da semana antes dos jogos carregam um foco diferente do que o da maioria das comissões técnicas. Ao invés de focar nos adversários, as orientações do técnico são mais sobre como potencializar as qualidades do próprio time e esconder eventuais pontos fracos.
— O Renato mostrava o time dos caras, mas se preocupava muito com a nossa forma de jogar. Falava da qualidade de um por um. Ele dá essa confiança — explicou.
Segundo Duda Kroeff, que voltou a conviver com Renato como vice de futebol entre 2018 e 2019, o trabalho da comissão técnica formada por Renato e Alexandre Mendes foi fundamental para a nova era de conquistas. Além da preparação durante a semana, a abordagem individual com cada atleta nas palestras e preleções fizeram toda a diferença na evolução das peças que já estavam no grupo de jogadores.
— Ele dá várias dicas individualmente para os jogadores. O Alexandre Mendes estuda muito os adversários, e o Renato passa isso muito bem para os seus atletas. Essa questão que falam dele ser apenas um motivador é bobagem. É tão estrategista quanto qualquer técnico que tenha passado pelo Grêmio.
Com 10 jogos para encerrar a Série B e a projeção do Grêmio de que confirmará o acesso ao alcançar 60 pontos, a meta é confirmar nas próximas rodadas os 13 pontos que faltam. Ao chegar ao objetivo, o foco passará para 2023. A eleição presidencial definirá os rumos do clube para a próxima temporada, mas todas as chapas que se apresentaram de forma oficial até o momento declaram publicamente a intenção de manter a comissão técnica. As candidaturas já anunciadas de Alberto Guerra, Alceu Brasinha, Carlos Galia e Odorico Roman sonham com a permanência de Portaluppi.
Como foram as estreias de Renato
2010 - 12/8/2010
Grêmio 0x2 Goiás (Copa Sul-Americana)
O time da estreia: Marcelo Grohe; Edílson, Rafael Marques, Neuton e Fábio Santos; Ferdinando, William Magrão, Maylson (Hugo), Douglas (André Lima) e Souza (Roberson); Jonas
Renato promoveu algumas alterações para a estreia. Trocou o esquema com três zagueiros para uma linha de quatro defensores, mas depois também recorreu ao esquema 3-5-2/3-6-1 para encontrar equilíbrio defensivo.
A marca deste trabalho, no entanto, foi a solução tática que o técnico encontrou para melhorar a criação. O lateral Lúcio passou a jogar como um meio-campista pelo lado esquerdo, dividindo com Douglas as tarefas de criação para Jonas e André Lima.
2013- 6/7/2013
Atlético-PR 1x1 Grêmio (Brasileirão)
O time da estreia: Dida; Moisés, Werley, Bressan e Alex Telles; Adriano, Souza (Cris), Vargas (Kleber), Zé Roberto e Guilherme Biteco (Maxi Rodriguez); Barcos
Renato foi contratado após Vanderlei Luxemburgo comandar o clube durante toda a intertemporada. Apesar da manutenção da base deixada por Luxemburgo, a marca da campanha do vice-campeonato brasileiro foi a utilização de três volantes para dar sustentação defensiva ao time. Souza, Riveros e Ramiro formaram um trio de sucesso na temporada.
2016 - 21/9/2016
Grêmio 0x1 Athletico-PR (Copa do Brasil)
O time da estreia: Marcelo Grohe; Edílson, Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira; Walace, Maicon, Luan, Douglas e Pedro Rocha (Batista); Henrique Almeida (Guilherme)
Das três passagens de Renato, o trabalho iniciado em 2016 foi o de maior continuidade das ideias utilizadas desde a estreia. O time que conquistou a Copa do Brasil teve a mesma estrutura tática do primeiro jogo, com apenas o ingresso de Ramiro entre os titulares no lugar de Henrique Almeida. Luan voltou a ser a referência ofensiva como falso 9.