Após as boas campanha na temporada de 2021 e no Paulistão 2022, o Guarani degringolou na Série B. O time vive uma grave crise às vésperas de enfrentar o Grêmio, nesta sexta (5). Com o pior ataque da competição, e mergulhado no Z-4, a equipe campineira já está no terceiro técnico em apenas 21 jogos, instabilidade que é apontada como uma das causas para o mau momento na competição.
Um dos técnicos mais longevos do país até então, com quase um ano de trabalho, Daniel Paulista foi demitido já na quinta rodada, após somar apenas cinco pontos, com um aproveitamento de 33%. Ainda assim, a demissão à época causou surpresa, uma vez que, sob o comando do treinador, o Bugre ficou a três pontos de conquistar o acesso em 2021 e chegou às quartas de final do Paulistão, sendo eliminado pelo Corinthians, na disputa por pênaltis.
A troca, porém, não surtiu efeito. Os dois treinadores que se seguiram, com mais tempo de trabalho, acabaram piorando ainda mais este desempenho, que é de 29%.
— O Daniel Paulista tinha mais domínio sobre as limitações deste elenco, então as mudanças na comissão técnica acabaram atrapalhando. Há a conclusão na torcida de que a saída do Daniel Pailista foi precipitada. Depois dele, veio o Marcelo Chamusca, que não conseguiu desenvolver o seu trabalho. Agora, o (atual treinador) Mozart tenta trocar o pneu com o carro andando, e a expectativa é pela chegada dos reforços — avalia o jornalista Júlio Nascimento, serorista do Guarani no jornal Correio Popular, de Campinas.
Uma outra hipótese analisade na região para explicar o mau momento do Guarani é a de que o time pode ter se iludido com as boas campanhas apresentadas em 2021 e no Paulistão de 2022, O problema é que, do ano passado para cá, vários dos principais jogadores deixaram o clube, e a reposição ainda não ocorreu à altura.
— Houve um mau planejamento e uma falsa impressão por conta da campanha realizada na Série B do ano passado, em que o Bugre lutou até a última rodada pelo acesso, e também pelo que foi feito no Estadual, com o time sendo eliminado pelo Corinthians apenas nos pênaltis, nas quartas de final. Só que, na ocasião, o time pegou uma chave relativamente fraca na fase de grupos e, por isso, entrou na segunda divisão pensando que se daria bem — opina o jornalista Wendell Coral, da Rede Família, emissora local de televisão.
Por fim, os repórteres que acompanham o dia a dia do Guarani citam ainda a falta de qualidade do elenco, as frequentes mudanças no esquema tático e a falta de gols como fatores que ajudam a explicar a crise no campeão brasileiro de 1978.
— A falta de gols é uma das principais deficiências do time. O Guarani até cria muitas finalizações, mas não bota a bola na rede. E o Grêmio vai enfrentar um time que ainda batalha muito para enconrrar a formação ideal. Os últimos treinadores já testaram o 4-2-3-1, o 4-3-3, um esquema com três zagueiros, com três volantes e um ataque sem um 9... Mas, ainda assim, acredito que o principal problema seja a qualidade do elenco. O clube perdeu os principais e mais decisivos jogadores do ano passado, como Bruno Sávio, Régis, Bruno Silva, Andrigo, Thales e Bidu, e as reposições não funcionaram, com exceção de Giovanni Augusto, que sofre, porém, com a irregularidade — finaliza Nascimento.
Ídolo do Guarani e meia titular no histórico título de 1978, o ex-jogador Zenon relata ter dificuldades em explicar as causas do mau momento do Guarani, mas acredita ser possível surpreender o Grêmio na sexta (5). O principal fator de motivação é a vitória sobre o líder Cruzeiro, por 1 a 0, no dia 9 de julho, no Brinco de Ouro da Princesa, uma das únicas três do Bugre na competição.
— É possível, pois o Guarani já venceu o líder Cruzeiro em casa quando ninguém acreditava na vitória. Mas o time atravessa uma fase muito ruim, não consegue apresentar um futebol convincente e não dá para entender o motivo disso. Não vai ser fácil, mas o Guarani precisa encontrar forças e táticas diferentes para buscar uma vitória — acredita Zenon.
Guarani e Grêmio enfrentam-se nesta sexta (5), às 21h30min, no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas.