Um dos titulares menos badalados pela torcida do Grêmio, Janderson ganhou oportunidade na Série B após desempenhar, com destaque, uma das funções do ataque na Recopa Gaúcha. Um dos principais nomes na goleada por 5 a 0 sobre o Glória, o atacante ganhou pontos com a comissão técnica por participar de quatro gols na partida. Incluindo o que marcou de bicicleta.
Mas mesmo com a atuação o colocando de volta no rol das alternativas prioritárias para o ataque, teve de esperar pelas ausências de Campaz e Benítez até receber a sua chance entre os titulares. No esquema idealizado por Roger Machado, um dos três jogadores do setor ofensivo é mais meia do que atacante, e por isso as outras peças estavam na frente de Janderson.
Após entrar no lugar de Benítez durante o empate com o Vasco, foi o escolhido para iniciar como titular contra o Novorizontino. Pelo lado direito do ataque, teve uma boa participação e marcou um dos gols da vitória. Resultado que serviu para amenizar a pressão externa sobre o trabalho da comissão técnica e garantir sequência a Janderson entre os titulares da equipe na Série B.
A trajetória do atacante no futebol tem muita influência do técnico que o "descobriu". Após passagem pelo Fragata, projeto que teve o ex-gremista Emerson no comando em Pelotas, o jogador estava sem receber oportunidades na base do Palmeiras. Julian Tobar, hoje no comando da equipe sub-20 da Chapecoense, levou Janderson para a categoria sub-17 do Joinville em 2016.
— Vi ele no Fragata. Foi levado ao Palmeiras quando encerrou o projeto do Emerson. Jogava como lateral-direito, sem muitas oportunidades. Como não estava sendo aproveitado lá, consegui fazer a indicação dele para o Joinville — comentou.
O bom desempenho na base do clube catarinense despertou o interesse de diversos clubes. Mas durante um estágio no Corinthians como parte do curso para obtenção das licenças da CBF, Tobar foi perguntando sobre possíveis reforços para o time sub-20. Janderson foi a indicação, e o jovem acabou contratado. Primeiro por empréstimo em 2018, mas depois adquirido em definitivo pelo clube paulista por R$ 700 mil no ano seguinte.
— A gente fez a lapidação dele. As características dele são praticamente as mesmas. Um jogador de força e velocidade, que sabe aproveitar os espaços pelos lados do campo. Exemplo de trabalho. Um atleta muito focado, sempre aberto. Cumpre a função ao extremos. É um jogador com a cara do Grêmio. Venceu pelo trabalho dele — disse Julian Tobar.
As dificuldades no início da profissão ajudaram a moldar o perfil discreto de Janderson. Nascido em Barreiras, na Bahia, perdeu a mãe com apenas três anos e teve na avó Maria a principal figura na sua infância. Ela que acolheu o jovem e o levou para morar em Missão de Aricobé, no município de Angical, no extremo oeste do interior baiano.
Após rodar por boa parte do Brasil, teve a chance de viver o sonho de jogar futebol em um dos principais mercados do pais. Fábio Carille foi quem deu a primeira oportunidade para o atacante no time profissional do Corinthians. O atacante foi titular na equipe sub-20 do clube e teve boas participações nas Copa São Paulo e na Campeonato Paulista Sub-20. Em busca de um jogador com características de velocidade e drible, o técnico promoveu Janderson.
O atacante fez referência a um bordão popularizo por Neymar logo após sua estreia pelo time principal do Corinthians. O jogador entrou no segundo tempo da partida contra a Chapecoense, pelo Brasileirão de 2019, e citou a frase sobre como encara a profissão:
— Jogo meu futebol é ousadia e alegria. Não tem que intimidar, não caio na pressão de ninguém. É o que eu gosto de fazer, jogar bola.
Com a saída de Carille, perdeu espaço no Corinthians para a temporada de 2020. Foi emprestado para o Atlético-GO, onde trabalhou com Vagner Mancini. Pelo clube goiano fez 92 jogos, 11 gols marcados e nove assistências. Acabou convidado por Mancini no início deste ano para ajudar no projeto do Grêmio de voltar para a primeira divisão. Veio emprestado pelo Corinthians até o final da temporada.
Teve a oportunidade de iniciar o ano no time titular, após a saída de Douglas Costa, mas perdeu a posição para Campaz ainda no Gauchão com a chegada de Roger Machado. Janderson se encaixou bem no grupo gremista. Foi abraçado pelos demais veteranos. Mesmo discreto e falando pouco na rotina do CT Luiz Carvalho, é muito elogiado pela entrega e dedicação nos treinos e também nos jogos.