O Corinthians está incomodado com a atual situação vivida pelo meia Luan, ex-Grêmio, e tem como prioridade negociá-lo na próxima janela de transferências, em julho. O diretor de futebol Roberto de Andrade foi claro ao falar sobre o assunto em entrevista ao lado do gerente Alessandro Nunes nesta sexta-feira, mesmo dia em que duas torcidas organizadas fizeram cobranças sobre a atuação do departamento de futebol corintiano.
— Em relação ao Luan, é algo que nos preocupa bastante também. Foi eleito melhor atleta das Américas, sabemos do potencial que ele tem, mas também não sabemos o que está acontecendo. Ele foi convocado para alguns jogos e, na véspera ou no dia, se colocou fora porque estava sentindo incômodos e dores. É uma situação delicada, temos contrato com o atleta, não é tão simples fazer a rescisão — comentou o dirigente, que completou:
— O que estamos tentando fazer é, nessa próxima janela agora, conversar. Temos clubes interessados. Podemos conversar com o Luan e ver a necessidade dele, se ele não consegue jogar, tentar jogar em outro lugar. É uma situação que nos incomoda bastante. Isso nos atrapalha no dia a dia. Queremos uma solução, e a mais perto é a da próxima janela.
Luan não entra em campo desde o dia 19 de fevereiro, quando o Corinthians empatou por 1 a 1 com o Botafogo de Ribeirão Preto, no Campeonato Paulista, ainda sob o comando do interino Fernando Lázaro. Depois que Vítor Pereira chegou, nunca mais foi a campo.
A última vez em que foi relacionado foi no dia 20 de abril, na partida contra a Portuguesa-RJ, pela Copa do Brasil.
PROTESTOS DAS ORGANIZADAS
O meia de 28 anos foi citado nesta sexta em notas de protesto publicadas pelas principais torcidas organizadas do Corinthians. A Camisa 12 citou o caso de Jô, que rescindiu contrato com o clube depois de ser flagrado em um pagode e faltar ao treino, para criticar Luan.
"Pedimos que o Luan tenha a mesma hombridade que o Jô, rescinda seu contrato e pare de ser sanguessuga. O Sport Club Corinthians não é spa, muito menos casa de recuperação para atletas que não têm compromisso", diz um trecho da nota assinada pela torcida, que também protestou contra o preço dos ingressos e a realização de treinos abertos antes dos próximos compromissos pela Copa do Brasil e pela Libertadores.
A Gaviões da Fiel, por sua vez, criticou a forma como a diretoria tratou o caso do atleta, em comunicado que teve Roberto de Andrade e Alessandro como principais alvos. O texto acusa os dirigentes de falta de transparência e critica a postura deles na resolução de conflitos.
"A postura e a conduta dos jogadores é evidência da total falta de controle e rigidez da diretoria de futebol, que ainda assim não viu motivos para dar qualquer explicação. Assim como os atritos públicos entre jogadores — Róger Guedes e Luan e o técnico, não ocorreu vir a público dar qualquer tipo de satisfação ou até administrar os conflitos", diz a nota.
Roberto de Andrade deu uma resposta aos torcedores, sem se aprofundar no assunto:
— O fato de não virmos a público falar não significa que não estamos fazendo nada. Quem pode fazer essa avaliação é o presidente. Eu entendo que estou ajudando o clube. Se eu mesmo não entendesse isso, iria embora, sem problema nenhum. Não tenho problema de vaidade, de cargo, de coisa nenhuma.
ROGER GUEDES E JOGADORES AMEAÇADOS
Outro assunto abordado por ele foi a insatisfação de Róger Guedes, outro nome citado nas notas das organizadas, pela falta de oportunidades na sua posição preferida. Andrade reforçou o que o treinador Vítor Pereira já havia afirmado em outras ocasiões e garantiu que a postura do atacante não é tratada internamente como um problema.
— Insatisfação por não jogar é uma coisa normal do ser humano, o jogador entende que tem que jogar. Mas quem escala é o treinador, e ele escala quem acha que está melhor. Eu quero deixar bem claro aqui. O Róger não traz um problema no nosso dia a dia, ele é uma excelente pessoa, chega no horário, antes, vai embora depois — comentou.
Também vieram à tona as recentes ameaças sofridas por jogadores corintianos nas redes sociais. A situação abalou nomes importantes do elenco, como Willian e Cássio, mas, segundo Andrade, nenhum deles chegou a procurar a diretoria para deixar o Corinthians.
— Ninguém fica confortável com esse tipo de atitude. O Cássio ficou, o Willian ficou, outros jogadores que receberam ameaças também ficaram insatisfeitos, mas não vão deixar o clube. O momento do Corinthians, do país, do futebol... São coisas que acontecem. Vocês viram os rapazes que foram levados à delegacia, pediram desculpas. Mas ninguém manifestou vontade de sair do clube, de forma alguma — garantiu o dirigente.